domingo, 23 de outubro de 2011

O Corsário Apaixonado - Capítulo XIV (1ª parte)


- Ana, tome isso aqui. Vai lhe fazer bem...  – aconselhou Tina ao entrar no quarto e encontrar sua amiga ainda em estado deplorável, recostada na cabeceira da cama, sendo confortada por Crow. – É um chá de camomila.
- Tina, por favor... Cuide dela.
- Aonde vai? – perguntou Ana ansiosa.
- Vou tomar algumas providências para nossa partida para a Inglaterra o mais depressa possível.
- O quê? Vocês mal acabaram de chegar e já querem partir? – surpreendeu-se Tina.
- Ana estará mais protegida das garras daqueles dois se for para a casa do tio que mora na Inglaterra. Não imaginava ter que partir tão cedo, mas as circunstâncias não me deixam escolha.
- Mas o Highlander ainda não está pronto... – argumentou Ana.
- Essa é uma das providências que tenho que tomar.
- Nós podemos protegê-la aqui, Crow. – disse Tina.
- Talvez, mas não sei por quanto tempo. Quem me garante que esse Cristóbal não tem uma esquadra pronta para nos atacar e fazer de Ana sua prisioneira. Castilhos não está trabalhando para ele por um punhado de moedas de ouro.
- Se ele continua a ser o jogador de antes, não deve ter uma fortuna tão grande assim. E quem garante que vamos encontrar meu tio Boyle e que ele nos dará abrigo? Além disso, você pode ser preso ao voltar à Inglaterra.
- Nós já tínhamos conversado a esse respeito, Ana.
- Não, eu disse que voltaríamos a conversar depois.
- Mesmo que não o encontremos ou que ele não queira saber de você, em terras inglesas você estará protegida, pois nenhum navio espanhol civil se atreverá a invadir águas inimigas. Quanto a mim, darei um jeito. – insistiu.
Enquanto ela pensava em contra-argumentar, ele lhe deu um beijo rápido e despediu-se, dando ordens expressas para que Tina não a perdesse de vista.
- Nigel... – Chamou seu nome recebendo apenas um olhar carinhoso, mas decidido, antes de desaparecer pela porta do quarto.
- Acho que ele tem razão, Ana. – consolou-a Tina, assim que Crow fechou a porta. – O Highlander é veloz, e conta com oito canhões e uma tripulação de mais de vinte piratas acostumados a lutar para defendê-la. Logo você estará em segurança na Inglaterra.
- Eu gostaria tanto de ficar aqui em Eleuthera e esquecer todo esse passado...
- Nada impede que vocês voltem para cá depois que passar o perigo. É só uma questão de tempo até esse duque ver que você não é um risco para o poder e a riqueza que ele tanto preza. Se é que é apenas isso que ele deseja...
- Não entendi...
- Nada. Bobagem minha. Melhor tomar o chá que eu trouxe e que está ficando frio. Acho intragável chá de camomila frio... argh!
A careta feita por Tina foi tão engraçada que Ana não resistiu e acabou por rir, esquecendo da insinuação feita. Em seu íntimo, Tina lembrava o olhar do tal Cristóbal quando ele colocou os olhos sobre Ana. Não era exatamente o olhar de um tio ou de alguém que desejava simplesmente desfazer-se dela. Ela conhecia muito bem aquele olhar de cobiça de um homem por uma mulher. Entretanto, achou melhor não colocar mais uma preocupação na pobre cabeça torturada de sua amiga.

Enquanto isso, Castilhos e Cristóbal voltavam para o El Tiburón, acompanhados pelo seu imediato. O segundo parecia desesperado e não parava de falar na semelhança que Ana tinha com Eleanor, sua cunhada. Castilhos ainda estava impressionado com a beleza da nativa que encontrara na casa e que apresentava uma altivez e atitudes que não eram próprias de  uma simples empregada. Notara o interesse do imediato de Crow por ela.
- Nós precisamos trazê-la para cá e partir o quanto antes para a Andaluzia. – acabou por dizer o duque, interrompendo os devaneios de Castilhos com a encantadora morena.
- Calma, hombre! Ela estará muito bem vigiada agora que sabem que você está aqui. Eu falei que seria melhor permanecer incógnito, mas você insistiu em ver pessoalmente a mulher para ter certeza que era ela a quem procurava. Não será fácil passar por Crow, principalmente depois que percebi que o interesse dele não é só a herança de sua hóspede.
- Como assim? – perguntou o nobre espanhol subitamente curioso.
- Esqueça. Nem parece que você é espanhol e tem sangue quente correndo em suas veias. – disse balançando a cabeça, desanimado pela falta de atenção do outro. A não ser que ele estivesse muito enganado, poderia jurar que entre Crow e a jovem sobrinha de Villardompardo havia muito mais que uma amizade. A forma como ela o procurou para defender-se e o modo como Crow os expulsou de sua casa...
- Fale o que está pensando, bastardo! – Gritou Cristóbal exasperado com a insinuação do mercenário.
- Não devia falar assim comigo, meu caro duque. Não esqueça que estamos fora de seu território e a mercê de meus serviços. Se eu resolver jogá-lo aos tubarões na viagem de volta, não hesitarei um minuto.
- Não se atreva a me ameaçar. – Cristóbal apresentava um ligeiro tremor nos lábios ao enfrentar Castilhos. – Eu paguei apenas a metade do que combinamos. A outra parte está a sua espera quando me devolver são e salvo juntamente com minha sobrinha, em minha propriedade.
- O que pretende fazer com a jovem Dona Ana?
- Por que está interessado nisso agora? – perguntou melindrado, para logo em seguida satisfazê-lo perante o olhar desafiador recebido – Levá-la de volta ao seu lar, como eu lhe havia dito.
Castilhos devolveu um sorriso malicioso.
- Diante de tanta benevolência de um tio tão saudoso e afetivo, vou ter que planejar como sequestrar sua amada sobrinha dos braços do Capitão Crow. Por enquanto, vamos ter que levantar âncora e sumir da vista dessa aldeia.
- Não vou a lugar algum sem Eleanor... Isto é, Ana...
- Se quiser tê-la em seus braços, vai ter que aceitar minhas ordens e aguardar o tempo necessário. – objetivou Castilhos com rispidez e com a paciência esgotada com o idiota a sua frente.

Depois de mandar recados para Bald, Peter e Sam por intermédio de Abe, pediu que o mesmo verificasse se o El Tiburón ainda estava ancorado na praia próxima à vila. Enquanto aguardava o retorno do menino, convidou Brett para caminhar em torno da propriedade.
- Precisamos conversar a respeito do futuro, Brett.
- Acho que não terá problema em convencer os homens a seguirem viagem até a Inglaterra. A maioria não costuma aguentar muito tempo em terra firme.
- Não é sobre esse futuro a que me refiro. É sobre quem vai me substituir no comando do Highlander quando eu retornar à Inglaterra.
- Como assim? Você pretende abandonar tudo? Por causa da Ana? – Não conseguia imaginar tal situação. – Nunca pensei que alguém pudesse te domar dessa maneira, meu amigo. – sorriu incrédulo.
- Não é uma questão de me domar, Brett – retrucou um pouco irritado. – É que pretendo ter uma vida em comum com a Ana e não me passa pela cabeça deixá-la sozinha enquanto navego por aí a pilhar ou, como ela chegou a sugerir, levá-la comigo no Highlander, arriscando sua vida. Ela tem sangue nobre, Brett. Não foi feita para essa vida.
- Você também tem... Ou estava mentindo quando me contou que sua mãe era uma baronesa?
- É diferente! Ela é mulher. Além disso, eu já devo ter sido deserdado por meu pai ou considerado como morto por ele. Serei um nobre falido a procura de emprego ou jogado em alguma masmorra, o que acho mais provável.
- Pois eu acho que a Ana tem muita fibra. Ela sobreviveu pelo mesmo período que você em meio hostil, como uma ladra, e virou-se muito bem.
- Não é esse o ponto que quero discutir com você agora.
- Eu sei o que quer discutir e não estou gostando. O que vai acontecer com o Highlander  e, principalmente, quem vai manter a Aldeia do Falcão.
- Chegamos exatamente ao ponto. Valentina e você.
- O quê?! Está louco!
- Brett, não existe ninguém mais capaz que você para comandar aquele navio. Isso ficou provado em nossa viagem de volta. Você praticamente guiou sozinho o Highlander até aqui. Os homens o respeitam e certamente vão aceitar muito bem a mudança. Quanto à Aldeia do Falcão, Valentina tem sido uma excelente administradora na nossa ausência. Se você deixasse de ser turrão, poderiam unir-se e dar continuidade ao paraíso inventado por Hawk. E não me venha de novo com aquela história de não querer compromissos. Nunca entendi porque a sua resistência em aceitar que a ama. Mas esse não é motivo para discutir agora. – desviou do assunto ao perceber na expressão de Brett que ele não gostara de sua observação. – Outra coisa que gostaria de discutir com você é sobre um acordo com a Rainha Elizabeth.
Conversaram por mais um bom tempo antes que ouvissem o barulho dos cavalos que puxavam a charrete trazendo Abe de volta de sua missão.

Já era o final da tarde, quando Crow  e Brett reuniram-se com Bald, Peter, Sam, e mais alguns outros membros da tripulação fixa do Highlander a fim de expor seus planos e saber quem estaria disposto a segui-lo na viagem. A princípio os homens não reagiram bem e quiseram mais detalhes dos motivos e que lucros obteriam nessa empreitada. Usando a honestidade que sempre permeara seu tratamento com a tripulação, Crow iniciou sua explicação, de uma forma que protegesse os interesses de Ana e que não estivesse totalmente  longe da realidade.
- Tenho pensado muito em nossa situação atual em meio a essa guerra que está ocorrendo entre Inglaterra e Espanha. Sei que a Rainha está à procura de corsários para ajudá-la nesse conflito onde a Espanha parece estar levando maior vantagem. Dessa maneira pensei que trabalhar para Elizabeth seria uma maneira de nos engajarmos numa causa, porém mantendo nossos interesses econômicos. – disse com ironia as duas últimas palavras – Pelo menos teríamos uma nação a menos em nosso encalço.  O que acham?
- Mas por que isso agora? Você nunca quis se aliar à Elizabeth... Por que esse interesse agora? – questionou Bald.
- Nosso mundo está mudando. Vejo que grande parte dos navegadores estão tomando partido de uma ou de outra das nações em guerra. Eu sou inglês, apesar de já ter querido muito esquecer esse fato até pouco tempo atrás, e por isso meu lado já está escolhido. Acho que teremos que nos adaptar aos novos tempos. Pensem que essa seria uma forma de pilhar com o respaldo da rainha. –  Com tal proposição, arrancou gargalhadas de sua diminuta platéia. Aguardou alguns instantes e continuou – Fora isso, uma aposentadoria com a benção de uma rainha é preferível a continuar com a cabeça a prêmio... O que preciso saber é se estão dispostos a encarar essa mudança e partir tão logo o Highlander esteja pronto.
- Por mim, Capitão, estou com o senhor. – decidiu-se Peter depois de uma breve reflexão. – Não consigo me acostumar a ficar em terra firme. Começo a enjoar. Sinto falta do movimento das ondas, da perspectiva de uma boa luta e de uma rica pilhagem. Faz um bom tempo que não visito as meninas dos portos ingleses. Elas devem estar com saudades...
Os outros caíram na gargalhada novamente. Bald parecia pensativo, mas logo tomou a palavra mais uma vez.
- Estou velho e a tempo demais em alto mar para preferir morrer deitado numa cama. Sigo com o Highlander que sempre foi a minha casa. Acredito que a maior parte da tripulação pensa como eu.
Os demais balançaram as cabeças, murmurando algumas palavras de concordância.
- Capitão... Acho que essa saída parece muito precipitada. – retorquiu Sam. – O navio ainda precisa de reparos. Chegamos ontem. Não deu nem prá tirar a maresia do corpo...
- Sam, você é livre para escolher. Partirão comigo apenas aqueles que estiverem certos de sua escolha.
O pirata fez um muxoxo e encolheu-se em seu canto, como a matutar uma ideia.
Apesar de Sam, Crow ficou satisfeito com a receptividade de seus companheiros. Contudo, decidiu não falar na sua provável substituição por Brett no comando. Essa mudança poderia ser feita mais próxima da conclusão de seu objetivo maior, que era o de deixar Ana em segurança em terras inglesas.


(continua... )

Boa noite, meus amigos! Mais uma vez já passa das 3 horas da manhã e só agora consegui postar a primeira parte desse capítulo. Infelizmente, meus afazeres andam me deixando pouco tempo para conseguir a inspiração necessária para digitar o que tenho em mente de forma legível e que me agrade. Postei hoje para que não passe mais que 7 dias da última postagem, como aconteceu na última vez. Assim, por favor, perdoem algum erro de digitação ou continuidade da história. Peço que me apontem o que precisar ser consertado, nos comentários, para corrigí-lo.
Antes de me despedir, não posso deixar de falar da minha felicidade experimentada no dia de hoje(ontem...)ao ler a resenha do meu livro Um Amor no Deserto, feita pela Adriana Vargas, uma escritora de grande talento e realizadora do excelente projeto Clube de Novos Autores. A resenha foi extremamente bem feita e ficou tão maravilhosa que até eu fiquei com vontade de reler meu próprio livro. Duvidam? Pois leiam com seus próprios olhos. Nem preciso dizer que meu ego foi massageado ao extremo e fui às nuvens e voltei. Muito obrigada, Adriana, mais uma vez.
Beijos a todos vocês que vieram até aqui essa semana, leram e/ou comentaram o meu capítulo. Vocês são os responsáveis por eu estar aqui, continuando a escrever, não permitindo que essa minha vida corrida embace os meus sonhos ou a minha imaginação. 
Obrigado, meus anjos!
Até a próxima postagem...

domingo, 16 de outubro de 2011

O Corsário Apaixonado - Capítulo XIII



- Homens! –  exclamou Ana injuriada. – Ele me afastou daquela sala de propósito e usou você para isso!
- Eu sei... – disse Tina aceitando o protesto e reconhecendo a ação de Crow.
- O Brett contou que esse homem pode estar atrás de mim? – perguntou um pouco mais calma.
- Ele me contou algo sobre a sua prisão e a fuga de La Rochelle. Castilhos estaria interessado em capturá-la por uma recompensa. É isso?
- Mais ou menos isso – admitiu e voltou o olhar para o chão, pensativa.
- Eu não acredito que aquele rato de navio esteja aqui por esse motivo... – continuou Tina agora em tom de indignação. – Mas não se preocupe. O Crow e o Brett vão saber lidar com ele. – consolou-a antes de abrir um sorriso maroto e arrastar Ana para sentar-se ao seu lado na beirada da cama – Agora, eu quero saber o que aconteceu no seu passeio e que história é essa de casamento?
Ana não teve como manter a expressão sombria do rosto. Acabou por sorrir, lembrando da tarde maravilhosa que passara ao lado de Crow.
- Ah... O passeio foi muito bom e ele me pediu em casamento. – contou resumidamente, aguardando a represália que viria a seguir.
Tina ficou com o olhar expectante paralisado sobre a face de Ana, ansiosa pela continuação e pelos detalhes que deveriam acompanhar o relato. Quando viu que a amiga dera por encerrada sua narrativa, explodiu da forma como Ana já esperava.
- Como assim? Acabou? Eu quero saber os detalhes... Tudo. Por favor... – implorou.
Percebendo que Tina não desistiria enquanto não contasse como Crow chegara ao pedido de casamento, resolveu contar sua história desde o início. Apesar de conhecê-la há poucas horas, sentia que Tina era uma pessoa confiável.
A jovem pasmada ouviu o relato dos fatos que levaram Ana e Crow a se conhecerem anos antes, o seu conturbado reencontro em La Rochelle e a viagem à Eleuthera. Afinal, o tão esperado resumo da tarde e do pedido de casamento, sem maiores detalhes, tornou-se o menos interessante da narrativa.
- Agora você entende o porquê da minha preocupação com a presença de Castilhos aqui em Eleuthera?
- Sim... Claro. – respondeu Tina ainda perturbada com a história que acabara de ouvir. – Nossa! Diante disso tudo, as minhas dificuldades com o Brett não são nada.
- Pois então... Agora quero que me conte o que aconteceu aqui na nossa ausência.
- Nada. – disse entristecida.
- Você não falou a ele sobre os seus sentimentos?
- Ah, Ana... Eu tentei, mas ele parece que não quer saber mesmo de mim...
Compadecida pela nova amiga, que parecia tão vivaz e dona de si mesma, mas que naquele momento parecia a mais frágil das criaturas, amargurada por ter sido, provavelmente, rejeitada pelo homem que amava, Ana insistiu.
- Tina... O que aconteceu? O que o Brett fez para deixá-la assim?
- Nem sei se vale à pena tocar nesse assunto... – seus olhos brilhavam com as lágrimas represadas. – Não tenho o direito de entristecê-la com as minhas mazelas...
- Sabe, Tina... Eu nunca tive uma amiga com quem partilhar meus problemas. Com minha mãe eu sempre podia contar, mas ela morreu quando eu ainda era uma criança. Fui forçosamente adotada por um homem que, apesar de nunca ter levantado a mão para mim, nunca foi o que se poderia chamar de paternal. As únicas mulheres com quem eu tinha contato eram algumas vendedoras no mercado onde eu buscava a minha sobrevivência roubando ou as prostitutas que me conheceram criança e que às vezes me chamavam para conversar bobagens ou para dividir um pedaço de bolo. Nunca pude sentir o que era uma verdadeira amizade com elas.  Sendo assim, se você quiser ser minha amiga, pode começar a contar suas mazelas. Já contei as minhas ...
Sorrindo timidamente, Tina secou uma das lágrimas que escapara de seus olhos com o dorso da mão. Deu um suspiro e pegou as mãos de Ana, envolvendo-as entre as suas com um aperto suave.
- O Crow é um felizardo por ter te encontrado, Ana.
- E o Brett é um idiota se ainda não se deu conta de quem ele está desdenhando.
- Ele não quer compromisso, Ana... Foi bem claro nisso. Diz que gosta de mim, mas acha que não conseguiria levar uma vida a dois. Ele quer liberdade para navegar sem amarras. Palavras dele mesmo.
- Conte-me exatamente como foi essa conversa de vocês, desde o início...


A hora do jantar chegou e as crianças foram convidadas a participar também. Tina conseguiu acalmá-los até que a refeição fosse dada por encerrada.  Didier, que acordara e ainda não estava com seu melhor humor, não apreciou muito a companhia, mas ficou mais que satisfeito ao provar do cardápio especial que a cozinheira havia preparado para a primeira noite na Aldeia do Falcão. Tão logo terminaram de comer, os meninos passaram a utilizar artilharia pesada em termos de perguntas. Todos queriam saber a respeito da jovem ruiva que chegara com o Capitão Crow. Algumas eram respondidas por Crow e outras por Ana. Até Didier se viu envolvido e obrigado a responder as poucas perguntas que lhe dedicaram.  Depois de quase uma hora de interrogatório interminável, Tina baixou a ordem de recolher. Em meio a um muxoxo geral, Abe e os outros cinco despediram-se dos convivas, beijando na face o alvo de suas atenções. Ana não deixou de notar o olhar atento e afetuoso que Brett, sem perceber, dedicava à Tina, em meio a sua movimentação para levar a molecada para a cama. Deveria haver alguma maneira de ajudá-los. Gostaria que os dois pudessem resolver sua situação e ficarem juntos como Nigel e ela. Pensou assim enquanto admirava a atenção que ele dispensava a cada uma das crianças, oferecendo uma palavra de carinho a cada um deles ao desejar boa noite. Ele ainda não lhe contara nada a respeito de sua família. Ainda era um mistério para ela como ele fora parar na Marinha inglesa tão jovem.
Apesar de ter sido convidado a passar a noite na casa principal, Brett preferiu agradecer  o convite, dizendo que gostaria de descansar em seu próprio alojamento. Saiu junto com Didier com a pretensa desculpa de aproveitar o ar noturno antes que a chuva despencasse sobre eles. O quarto que Tina havia preparado para Ana a pedido de Crow antes de saírem para o passeio da tarde, acabou por ter um novo ocupante. O próprio anfitrião achou melhor acompanhar sua hóspede durante a noite, deixando bem claro que era para guardá-la de qualquer imprevisto, referindo-se a Castilhos. Tina não comentou e Ana apenas sorriu maliciosamente.
- Não sei o porquê de tanta explicações sobre o motivo de dormir aqui comigo – argumentou Ana logo após ele fechar a porta do quarto e ficarem a sós, enquanto lá fora o céu começava a despencar.
- Apenas não quero que pensem mal de minha noiva... – respondeu aproximando-se dela com o mesmo brilho nos olhos que ela vira à tarde.
- Depois de toda a tripulação do Highlander ter pensado mal de mim durante toda a viagem para cá, certamente não será a Tina, o Brett ou Didier que ficarão surpresos de ficarmos no mesmo quarto.
- A minha finalidade é apenas protegê-la esta noite...
Um raio cortou os céus e o seu estrondear assustou Ana, que estremeceu e jogou-se contra Crow como a buscar um refúgio.
- Tem medo de trovões? – perguntou, deliciado por tê-la mais uma vez aninhada junto a si.
- Dias antes de o nosso bote ser lançado na praia de La Rochelle, minha mãe e eu enfrentamos uma chuva muito forte, com ondas altas e trovões como estes... Tive tanto medo de morrer ali, no meio do nada... – o estremecimento chegava a sua voz.
Crow enternecido aumentou a força de seu abraço e afagou a cabeleira vermelha quando ela deitou a cabeça sobre seu peito.
- Não tema... São apenas trovões, meu anjo.
Levantou-a no colo com facilidade e levou-a até a cama, onde a deitou e ficou a admirá-la sentado ao seu lado.
- Então faça com que eles me lembrem de coisas agradáveis... – sugeriu incitando-o com os olhos chamejantes, denunciando medo e cobiça.
O desejo sobrepujou os temores de Crow pela segurança de Ana. O açoite da chuva nas janelas, o bruxulear das luzes das velas e o convite nos doces olhos castanhos não lhe deixaram escolha. Porém, desta vez não seria um ato impulsivo como fora na primeira vez. Na cama a tomaria com cuidado e calmamente. Levantou e despiu-se lentamente, sentindo a pele arder sob o olhar excitado de Ana. Voltou para o leito e passou a libertá-la da camisola de algodão, que escondia o corpo tenso, os pelos eriçados e os mamilos túrgidos. Logo não foi mais possível esconder sua própria excitação.
- Posso tocá-lo? – perguntou Ana ainda tímida.
- Faça o que quiser... – respondeu com a voz baixa e enrouquecida.
- Então... Deite-se aqui ao meu lado – ela exigiu carinhosamente.
Obediente, atendeu ao pedido sem pestanejar e gemeu quando as mãos trêmulas passaram a acariciar-lhe a pele dos ombros, descendo pelos braços, delineando cada músculo tensionado pelo estímulo que recebia. Logo a atenção dos longos dedos voltou-se para o tórax largo, demorando-se sobre os mamilos endurecidos, descendo através da barriga rija e plana, contornando o umbigo raso, em torno do qual pelos negros surgiam e declinavam até o púbis. Crow arqueava-se discretamente diante das carícias exploradoras de Ana e quase delirou quando ela o tocou em sua masculinidade ereta.  Com medo de não conseguir mais controlar-se, segurou a mão que o tocava, e num movimento rápido inverteu sua posição em relação a ela. Prendeu seu olhar por alguns instantes, perguntando-se como vivera até agora sem aquela mulher...
- Não pare... Venha... – disse ela num sussurro, exultando com a posse de seu corpo e de sua alma.
O desejo de prolongar ainda mais o prazer de ambos o levou a delinear com a boca e a língua  as delicadas curvas de seus seios, a cintura delgada e a suave elevação de seu ventre, chegando finalmente à umidade recôndita entre suas pernas, que agora se abriam para recebê-lo.
-Nigel... Ahhh... – clamava seu nome languidamente, sentindo que uma onda de êxtase logo a alcançaria.
Percebendo-a pronta e a sua espera, seus anseios o levaram a colocar-se por inteiro sobre ela e penetrá-la, agora sim, com força e arrebatamento, levando-os a se perderem num mar de sensações e delírios, onde esqueceram o mundo a sua volta e se encontraram liquefeitos e unidos como se fossem apenas um.

Os raios matutinos atravessaram as finas tramas do tecido de algodão branco das cortinas do quarto, inundando de luz o ambiente. Ana, ainda de olhos fechados, procurou por Crow, mas não o encontrou no leito. Apreensiva, levantou-se rapidamente, lavou-se e vestiu um dos vestidos que Tina deixara providencialmente no guarda roupa do quarto. Quando  abriu a porta para iniciar sua busca por Crow, quase esbarrou nele.
- Bom dia! Onde vai com tanta pressa? – perguntou alegremente.
- Levei um susto quando acordei e não o vi no quarto. – respondeu abraçando-o.
- Fui preparar a charrete para irmos até a vila.
- Ir até a vila? O que houve?
- Nada. É que eu preciso ver como estão os consertos do Highlander.
- Quer que eu vá junto? – disse animada.
- Você vai junto. Não quero perdê-la de vista um só minuto, enquanto não souber notícias do Castilhos.
- Será que posso comer alguma coisa antes de irmos? Estou morrendo de fome... – afirmou com expressão marota.
- Eu também. – aquiesceu com expressão semelhante e depositou um rápido beijo em seus lábios. – A Cora preparou um belo café da manhã para nós lá na cozinha. – referindo-se a senhora que os servira no dia anterior e que aparentemente ajudava Tina nas lides da casa.
Logo Tina uniu-se a eles. Preparava-se para começar o dia com as crianças. Após o café os levaria a uma escola que havia não muito longe dali. Uma espécie de igreja construída por um pastor que se estabelecera em Eleuthera com a finalidade de aumentar seu rebanho. Era um bom homem e, apesar de não apreciar muito os meios de vida de seu senhorio, reconhecia o seu bom trabalho com os órfãos.
Após despedirem-se de Tina, Crow e Ana tomaram caminho para a vila. Ao chegarem foram direto para o Highlander, onde encontraram Brett a postos, trabalhando junto aos homens da tripulação nos reparos do navio. Crow juntou-se a eles e Ana, para não ficar parada, ofereceu-se para trabalhar ao lado dos marujos que remendavam as velas, uma ajuda que foi muito bem vinda.
Satisfeito com a rapidez com que o reparo dos mastros e velas se desenvolvia, Crow planejava a próxima viagem e seu destino. Sabia que os homens esperavam ficar um pouco mais de tempo em Eleuthera, mas confiava no espírito aventureiro da maioria. Não forçaria ninguém a acompanhá-lo, mas tinha certeza que não  ficaria desapontado com o resultado de seu pedido. Aguardaria o final dos trabalhos de conserto no Highlander para lançar a data da próxima partida.
Enquanto isso, já no final da manhã, Tina voltava com as crianças da escola do pastor, quando Cora a abordou com cara assustada.
- Tina, três homens muito estranhos acabaram de chegar. O mais alto deles, falando com sotaque espanhol, perguntou pelo capitão Crow.
- Você os deixou lá, sozinhos?
- Não... O tal Didier, pai de dona Ana ficou lá com eles.
- Ah, não! – exclamou e saiu afobada em direção a casa – Cuide das crianças para mim, Cora.
-Pode deixar, Tina. Venham comigo, meninos.
Tina, antes de ir à sala, passou na cozinha, onde pegou uma pequena faca para o caso de precisar defender-se e escondeu-a no decote de sua blusa. Ao atravessar a porta para a sala, deparou-se com um estranho grupo. Didier estava sentado, com ares de proprietário da casa, encarando calado o trio de visitantes. Entre eles estava um tipo baixo e atarracado, usando um barrete vermelho e preto, e vestindo uma roupa refinada, mas que deveria ter pertencido a um sujeito duas vezes menor que ele. Não fosse a seriedade da situação, ela teria caído na gargalhada. O segundo homem, de porte altivo, vestia roupas que demonstravam riqueza e certamente tinham sido feitas sob medida para ele. O rosto de traços nobres confirmava que havia nascido em rico berço, o que o fazia parecer deslocado entre seus dois companheiros. O terceiro, não necessitava de apresentações. Mesmo sem nunca tê-lo visto pessoalmente, Tina logo o identificou como o famoso Castilhos. O ar arrogante e o olhar malicioso logo a alcançaram.
- Buenos dias, señorita... – cumprimentou como uma cobra pronta para o bote, avaliando-a de cima a baixo com aprovação.
- Bom dia. – respondeu secamente. – O que desejam os senhores?
- Gostaríamos de falar com o Capitão Crow, señorita. Ele está?
- Não, ele não está. Qual é o assunto? Posso saber?
Castilhos começou a aproximar-se e a rodeá-la, sem tirar os olhos de seu corpo, numa atitude que deveria constrangê-la, mas que apenas a deixou irritada.
- Posso saber seu nome, minha bela morena?
- Só se me disser o que querem com o Capitão Crow.
- Nosso assunto é com ele e com sua hóspede – respondeu atrevendo-se a pegar um cacho dos cabelos de Tina entre os dedos.
- Se me tocar de novo com esses dedos sujos, corto a sua garganta.
- Ora, me perdoe, señorita, mas não resisti em tocá-la e ter certeza de que é real. Eres muy hermosa... – sussurrou junto ao seu ouvido.
Antes que Tina tirasse a faca de seu decote e o cortasse, a voz de Brett se fez ouvir.
- Afaste-se dela, seu cão sarnento! – Seu sangue ferveu ao ver o pirata espanhol tão provocante e próximo à Valentina.
- Eu não preciso de proteção! – reagiu Tina prontamente já com a mão sobre o peito.
- Ora, se não é o garoto de recados de Crow... Brat, não? – com a intenção de troçar de Brett, chamando-o pejorativamente de fedelho em inglês.
Logo atrás de Brett, entraram Crow e Ana, a tempo de evitar que o primeiro saltasse sobre o castelhano.
- Não dê ouvidos a ele, Brett. Calma! – disse Crow em tom baixo, segurando-o no braço.
No momento em que Ana apareceu o homem vestido como um nobre espanhol empalideceu como se tivesse visto um fantasma e chegou a perder o equilíbrio, sendo obrigado a segurar-se no ombro do imediato de Castilhos.
- Eleanor! – Deixou escapar num fio de voz.
Só então ele chamou a atenção de Ana, que deu um passo atrás e colocou-se sob a proteção de Crow.
- É ele... – acabou por dizer aterrorizada, segurando firmemente o braço de Crow.
Castilhos ficou sério momentaneamente e lançou um olhar para Villardompardo e depois para Ana. Sorriu e continuou a falar.
- Seu nome é Eleanor?
- Não pode ser... A semelhança é assustadora... Mas ela é muito jovem para ser a minha Eleanor.
- Sua Eleanor? Como ousa falar assim de minha mãe?! – saltou Ana indignada pela forma com que o tio referiu-se a sua mãe, sendo segura por Crow.
- Ana, você é a pequena Ana... Minha amada sobrinha...
Ela o olhava num misto de terror e ódio pela falsidade contida em suas palavras.
- Brett, leve-a para o quarto enquanto eu converso com esses senhores.
- Não! Agora eu quero ouvir que outras mentiras ele vai contar. – contrariou-o exasperada, apontando para o tio.
- Não acho que seja uma boa ideia  - tentou convencê-la inutilmente.
- Bem, temos aqui um encontro familiar muito esperado – intrometeu-se Castilhos de forma sarcástica. – Gostaria de ser breve e explicar o motivo de nossa visita, já que o meu caro Duque de Villardompardo parece muito emocionado com a descoberta de sua sobrinha perdida.
- Vamos acabar com essa palhaçada de uma vez por todas, Castilhos. Que o Duque fale o que deseja e volte o quanto antes para sua terra natal.
- Isto não é uma palhaçada, señor. – intercedeu Cristóbal. – Por um equívoco do passado, perdi meu único irmão, minha cunhada e minha sobrinha. Minhas esperanças de reencontrá-los avivaram-se quando um amigo me contou como encontrara uma mulher muito parecida com Eleanor na cidade de La Rochelle. Desde então tenho tentado encontrá-la por todos os meios.
- Para acabar com qualquer resquício da existência de seu irmão... – vociferou Ana. Era difícil de conter-se diante de tamanha hipocrisia.
- Seus pais estão vivos? – perguntou com ar inocente.
- Talvez estivessem vivos se não tivessem fugido de suas tentativas de assassinar meu pai.

- Você era apenas uma criança quando meu irmão e eu nos desentendemos. Não podia entender o que realmente se passava. Eu quero levá-la de volta à nossa terra e devolver-lhe o que lhe é de direito.
- Ele está mentindo! Vá embora daqui! Não quero nada que venha dos Villardompardo!
- Não fale assim comigo, chica maleducada! Os anos passados longe do sangue de seu sangue a deixaram um pouco confusa, niña... – disse em tom irritado, quase mostrando sua verdadeira índole.
- Crow, não acredite nele! Ele quer me levar para me matar!
Sem dizer palavra alguma, ele a abraçou protetoramente.
Villardompardo começou a gargalhar.
- Vejo que realmente estás muito confusa. Deixe-me mostrar que estás enganada. Venha comigo para a Espanha e terás a corte aos seus pés.
- Vocês já ouviram a resposta de Dona Ana, portanto essa visita acaba aqui. A saída é por ali, senhores. – disse Crow indicando a porta da rua.
- É uma pena, meu amigo. – Castilhos voltou a falar – Saiba que com essa recusa perdes uma excelente recompensa por colaborar com a volta de uma duquesa perdida ao seio de sua família.
- Como eu disse, a resposta já foi dada e ela é não! Sumam de minha casa!
- O senhor vai se arrepender de tratar um Villardompardo dessa maneira! – ameaçou Cristóbal, lançando um último olhar irado para o casal a sua frente, antes de sair visivelmente transtornado da sala.
- Espero encontrá-la um dia em outras circunstâncias, minha cara... – disse Castilhos fazendo uma reverência na direção de Tina antes de sair acompanhando os outros dois. – Tenham um bom dia, senhores!
-Então você é mesmo da nobreza e rica... – surpreendeu Didier manifestando-se pela primeira vez.  Até então permanecera calado ouvindo a tudo atentamente. – Como pode renunciar a tudo o que ele lhe ofereceu? Você é estúpida ou louca?
- Cale-se, Didier! Você não sabe nada sobre o que aconteceu com a família dela. – ralhou Crow defendendo Ana, que começava a soluçar de encontro ao seu peito.
- Ah! E você que acabou de conhecê-la já sabe de tudo! Que injustiça, Marie! Por que nunca contou sobre esse tio? Ficou vivendo como uma ladra todos esses anos, deixando-me na miséria, quando poderia ter me dado algum conforto pelo fato de eu a ter salvado de um destino pior.
- Crow, leve-a daqui que eu vou tentar explicar para esse mentecapto o que está acontecendo.
- Você também já sabia sobre o parentesco dela com esse nobre? Só eu que não? Quanta ingratidão... – queixou-se colocando as mãos na cabeça, para demonstrar seu desespero.
Crow retirou-se com Ana da sala. Ela não precisava ouvir as baboseiras de Didier naquele momento. Era de esperar uma reação daquelas vindas do velho ladrão ao saber do passado de Ana. Ela tivera razão ao calar-se, mantendo o anonimato por tantos anos. Agora que Villardompardo se certificara pessoalmente que Ana era de fato sua sobrinha e anunciara claramente o seu interesse em levá-la dali, tinha certeza que ele tentaria concluir seu objetivo de alguma forma. Talvez sua decisão de partir para a Inglaterra devesse ser tomada mais cedo do que imaginara. Ana estava em risco enquanto continuasse em Eleuthera. Já na Inglaterra, sob a proteção de Boyle e, muito provavelmente da rainha, levando em conta a guerra contra a Espanha, Castilhos e Cristóbal não teriam chance alguma.  

(continua...)

Gente, finalmente consegui postar esse capítulo. Espero que tenham gostado. Se encontrarem algum erro ou falta de continuidade, por favor comentem. Não cheguei a falar aqui, mas numa de minhas releituras do texto encontrei um erro no nome do navio onde Nigel serviu a Drake. Ao invés de Enterprise, eu escrevi Golden Hind. Esse último foi o navio com o qual Francis Drake deu a volta ao mundo, feito que levou a rainha Elizabeth a condecorá-lo e a colocar o dito navio em exposição permanente. Portanto, na época em que Nigel serviu à Drake como imediato,o Golden Hind já estava aposentado. Assim como esse erro, é possível que tenham outros, já que nem sempre tenho tempo de ler todos os capítulos anteriores para dar a continuidade ideal. Portanto se surgir qualquer dúvida, falem. Estarão me ajudando a deixar o texto mais coerente.
Não posso deixar de agradecer aos meus comentaristas desta semana que foram a Nadja, a Aline, o Denir (Milena Liebe), o Everson Russo, o Júnior Menezes e o Luiz Fernando. Muito obrigada pela presença sempre carinhosa de vocês.  
Antes de me despedir, quero falar sobre a divulgação do meu último romance publicado. Saiu uma resenha do livro Um Amor no Deserto no blog Viaje na LeituraSe puderem, deem uma passadinha por lá.  
 Até a próxima postagem, meus queridos, e um maravilhoso domingo para todos!!