terça-feira, 27 de julho de 2010

Resgate de Amor (13)

No dia seguinte, levantaram-se no meio da manhã e, depois de arrumados, encontraram uma farta mesa de desjejum, servida na ampla sacada da cobertura de Roberto. Lá estava Dolores, a empregada que trabalhara por muitos anos para o seu pai e que acabara continuando seus serviços junto a ele, quando da mudança para aquele apartamento.
- Sílvia, esta é Dolores, o meu anjo da guarda. Pelo jeito ela resolveu nos surpreender hoje, dia de sua folga, e preparou o nosso café da manhã – falou de forma carinhosa, com uma pitada de represália – Se não fosse ela não poderia viver neste apartamento. É quem cuida de meu bem estar. Pelo menos, cuidava... – disse, lançando um olhar zombeteiro para Dolores e abraçando Sílvia com mais força.
- Muito prazer, Dolores. O meu nome é Sílvia.
- O prazer é meu, dona Sílvia. Fico muito feliz por vocês. Já era hora deste menino criar juízo e arranjar uma moça decente prá cuidar dele – disse com olhar aprovador para a escolha de Roberto.
- Dolores! O que a Sílvia vai pensar?
- É que ele trabalha demais, dona Sílvia. Eu fico preocupada.
- Tenho certeza de que a senhora sabe cuidar muito bem dele.
Dolores abriu o maior sorriso, demonstrando simpatizar ainda mais com Sílvia.
- Que tal darmos uma volta pela cidade e depois irmos almoçar? – Roberto mudou de assunto.
- Claro! Estou por você. Sou sua hóspede agora – respondeu, pendurando-se no pescoço dele e dando-lhe um beijo na face.
- Então, vamos! - disse, retribuindo o carinho.
O dia transcorreu da melhor maneira possível. Os medos de Sílvia tornavam-se cada vez mais distantes. Estava resolvida a continuar lutando para ficar ao lado de Roberto.

A manhã de segunda feira chegou devagarzinho e preguiçosa para Roberto e Sílvia. Não fosse por Dolores, que havia chegado cedo, como sempre, ele teria perdido o horário para ir ao trabalho. Naquele dia, teria uma reunião logo cedo. Levantaram-se imediatamente ao ouvirem a voz da senhora. Tomaram um banho rápido e arrumaram-se correndo.
- Tem certeza que não quer ficar e dormir mais um pouco. O compromisso de sair é meu – falou Roberto.
- Não, querido. Eu tenho de sair mesmo. Eu já havia lhe dito que ia ao hospital para ver a possibilidade de trabalhar aqui em São Paulo, lembra?
- Eu sei, mas... É, você tem razão. Melhor fazer isto logo, para estar disponível para o nosso almoço. Depois iremos visitar o meu escritório.
- Estou morrendo de curiosidade para conhecer o seu local de trabalho.
- Onde nos encontramos?
- Será que fica ruim você me encontrar no lá mesmo no escritório?
- Claro que não. Pelo que você me falou, não fica muito longe do hospital.
- Então está combinado. Encontro você no saguão do prédio, digamos... – pensou um pouco, olhando o relógio – Às 12:30 horas?
- Estarei lá.
Ambos terminaram seu desjejum e logo estavam prontos para sair. Despediram-se de Dolores, avisando que voltariam apenas no final da tarde.
- Eu deixo você no Hospital.
- Não.Você vai se atrasar para a reunião.
- É só um pequeno desvio do meu caminho. Vamos lá! Quem garante que não teremos de fazer isto sempre, daqui para frente?
- Seria um sonho, Roberto...
O fluxo de carros naquela hora já era intenso, mas conseguiram chegar ao hospital sem enfrentar engarrafamentos.
Despediram-se com um beijo rápido, pois ele tinha de correr para a reunião.
Sílvia dirigiu-se a recepcionista e apresentou-se, dizendo que gostaria de conversar com o Dr. Miguel Lorenzoni. Foi orientada a aguardá-lo em seu gabinete, que ficava no 4º andar.
Chegando lá, soube que ele estava fazendo um “round” com os residentes, mas que já voltaria.
- O Dr. Lorenzoni já havia me avisado de sua visita – disse a secretária, para surpresa de Sílvia. Provavelmente Dirceu o havia avisado.
Cerca de 60 minutos depois, o médico entrou na sala e foi apresentado à Sílvia pela secretária. Muito cortesmente a convidou para entrar.
- Então, Dra. Sílvia, pretende mudar-se para São Paulo? Tem certeza que quer abandonar a tranquilidade do interior para vir morar nesta loucura?
- Há muito tempo tenho pensado na escolha que fiz ao sair da residência. Agora surgiu uma oportunidade para vir para cá e pensei: “Porque não?”
- Bem, Sílvia... Posso chamá-la assim?
- Claro, Dr. Lorenzoni.
- Dirceu me contou do seu interesse em trabalhar conosco. Acho que teve sorte, pois acabamos de abrir uma vaga na Emergência do hospital. Soube que você tem experiência nesta área.
- Seria ótimo – confirmou Sílvia, sem querer demonstrar muito entusiasmo, mas já adorando a idéia de ter um trabalho na cidade, para poder ficar junto a Roberto.
- São 6 horas de trabalho diário, começando às 7 horas e terminando às 13 horas. Semana de seis dias, com folga no domingo. A cada sete dias, um plantão de 12 horas, noturno.
Apesar de Sílvia ficar assustada com os horários, deu um sorriso e falou:
- Quando eu começo?
- No primeiro dia útil do próximo mês. Ou seja, em 10 dias. Teremos um grande prazer em trabalhar com você.
- Dez dias... Ótimo! – disse, preocupada com o pouco tempo para todas as mudanças que teria de realizar pela frente.
- Se você quiser dar uma olhada no seu novo setor e apreciar o movimento, a sala de emergência fica no térreo. Qualquer dúvida ou dificuldade pode falar comigo ou com o Dr. Hector Hernandez, chefe da Emergência. Antes, passe no setor de Recursos Humanos para agilizar o seu ingresso como funcionária.
- Muito obrigada, Dr. Lorenzoni. Foi um prazer conhecê-lo.
- O prazer foi meu, Sílvia.
Ela saiu do gabinete e encaminhou-se para o térreo. Lá também ficava o RH. Depois de formalizar seu emprego, decidiu conhecer o local onde passaria a trabalhar. Ao entrar na Emergência, teve vontade de voltar atrás. Aquilo estava um caos. Um acidente automobilístico tinha acabado de acontecer e as quatro pessoas feridas tinham sido levadas para lá. Todos estavam muito envolvidos. Resolveu ficar de fora e apenas observar, para não atrapalhar a rotina deles. Muitos gritos de dor mesclados às ordens lançadas pelos responsáveis pelos atendimentos. Na equipe de recepção a um paciente em risco de vida sempre há um líder. Um médico, de preferência, ou enfermeiro capacitado, que coordena as funções da equipe. Geralmente é aquela pessoa que iniciou as manobras de salvamento. Como quatro pacientes necessitavam de atenção imediata, a loucura estava instalada, apesar de haver três médicos trabalhando, como Sílvia pode constatar. A adrenalina estava solta no ambiente. Esperava que aquilo não fosse o padrão de movimento. Se assim fosse, as seis horas de trabalho diário naquele inferno iriam acabar com ela em pouco tempo.
Saiu dali, antes que mudasse de idéia. Foi espairecer nos jardins do hospital. Árvores frondosas ofereciam sua sombra aos bancos de pedra. Havia diversos canteiros com gerânios, maria-sem-vergonhas , jasmins e margaridas. Àquela hora da manhã, as flores exalavam um perfume delicioso. Notava-se os cuidados de jardinagem na forma arredondada dada aos arbustos. Sentou-se num dos bancos e aspirou ao agradável aroma que a envolvia. Seu pensamento voltou-se para Roberto. Será que ele reagiria bem aos seus horários de trabalho, os plantões? Seria uma prova importante para testar o seu amor. Teria se precipitado em suas atitudes? Só tempo diria... Quando se deu conta, já era quase 12h30min. Saiu correndo para pegar um táxi que a levasse aos escritórios de Roberto. Logo chegou à portaria do prédio. Após um breve telefonema, o porteiro pediu que ela aguardasse um momento, pois o Sr. Vergueiro já estava descendo. Enquanto aguardava, impressionava-se com a imponência do prédio e da recepção, de decoração moderna, mas sóbria, nas cores preta e branca, com alguns toques discretos de vermelho, em vasos e luminárias.
Quando Roberto a viu, deu um grande sorriso. Correu ao encontro de Sílvia e deu-lhe um beijo na boca, sem incomodar-se com a platéia, que não era pequena, devido ao horário.
Partiram a pé, em direção a uma transversal da Avenida Paulista.
Durante o almoço, Sílvia resolveu contar as novidades de seu novo emprego. Roberto tentou ver só o lado positivo das coisas, mas não gostou muito dos horários propostos.
- Você ficou chateado?
- Não, meu bem... É que eu sou um pouco egoísta. Gostaria de tê-la ao meu lado sempre. Acho que sou meio machista. Mas não ligue. Vou tentar controlar este meu lado. Se você se sente mais feliz tendo o seu trabalho, não serei eu que vou impedi-la.
- Que bom que você me entende, amor. Pelo menos, até eu conseguir algo mais ameno, vou aguentando por lá. O que importa é que vamos estar mais próximos do que se eu estivesse em Valverde e você aqui.
- Tenho certeza que tudo vai dar certo – afirmou, fazendo um carinho no rosto de Sílvia com a palma da grande mão, quase envolvendo toda sua face, enquanto a fitava intensamente. Ela sentiu-se derreter. Nada poderia dar errado, depois daquele olhar. Pelo menos, foi isso que ela pensou naquele momento. Mal sabia o que ainda estava por vir.
- Ah! Antes que eu esqueça... A Alice, minha secretária, já combinou o horário em que a van irá buscá-la amanhã. Teremos até as 20 horas, antes que tenha de partir – lembrou Roberto.
- Que bom que não vai ser muito cedo.
- Acho que é um bom horário. Vocês não pegam o movimento de final de expediente na cidade.
- Espero arrumar tudo em uma semana e chegar pelo menos dois dias antes de começar o novo trabalho. Beto... – falou, tendo cuidado ao escolher as próximas palavras – Terei de ligar para o Dirceu, saber se ele conseguiu alguém que me substitua em Valverde e agradecer por sua ajuda junto ao Dr. Lorenzoni.
- Não precisa se preocupar comigo. Juro que não vou ter mais ciúmes dele, ainda mais agora que ele está sendo o mentor da sua transferência para cá. O que eu não consigo é gostar dele. Isto você não pode me obrigar.
- Não vou te obrigar a gostar dele, assim como não sou obrigada a gostar das Ginas que aparecerem por aí...
- Sílvia! – exclamou, já sorrindo, levando na brincadeira o comentário dela – Não se fala mais nisso, está bem?
- Está bem... Até a próxima aparição – respondeu ameaçadora.
Encerrado o almoço, retornaram aos escritórios de informática dos irmãos Vergueiro.
Foram direto ao andar onde se localizava o gabinete da diretoria. Sílvia estava extasiada com o luxo dos ambientes. Ficou sabendo que o edifício fora construído pelo pai de Roberto, especialmente para o funcionamento da empresa.
Lá, foi apresentada a Alice, a famosa secretária. Era uma mulher, de traços clássicos, com idade em torno de 40 anos, cabelos castanho-escuros, presos a nuca por um pequeno coque e maquiagem discreta. Vestia um elegante conjunto de saia e blazer marinho, que valorizava o seu corpo esbelto. “Será que eles já tiveram algum afair, como aquele com Gina?”, os maus pensamentos rondavam a mente de Sílvia.
- Alice, vou mostrar os escritórios para Sílvia e não quero ser incomodado. A propósito, ficou algum compromisso para amanhã à tarde?
- Não, senhor. Eu me encarreguei de deixar a sua agenda livre, conforme me solicitou.
- Muito obrigado, Alice – agradeceu satisfeito com a eficiência de sua secretária.

Eram cinco andares divididos entre escritórios, salas de reuniões e laboratório de pesquisa.
-Vocês conseguiram tudo isto só com a informática? – indagou Sílvia, admirada com a grandiosidade da empresa.
- Não. Meu pai era de uma família de ricos proprietários de fazendas de gado e plantações de soja. Ele nos ajudou no início da empresa. Felizmente, nossos projetos deram muito certo e hoje, Marcos e eu, temos muito orgulho do que adquirimos desde então, não menosprezando a grande colaboração de nosso pai no impulso inicial. Este prédio foi projetado por ele, mas construído, em parte, com nossos lucros.
Durante a visita, Sílvia conheceu muitos funcionários e pode sentir a admiração que cada um deles tinha por Roberto. Pensou em Clélio, seu ex-funcionário, que optara por cair na ilegalidade, ao invés de continuar a trabalhar num local como aquele. Que motivos o teriam levado a agir assim? Provavelmente o motivo da maioria dos canalhas. A ganância.
Terminado o passeio pelo prédio, despediram-se de Alice e de outros funcionários da diretoria. Desceram até o subsolo do edifício e, já no estacionamento para pegar o carro, Roberto lançou uma sugestão:
- Podíamos jantar fora hoje. Que tal? É só pensar no que está com vontade de comer e escolher o lugar.
- Acho uma boa idéia... Podemos ir para casa, tomar um banho e sair. Amanhã você tem compromisso cedo, pelo que entendi.
- Sim, infelizmente. Caso contrário já estava lhe convidando para ir para a balada.
- Não... Ainda bem que não. Não gostaria de encontrar a Gina de novo, na minha noite de despedida.
Notando que Roberto fez uma cara aborrecida devido ao seu comentário, ela tentou remediar imediatamente.
- Desculpe... – disse agarrando-se em seu pescoço e beijando-o na face – Juro que não falo mais nisso.
- Cuidado! Assim não consigo dirigir direito... – repeliu-a, ainda fazendo-se de zangado.
Com esta rejeição, sentou-se amuada, encostada na porta do automóvel.
- Eu estou brincando com você...Venha cá...- disse puxando-a pelo braço, para que ela sentasse o mais próximo possível que o cinto de segurança permitia – Pode continuar o carinho, que eu estava gostando...

Enquanto Roberto tomava seu banho, Sílvia resolveu ligar para Dirceu e contar sobre o novo emprego.
- Alô?
- Dirceu? Sou eu, Sílvia!
- Oi, Sílvia! Como vai? Alguma novidade?
- Precisamos conversar a respeito do meu substituto em Valverde.
- Sério? Então você conseguiu o emprego em São Paulo?
- Com a sua ajuda. Gostaria de te agradecer, Dirceu.
- Não é necessário, Sílvia. Bem, agora temos mesmo que arrumar alguém para ficar em Valverde.
- Será que você conhece alguém que tenha esta disponibilidade de imediato?
Fizeram-se alguns segundos de silencio do outro lado da linha.
-Não só conheço como já está praticamente tudo arranjado.
- Como assim? – perguntou Sílvia surpresa.
- Depois que nos falamos a última vez, comecei a indagar sobre quem gostaria de trabalhar numa cidade menor. Uma das ex-residentes, que está fazendo um estágio por aqui, ficou interessada. O nome dela é Leonor Guimarães. Posso te dar o número dela e vocês combinam tudo.
- Oh! Dirceu, que maravilha. Está tudo dando tão certo, que até me dá medo...
- Imagine. Não há o que temer.
Sílvia estranhou o fato de Dirceu estar tão solícito, sem nenhuma observação maliciosa a fazer. Talvez ele tivesse encontrado alguém interessante. Ficaria muito feliz por ele.
- Pode me dar o telefone dela?
- Claro! Anote aí...
Depois disso, despediram-se. Sílvia estava radiante.

- Sílvia! Fiz uma reserva às vinte e uma horas no Fasano – avisou Roberto, em voz alta na sala.
- Estou quase pronta! – respondeu ela, do quarto.
Quando ela apareceu, ouviu um sonoro assobio de admiração.
- Hoje você resolveu me deixar completamente louco...
- Ah, eu só caprichei um pouquinho... Não exagera.
Sílvia estava com seus cabelos negros presos num coque alto, com uma mecha caindo despretensiosamente sobre a face direita. A maquiagem, feita sem exageros, realçava seus lindos olhos verdes. Colocara um vestido preto, sem mangas, cintura alta, com um sensual decote na frente, que enfatizava os seus belos seios.
- Vamos sair logo, antes que eu desista e resolva cancelar a nossa reserva, para jantarmos em casa – disse Roberto, aproximando-se dela e pegando suas mãos. Olhou-a diretamente e, sem desviar o olhar sedutor, beijou-lhe a mão direita.
- Também acho que devemos ir logo... – respondeu Sílvia após um estremecimento dos joelhos.

O lugar era muito chique. Ela já ouvira falar muito do lugar, mas nunca fora convidada a jantar lá antes. Foram levados até uma mesa no salão principal.
- Roberto, parece um sonho. Parece que tudo está dando certo. Acho que já tenho até uma substituta para o consultório em Valverde.
- Já? Assim tão rápido? – perguntou, achando muito estranho a facilidade com que tudo estava acontecendo – Que bom...
- Você não gostou?
- Claro que gostei. Só fiquei surpreso. Como você soube da substituta?
- Liguei para o Dirceu, enquanto você estava se arrumando e contei sobre a minha entrevista com o Dr. Lorenzoni. Aí ele me falou sobre uma colega, a Dra. Leonor Guimarãres, que ficou interessada em me substituir. Não é ótimo?
- Claro que é, meu amor. Fico feliz que as coisas estejam se resolvendo da melhor maneira.
- Que bom... Pensei que você estivesse decepcionado com a minha mudança tão rápida para cá.
Roberto pegou sua mão carinhosamente e disse:
- Sílvia, o que mais quero atualmente é ter você ao meu lado. Não consigo mais imaginar viver sem você.
Entre olhares e demonstrações de carinho, conversaram sobre seus planos para o futuro, sobre uma possível viagem aos Estados Unidos para Sílvia conhecer a mãe de Roberto, que ainda vivia lá, e sobre como seria a rotina assim que ela começasse a trabalhar.
Terminado o jantar, Roberto pagou a conta e foi com Sílvia pegar o carro no estacionamento do restaurante. Lá, foram surpreendidos por fotógrafos que se encontravam na entrada do local, aguardando a saída de algum famoso. No caso, eles seriam os escolhidos para virar notícia de alguma revista de fofocas.
Notando que Roberto começara a irritar-se, Sílvia sugeriu:
- Não vamos estragar nossa noite. Vamos abanar para eles e fazer cara de felizes. O que eles querem é que a gente tente se esconder. Já li algumas revistas de fofocas e sei o que eles preferem notícias sobre quem não está bem.
- Pensei que as revistas de fofoca eram para os pacientes da sua sala de espera. – observou sorrindo.
- Eu não gosto, mas no cabeleireiro de Valverde é só o que eles têm para ler enquanto se espera o atendimento. Baseada nisso passei a comprá-las para o meu consultório também. – respondeu, arrancando uma sonora risada de Roberto.
- Acho que você tem razão. Vai até ser divertido.
Assim, entraram no carro, depois de acenar para os flashes, e saíram distribuindo sorrisos para todos.
Foram para casa, sem mais se preocupar com os fotógrafos. Queriam curtir sua última noite juntos, antes do retorno de Sílvia. E foi, com certeza, uma noite inesquecível.

Naquela manhã de terça feira, Sílvia preferiu ficar no apartamento de Roberto para poder arrumar suas coisas, entrar em contato com a Dra. Leonor. Com o tempo que sobrasse, sairia para comprar lembrancinhas para Franco e Suzi. Como Roberto teria de ficar até o início da tarde no escritótio, combinaram que ela o encontraria para o almoço.

- Bom dia. Dra. Leonor? – perguntou Sílvia ao telefone, depois que Roberto saiu para o trabalho.
- Sim? Quem fala? – respondeu uma voz meiga do outro lado da linha.
- Meu nome é Sílvia Mattos e sou amiga de Dirceu. Acho que ele deve ter lhe falado sobre mim.
- Ah, claro, Dra. Sílvia! Ele me falou sobre a sua mudança de Valverde para São Paulo.
- Pois é. Já está tudo combinado por aqui. Mas preciso de alguém que me substitua por lá. Eu sou a única médica da cidade. O outro colega está aposentado e creio que não tem interesse nem saúde de voltar a clinicar. Está com 80 anos.
- Espero que não tenha conseguido ninguém ainda, pois estou muito interessada.
- Não, ainda não tenho nenhum candidato à vaga – disse Sílvia, sorridente.
- Quando podemos conversar sobre os detalhes?
- Olhe, eu estou voltando para Valverde hoje à noite. Podemos combinar um encontro. Onde ficaria melhor para você?
- Eu posso ir até Valverde amanhã mesmo – respondeu após alguns segundos reticentes. Sílvia teve a nítida impressão que alguém cochichava ao lado de Leonor.
- Seria ótimo, se não for incomodo para você.
- De jeito nenhum. Assim já conheço a cidade onde irei trabalhar.
- Maravilha! Vou lhe dar o meu telefone e endereço. Pode anotar?
- Pode falar.
Depois de feitas as anotações, despediram-se.
Ao desligar, Sílvia sentia-se satisfeita com sua conversa. Achou Leonor muito simpática. Se ela fosse competente profissionalmente, seria perfeito. Não teria melhor substituta.
Depois de terminar a arrumação da mala, resolveu dar uma saída pelas redondezas para a compra dos presentes para seu amigo e sua secretária. Ficou imaginando como seria triste despedir-se deles. Sabia que sentiria muitas saudades. Mas, por outro lado, teria Roberto, o que deixava tudo mais fácil de encarar.
Após 1 hora de caminhada pelas lojas das redondezas, acabou por escolher um abrigo esportivo para Franco e uma elegante sandália para Suzi. Voltou rapidamente para casa e preparou-se para o almoço com Roberto.

(continua...)




A paz continua reinando entre nossos pombinhos, mas já deu para ver como o ciúme ainda os deixa inseguros...
Aproveito para agradecer pelas demonstrações de carinho e pelos votos que permitirão a escolha do romance a editar. A enquete permanecerá por 30 dias. Muito obrigada, mais uma vez, pois sem o apoio de vocês eu não estaria aqui. Beijo grande!

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