terça-feira, 2 de fevereiro de 2010

FIM DAS FÉRIAS!!



VOLTEI!!! Enfim, as férias acabaram e eu retorno à rotina. Dentro desta rotina, volto a realizar algo que me dá grande prazer e alegria que é compartilhar este blog, o meu cantinho especial, com meus amigos.
Férias são sempre bem-vindas, não? Posso dizer que as minhas foram muito boas. Um período para conviver mais com o marido e os filhos, desfrutar das delícias visuais e gastronômicas de outros lugares e... RELAXAR. É mmmmuito bom não precisar usar relógio, perder a noção das horas, não saber em que dia estamos e não saber o que faremos a seguir. Pode ser um novo passeio ou simplesmente ficar deitado sob uma sombra,de olhos fechados ouvindo o barulhinho do mar e o som das risadas das crianças. A pura e simples falta de compromissos é divina.
Não poderia deixar de citar, também, uma das grandes alegrias que tive neste mês de Janeiro, em minhas andanças, que foi voltar a encontrar com uma pessoa de quem eu gosto imensamente. Alguém revelado através da internet,uma mulher amiga, sincera e guerreira,a quem dedico grande admiração e todo o meu carinho e que algumas de vocês devem conhecer - a Dany Carneiro. Apesar do pouco tempo que tivemos para matar as saudades, foram momentos maravilhosos.Um grande beijo prá ti, Dany, minha querida.
Agora é recomeçar e para isso inicio hoje a postagem de um novo romance, livremente inspirado nos lugares paradisíacos por onde passei e que gostaria de dividir com todos vocês. O nome dele é "NA REDE DO PESCADOR". Espero que gostem e curtam mais esta "viagem" desta amiga de vocês.



NA REDE DO PESCADOR




Capítulo I

O calor era insuportável naquele aeroporto. Enquanto esperava suas malas serem colocadas na esteira, olhava para o saguão logo atrás da vidraça próxima. O seu agente de viagens garantira que teria alguém da operadora a sua espera, segurando uma placa com o seu nome. Levando em conta o tamanho mínimo e a simplicidade das instalações daquele local, imaginou que não seria difícil achar seu “anfitrião”. Já começava a ficar ansiosa com a demora em ver sua bagagem, quando finalmente as viu desfilando pela passarela móvel a altura de suas canelas. Tanto a mala maior como a pequena valise, em couro, de cor marinho, tinham uma fita verde claro amarrada às alças. Servia para identificá-las melhor entre outras, de cor e forma semelhante, segundo seu ex-noivo. Esta fora uma das lições que aprendera com ele. Uma das poucas coisas que mantivera depois de oito anos de relacionamento, sendo seis entre o namoro e o noivado. Felizmente ou infelizmente, dependendo do ponto de vista. Mas não estava ali para pensar nestas coisas. Pelo contrário, esta era uma viagem para limpar sua mente e seu corpo de todas as impurezas e memórias indesejáveis advindas daquele passado, do estresse do trabalho e das objeções de sua família quanto ao rompimento com César. Dirigindo seu carrinho de mão, desaprovou intimamente a falta de um funcionário que verificasse se as bagagens pertenciam a quem as levava para fora da área de desembarque. Qualquer um poderia roubar o que quisesse e o passageiro azarado não teria a quem reclamar. Continuou a procurar a placa com o nome “Isadora Mello”, mas logo percebeu que não havia ninguém segurando tipo algum de cartaz ou cartão, com ou sem o seu nome. Impaciente, procurou o celular, desligado em São Paulo, dentro de sua bolsa, bem como o endereço da agência de viagens, onde constava o celular do senhor Adair, seu agente. Depois de conseguir sinal, teclou o número. Todas as cinco chamadas caíram na caixa postal. Praguejou baixinho, olhou mais uma vez em volta e decidiu tomar um táxi que a levasse até o resort onde tinha uma reserva para vinte dias de estadia. Quando se encaminhava para a saída, onde parecia ter um ponto, viu um homem de meia idade, de terno e gravata amarfanhados, baixinho, com uma careca emoldurada por cabelos quase totalmente grisalhos, suando desesperadamente, em passos apressados rumo à área de desembarque, a segurar um cartaz na mão. Seguiu-o com o olhar, com a esperança renovada de que este fosse aquele que deveria estar a sua procura. Caminhou em sua direção e o rodeou até que pode ver as letras escritas em pincel atômico vermelho: IZADORA MELO. Apesar de estar escrito com Z no primeiro nome e faltando um L no sobrenome, imaginou que seria muita coincidência haver outra pessoa por ali com nome tão semelhante ao seu, mas com outra grafia.
- Eu sou Isadora Mello, senhor...
- Oh, Dona Izadora. Muito prazer. Meu nome é Genuíno e sou o motorista que vai levá-la ao Mairi Resort. Sinto pelo atraso, mas é que tive um problema no transito. Pode me acompanhar, por favor – cumprimentou-a nervoso, com as palavras como que decoradas após o transporte de inúmeros outros turistas aos resorts da região. O sotaque era típico e a fala cheia de musicalidade amoleceu seu coração. Estava no litoral nordestino e suas férias estavam só começando. Daria uma chance ao pobre homem, que devia estar sofrendo um bocado dentro daquele traje totalmente inadequado para o clima quente que os rodeava. Precisava começar a relaxar e deixar a executiva exigente e amarga para trás. Nestes próximos vinte dias queria despir-se de sua armadura e aproveitar ao máximo do que a natureza daquela região podia oferecer-lhe.
- Então, vamos lá, Seu Genuíno – disse forçando um sorriso.
Ele pegou suas malas, rodopiou nos calcanhares e voltou por onde tinha entrado. A van estava estacionada do outro lado da rua, em fila dupla. O movimento de carros era grande. Isadora ficou a pensar se já havia algum planejamento para um novo aeroporto naquela cidade. Com um movimento tão grande de turistas chegando e partindo e o consequente tráfego aéreo intenso, já era tempo de aumentar aquela estrutura, construindo um parque aeronáutico maior e mais moderno. Sacudiu a cabeça e criticou-se por já estar deixando que seu lado profissional tomasse lugar em seus pensamentos. Deu graças a Deus ao sentir o ar gelado do ar condicionado do veículo quando este entrou na avenida larga que a levaria para o litoral. Segura pelo cinto de segurança de sua confortável poltrona, fechou os olhos e respirou fundo. Merecia cada um dos próximos dias, depois dos cinco anos de trabalho árduo, sem direito a descanso. Seria a recompensa por sua luta e conquista de um lugar na selva de concreto que era a capital paulista, além da necessidade de esquecer os mais recentes acontecimentos. Nestes últimos anos conseguira a façanha de ter sua tímida empresa de arquitetura lançar-se num mercado voraz e conseguir ter seu nome reconhecido como uma das melhores do estado. Tinha muito orgulho disso. Sabia que apesar de ter um sócio, o sucesso era devido exclusivamente a sua dedicação. César entrara apenas com quarenta por cento do capital inicial e sua habilidade comercial. A verdadeira responsável pelos projetos e merecedora de todos os prêmios técnicos que sua firma recebera era ela. Fizeram juntos a faculdade e sabia das dificuldades dele, mas achava que estava apaixonada e acabava negando-as. Como pudera enganar-se tanto com alguém, por tanto tempo. Pouco antes de romper seu compromisso com ele, soubera que estava tentando vender a empresa para uma multinacional, sem o seu conhecimento. Já não bastassem as traições com outras mulheres, ainda queria traí-la como sócio. Foi a gota d’água. Não poderia mais manter-se ligada a um homem daqueles. Talvez não quisesse mais ligar-se a homem algum. Uma única experiência bastava. Por sorte ele não havia criado problemas quanto à venda de sua parte. Ela ficaria com seu patrimônio quase zerado, mas em compensação se veria livre daquele crápula. O pior é que ele era tão convincente em seu papel de empreendedor, atraente e simpático, que nem sua própria família acreditaria no que ele tinha feito. Achariam que ELA era uma pessoa difícil e que estava inventando situações para livrar-se do “pobre rapaz”. Onde acharia outra pessoa com a paciência e a simpatia de César. Estas lembranças a fizeram enrijecer a mandíbula e cerrar os dentes, enquanto tentava evitar que as lágrimas aflorassem dos olhos. Lágrimas de raiva e impotência.
- Se o ar estiver muito frio, Dona Izadora, eu posso diminuir para a senhora – as palavras de Seu Genuíno a tiraram daquele intervalo de tristes reminiscências abruptamente.
- O quê? Desculpe, eu estava distraída – respondeu, passando os dedos sob os olhos marejados, tentando disfarçar seu estado de espírito – O quê o senhor perguntou?
- O ar está muito gelado para a senhora?
- Ah, não. Está ótimo – disse, voltando o olhar para a paisagem que passava correndo ao lado, num misto de pastagens modestas, com cabras e algumas reses, e imensas plantações de cana de açúcar, que iam ficando mais raras à medida que se aproximava o mar. Logo surgiram as indicações de que estavam cada vez mais próximos de seu destino. Vários painéis de propaganda, colocados ao longo da estrada, anunciavam os atrativos do Mairi. Vira o resort apenas em fotos na agencia do senhor Adair. Gostou do aspecto e de tudo que o folder oferecia, tais como o “all inclusive”, pois não precisaria sair do lugar para procurar onde fazer as refeições, a possibilidade de cursos de mergulho e passeios diversos, além da praia ladeada por coqueiros e um mar de um azul caribenho. Não estava interessada nas atividades recreativas. Na verdade procuraria fugir destas. Queria ficar sozinha. Talvez devesse ter procurado uma pousada mais tranquila, mas não tinha nenhuma indicação para tal e não estava disposta a esperar mais tempo até descobrir. Ali no Mairi teria a opção de fazer o que bem desejasse. Nada a impediria de andar pela praia e procurar um ponto distante da movimentação dos outros turistas, que procuravam diversão coletiva, para passar parte do dia. Quando passaram os portões de madeira do resort, logo vislumbrou a agradável área de recepção, sob uma gigantesca palapa. Depois de despedir-se de seu motorista, Seu Genuíno, que a conduziu amavelmente até o centro da grande estrutura feita em madeira, bambu e palha, preencheu sua ficha de hóspede e teve sua bagagem levada até o seu novo endereço nas próximas três semanas. Era uma espécie de choupana indígena, que eles chamavam de bangalô, de aparência simples e bucólica. Porém ao atravessar a rústica porta de madeira, com o número 12 entalhado na parte superior, um confortável e aconchegante ambiente abria-se a sua frente, com uma decoração simples e charmosa, composta pela cama de casal com detalhes em bambu, coberta por uma colcha de motivos florais e cores alegres, uma confortável poltrona em rattan, que compunha um conjunto harmônico com a mesa e duas cadeiras no mesmo material. As paredes eram claras e a cor vinha das cortinas de listras largas de cores amarelo e azul, que estavam presentes entre as flores da colcha. Os armários ocupavam toda uma parede, sendo que no centro escondia-se a porta que levava ao banheiro da suíte. Este apresentava uma banheira de hidromassagem redonda que ficava junto a um janelão. Dali se abria a visão da mata, verde e densa, que corria por toda a extensão dos fundos do resort e onde ficavam localizados estes bangalôs especiais. Deu uma gorjeta ao rapaz que a ajudou com as malas, depois de ouvi-lo dar uma explicação sucinta a respeito de quais eram e como funcionavam os diversos controles existentes. Na cabeceira da cama estavam alguns comandos para as luzes do teto e das cabeceiras, ar condicionado e TV, além dos tradicionais controles avulsos. Dispensou-o impaciente, jogou-se sobre a cama para testá-la e suspirou ao verificar que era muito confortável. Mal podia esperar para conhecer a praia. Afinal, até agora, as fotos que vira nos folders ilustrativos do resort estavam sendo mais que fidedignos. Abriu a mala maior e de lá sacou seu biquíni, nunca usado, comprado especialmente para esta temporada. Seu modelo um pouco mais ousado do que ela gostaria que fosse, mas estava resolvida a sair um pouco da sua rotina de esconder-se em maios e duas peças discretos. Tinha um corpo esbelto e nenhum motivo para escondê-lo, a não ser pela brancura da pele. Mas acreditava que com poucos dias de sol adquiriria uma tez mais bronzeada. Tinha levado grande quantidade de protetor solar para evitar problemas de queimaduras. Depois de tanto tempo indo só ocasionalmente ao clube onde freqüentava as piscinas, em alguns raros fins de semana de folga no verão, tinha que proteger-se contra o sol implacável do Nordeste. Tinha intenção de voltar com um aspecto saudável, não tostada, e mostrar a todos que conseguira divertir-se e relaxar de verdade. Diante do espelho de corpo inteiro que tinha diante da cama, lançou um olhar de aprovação para a imagem refletida. Completou o conjunto com uma túnica de renda branca curta e um chapéu de abas largas, adornado por uma fita e um laço de cor verde malva, uma das cores presentes em seu mínimo traje de banho. Vestiu as sandálias de dedo em couro branco, depois de passar a loção de FPS 60 no rosto e no restante do corpo. Desfaria as malas mais tarde. Ainda era cedo. Pouco mais que meio dia. Tinha a tarde inteira a sua frente para fazer um reconhecimento do local. Sentia-se subitamente feliz e livre. Pegou a bolsa de praia colorida que ganhara de uma amiga há mais de dois anos. Ali poderia levar até um lanche e água, caso quisesse permanecer distante do hotel por várias horas. Colocou os óculos de sol e fechou a porta atrás de si. Guardou sua chave e partiu para sua aventura particular.
Em pouco mais de uma hora tinha conhecido a maioria dos recantos do Mairi. Tudo era simples e de surpreendente bom gosto . Uma mistura da cultura nativa com o charme francês. Ficou sabendo que os donos daquele e de outros resorts espalhados pelo mundo eram franceses. Daí o nome Mairi, que significava “reduto dos franceses” na língua tupi. Finalmente ganhou a praia. Já tinha vislumbrado de longe o azul esverdeado cristalino das águas do mar. Não era um azul caribenho como mostravam as fotos, mas era tão deslumbrante como tal. E não havia uma só tonalidade. A presença de bancos de areia e arrecifes formando piscinas naturais por toda a parte proporcionava aos olhos do observador pelo menos quatro variedades de azul e verde que se intercalavam e mudavam de lugar à medida que o sol passeava ou era escondido por alguma nuvem perdida no céu de anil profundo. Para onde quer que sua vista fosse levada podia ver a praia de areias brancas margeada por altos e inclinados coqueiros, que saudavam as ondas que chegavam a poucos metros deles. Isadora sentia-se dentro de um enorme e lindo cartão-postal. Poderia viver ali para sempre. Tirou as sandálias e pisou na areia fria e macia, soltando um suspiro de prazer. Apesar de ainda ter muitas pessoas na praia, estava tão extasiada com a paisagem que mal percebia suas presenças, as vozes ao seu redor ou os olhares masculinos atentos à bela nova inquilina do Mairi ou dos femininos, invejosos e ciumentos. Procurou uma cadeira sob um guarda-sol, deixou sua bolsa e as sandálias sobre ela e tirou a túnica que a cobria. Tentou não pensar na sua palidez, frente a tantos corpos bronzeados, e seguiu seu passeio pela praia, agora sem apetrechos que a impedissem de ter total liberdade de movimentos. Cerca de três minutos de caminhada e já tinha saído dos domínios do resort, ganhando a praia mais deserta. Muito poucos caminhavam por ali, àquela hora. Foi quando notou um discreto e simpático, apesar de humilde, bangalô localizado entre os coqueirais. Ele possuía uma espécie de galpão ao lado onde estava estacionado um buggy, que era um veículo muito utilizado na região para passeios, e um reboque, provavelmente para algum tipo de embarcação. Devia pertencer a algum pescador. Talvez pudesse contar com os seus serviços para conhecer outras praias. Tinha sido informada que existiam locais paradisíacos por ali, e que o acesso poderia ser muito difícil caso não fosse acompanhada por um guia regional. Além disso, se ele tivesse um barco, talvez pudesse levá-la às famosas piscinas naturais. Provavelmente lhe cobraria um preço bem abaixo do que o cobrado pelo serviço terceirizado do hotel, além de evitar o inconveniente de estar reunida com um bando de outros turistas deslumbrados e falantes. Guardou esta idéia para si e continuou sua caminhada, regozijando-se com todo o panorama que sua vista podia alcançar e com o ar salino que entrava por suas narinas, desintoxicando seu organismo da poluição a que estava acostumado. Depois de quase duas horas desfrutando do paraíso, deu-se conta que perdera a noção do tempo. Não havia levado relógio, mas notou que devia estar muito longe do hotel e resolveu voltar. Já fazia um bom tempo que não via ninguém passar por ela, indo ou vindo. Lembrou de passar uma nova camada de protetor sobre a pele. Assim que terminou, reiniciou sua caminhada de volta. Já estava começando a ficar com dor nas panturrilhas, quando avistou a choupana do pescador próxima ao Mairi. Soltou uma exclamação de alívio por saber-se próxima ao seu destino, mas algo chamou sua atenção. Agora havia um pequeno barco a motor estacionado nos limites onde as ondas rompiam sobre a areia, e dentro dele um homem parecia recolher seu material de mergulho. Ele era alto, de corpo atlético, com músculos provavelmente forjados nas lides do dia-a-dia como pescador, a pele bronzeada sem exageros, o que era de estranhar para o tipo de profissão que ele provavelmente desempenhava. Levava o rosto sombreado por um início de barba por fazer, emoldurado por cabelos negros, não muito longos, mas o suficiente para que o vento os revolvesse, conferindo-lhe um aspecto selvagem. Era de uma beleza rude de fazer perder o fôlego de qualquer mulher. Vestia apenas uma calça de neoprene preta, que realçava suas nádegas e coxas bem feitas. Quando passou por ele, tentou evitar o olhar direto, com medo de que ele percebesse o quanto a encantara. Mas ele já havia saltado do barco e carregava seu equipamento de mergulho, lançando-lhe um olhar carrancudo, mas intensamente sensual. Um olhar que a fez estremecer. Não pode ver exatamente os traços de seu rosto, pois evitou encará-lo por mais tempo que uma fração de segundos. Nem depois que passou dele, teve coragem de olhar para trás. Ele não parecia muito contente. “Talvez não tenha conseguido o seu jantar de hoje”, pensou Isadora. Quando chegou à cadeira de praia, certificou-se que suas coisas continuavam por lá, intactas. Realmente ali era outro mundo, outra realidade. Suspirou mais uma vez, lembrando de seu vizinho pescador. Deitou-se para descansar, sentindo a brisa suave acariciando seu corpo enquanto o sol tornava-se mais tímido a medida que os minutos passavam. Já era quase noite quando juntou seus pertences e voltou para sua “oca”, como apelidou seu bangalô. Ainda lançou um último olhar na direção da casa do pescador bonitão, mas não viu nada. Talvez ele nem fosse tão bonito assim. Não tinha conseguido ver direito seus traços ou seus olhos. Tinha um corpo bonito e sarado, mas muitos homens por ali eram assim devido ao trabalho pesado que exerciam. Estava cansada da viagem e da longa caminhada. Provavelmente ele fosse apenas uma miragem. Provavelmente, ao vê-lo de perto e mais atentamente, aquela imagem desapareceria. No entanto, conservava em sua mente aquele olhar. Meteu-se na banheira de hidromassagem e ficou relaxando sob os vapores perfumados pelos sais de banho oferecidos como presentes de boas-vindas pela gerência do Mairi Resort. Se os encontrasse à venda na loja do hotel, certamente compraria uma boa quantidade para serem usados nos próximos banhos. Não pensou em mais nada. De olhos fechados, ficou saboreando os efeitos dos jatos de água em sua pele e tentando manter a mente totalmente vazia.
Durante o jantar, teve de buscar toda sua força de vontade para conter-se frente a grande variedade de delícias apresentadas no bufe e o inesperado apetite que fora despertado, provavelmente, pela caminhada a beira-mar. Se não resistisse a tudo aquilo, ao final das férias teria de sair do hotel enrolada em uma toalha, pois nenhuma peça do seu guarda-roupa de verão serviria. Agradeceu ao convite para ir ao show daquela noite, feito por um dos animadores contratados para a recreação dos adultos, bem como à “discotaba”, que era como eles chamavam a outra grande palapa que abrigava a boate do resort. Ao sair do restaurante, não resistiu ao marulhar próximo e foi até a praia. Estava praticamente deserta e iluminada apenas pelas estrelas que pontilhavam o céu e uma radiante lua crescente. Mais uma imagem relaxante... Instintivamente olhou para as areias à sua direita e, vacilante, iniciou a descida dos degraus do deck que a levariam até a beira-mar. Caminhava devagar, acostumando a visão à penumbra, quando viu uma fogueira ao longe. Seguiu por alguns minutos até que conseguiu identificar o endereço do fogo. Chegando a uma distância que considerou segura, conseguiu ver o homem sentado junto às chamas, com olhar distante. Era ele... Estava sozinho. Tinha as pernas dobradas e o corpo jogado para trás, apoiado pelos braços e pelas mãos na areia. De repente, ele olhou em sua direção e gritou:
- Quem está aí? – soou a voz grave ligeiramente irritada.
Assustada por ter sido descoberta invadindo a intimidade do pescador, voltou-se correndo na direção do hotel, com o coração acelerado. Quando conseguiu alcançar o deck, foi direto para uma das cadeiras espreguiçadeiras que tinham por ali e sentou-se, tremendo da cabeça aos pés e recriminando-se por sua indiscrição. “Será que ele a tinha visto? Não. Não seria possível naquela escuridão”. Acalmou-se quando certificou-se de que ele não a seguira. Levantou silenciosamente e foi para seu quarto. Censurou-se por agir tal uma adolescente, agitada pela simples aproximação de um homem qualquer, espreitando-o e fugindo com medo de ser pega em flagrante. Devia ser a falta do que fazer, analisou. Há tantos anos não tinha um tempo só para si... Só podia ser isso, aliado ao fato de estar completamente solteira novamente e sem qualquer carinho masculino há incontáveis meses.
O sono chegou mais cedo que o habitual. Recolheu-se à cama com a lembrança do interessante perfil tremulando sob a luz do fogo, fitando-a com aquele olhar sombriamente sedutor.


Espero que tenham gostado deste início. Apreciem e comentem.
Beijos saudosos para todos. Até a próxima postagem ( que não deve demorar...)!!

6 comentários:

  1. Rô! Que bom que vc voltou! Tava com saudades!
    Mas que bom que vc descançou, relaxou, e de quebra, ainda encontrou a Dany, que é muito mara! Vc merece tudo de bom e muito mais.
    As férias, só fizeram bem a vc. Voltou de ânimo renovado e ainda mais criativa do que vc já é!
    É claro, já gostei muito do naipe do "pescador"...
    Ficarei aqui, esperando por mais...
    Bjim♥

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  2. Rô!!!!
    Finalmente voltou,já estava com saudades!!
    Esta nova fic promete não?
    Estou esperando ansiosa a continuação desta mais nova aventura.
    Bjs.

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  3. Oi, Rô!
    Que maravilha! Ótimo saber que as férias foram relaxantes, é sempre bom dar um tempinho pra recarregar as baterias, saindo da rotina e aproveitando os melhores momentos da vida com pessoas que a gente ama!
    Olha só, essa coisa da fita na mala é ótimo mesmo para identificá-la, pq quando vem a esteira, vem todas as malas de uma vez e a maioria é preta e de modelo parecido, então fica uma agonia danada com todo mundo puxando pra ver a etiqueta. A última que comprei foi azul (já pra dar uma diferenciada, mas acho que não fiz bom negócio pq qualquer sujeirinha aparece), e eu coloquei vários colantes em cima, do lado, atrás, tudo para poder identificá-la à distância e sem margem de erros a ninguém. E foi ótimo, pois não tive problemas.
    E essa coisa de não ter um funcionário para verificar se a bagagem era realmente de quem a pegava, tb já senti falta disso. E na última vez, o clima estava horrível, então os aeroportos fecharam na parte da manhã e, com isso, todos os voos atrasaram. Fiquei esperando o meu umas cinco horas, o aeroporto estava lotado, um caos. E na hora de sair para pegar a bagagem, com todo mundo cansado, foi outro caos até elas chegarem. E isso aconteceu no aeroporto de São Paulo, que é a maior cidade do Brasil, imagina no resto, é sempre assim mesmo.
    Então, essa sua dica é realmente muito importante e super útil pra quem vai viajar, pois a gente nunca sabe como será a organização do local.
    Mas que lugarzinho encantador esse que vc descreveu, amiga! Fiquei aqui lendo e só de imaginar, já me senti relaxada com a paisagem tão delicada. A Isadora não é nada boba, até eu poderia e desejaria viver ali pra todo o sempre!!! Vc descreveu um pedacinho do paraíso, tem tudo o que eu gosto: praia linda, mata, tranqüilidade, bom gosto!
    Hummm... Esse pescador barbudinho é um pitel!!! Ai, Jesus, esse olhar “carrancudo e sensual” enfraquece completamente as minhas pernas... Cara colega, me responda uma pequena dúvida: esse pescador tem um BOCA deliciosa que faz um biquinho de arrancar suspiros?!! Huashuashuahsua...
    Mas tadinho, porque será que ele está tão tristinho... Aguçou a minha curiosidade...
    E a tonta saiu correndo, ao invés de ficar e consolá-lo... Bom, nem posso falar nada pq com essa minha timidez eu faria o mesmo, nessas horas dá um medinho... hihihi... E depois a gente se arrepende de não ter arriscado, mas fazer o que...
    Já amei o início, Rô, estou louca pela continuação!
    Beijinhos

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  4. Carel disse:
    Eita que tu voltou com a corda toda hein flor??? Tá óóóóóóótimo, pra variar... ai, adoraria cair na rede desse pescador ( oh!!! que cantada de boteco!!!kkkkk) Beijocas amada!!!

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  5. Amor de minha vida, como sabes dos pequenos detalhes de minha vida eu li seu blog no mesmo dia do recebimento do e-mail, mas a cabeça a mil nem tinha como te deixar uma mensagem a sua altura. Eu simplesmente amei as sua visita, adorei o Conrado ele realmente é uma adolencente lindo em todos os aspectos, super inteligente, super educado e sem falar que vai ficar um homem lindo.
    Obrigado pelo carinho e atenção que sempre me dedica.
    Espero um dia poder retribuir a você tudo de bom que me dá sempre.
    Te amo sempre!
    Beijos
    Dany Carneiro

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  6. Demorei, mas cheguei, agora que tem mais capítulos postados não sei que conseguirei ler aos poucos.
    Que lugar lindo esse Ro. Eu estava sentindo falta das suas criações.
    Ao ler este primeiro capítulo tenho certeza de que vieste inspirada! Agora, me dê licença que vou correndo para o próximo capítulo.
    Bjs

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Cantinho do Leitor
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