terça-feira, 29 de setembro de 2009

O Amor em Cena - finalizando

Quando Eve voltou à sala, deu com Gerry sentado sozinho no sofá. Resolveu fazer um pouco de sala para ele e aproveitar para sondá-lo para saber suas reais intenções para com sua amiga.
- A Dani o deixou sozinho? Posso lhe fazer companhia?
- À vontade.
Passaram a falar sobre o filme em que Dani teria um papel. A partir daí, Eve deu um jeito de tentar conhecê-lo melhor e, ao final da conversa já podia perceber que ele era uma boa pessoa e que estava realmente interessado em sua amiga.
Antes que Dani voltasse, Gerry não resistiu e acabou por perguntar:
- Eve, não me leve a mal. Mas porque vocês tentaram esconder que aquelas flores eram para a Dani.
- Você leu o cartão? – perguntou, preocupada.
- Não cheguei a tanto. Mas pude perceber que vocês todas estavam tentando esconder alguma coisa. As flores eram para ela, não?
Eve percebeu que ele havia “jogado verde para colher maduro” e ela caíra direitinho. Decidiu não mentir.
- As flores foram mandadas por um chato chamado Alejandro, do qual provavelmente você já tenha ouvido falar. A Dani já ia jogar fora, quando você apareceu.
Neste instante ouviram a porta do quarto de Dani abrir-se.
- Eve, por favor, não diga a ela que eu sei disso – pediu ele em voz baixa.
Ela não teve com negar aquele pedido. Não queria estragar o fim de semana de Dani.

Foram jantar num restaurante indiano.
Quando ele a convidou para ir ao seu apartamento, ela não pensou duas vezes. Só lá poderiam liberar todo o desejo que estavam sentindo um pelo outro.
Mal passaram a porta da entrada, Dani foi pega nos braços e levada para o quarto aos beijos e amassos. Ele a deitou sobre a cama e começou a despi-la lentamente.
- Estava com tanta saudade – disse, enquanto a olhava inebriado, como a certificar-se de que seu corpo ainda era como exatamente como ele se lembrava. Depois de tirar a última peça de roupa passou a beijá-la por inteiro, começando pela ponta dos dedos do pé, arrancando suspiros de Daniela. Quando ele chegou ao seu púbis, ela não resistiu. Levantou-se e começou a tirar a as roupas dele. Queria sentir a sua pele, tocá-lo, abraçá-lo, sentir sua virilidade em contato com seu corpo. Como desejava aquele homem...
Ele continuou a beijá-la, enquanto ela o acariciava e arranhava de leve nos braços e costas, aumentando cada vez mais a excitação dele.
Logo se entregaram ao gozo e à luxúria de seus corpos. Os gemidos tornaram-se gritos de prazer até alcançarem o êxtase. Assim que ela viu Gerry saciado e começando a relaxar , beijou-o e sussurrou:
- Eu te amo... muito.
Ele abriu os olhos, com expressão tranqüila, um sorriso nos lábios e a puxou contra si mais uma vez e a beijou carinhosamente. Ficaram abraçados por um longo tempo. Ainda amaram-se mais duas vezes naquela noite. Dormiram quando o dia já amanhecia
Passaram o sábado juntos, no apartamento dele. Não sentiam necessidade de sair. Apenas a companhia um do outro bastava. Ouviram música, conversaram muito, brincaram e amaram-se. O dia passou lento e agradavelmente para ambos.
Gerry teria que voltar para L.A. no dia seguinte, à tarde. Queria aproveitar seu tempo, ao máximo, junto de Dani.
No domingo, no início da tarde, Gerry deixou Dani em seu apartamento e partiu para o aeroporto, onde pegaria o vôo das 15h30min. Ele ficou de ligar assim que chegasse à Los Angeles.
Depois desta última ligação, Gerry pareceu ter perdido o telefone de Dani. Os dias passavam, a noite chegava e ele não dava notícia alguma. No início ela pensou que fosse pelos inúmeros compromissos que ele tinha. Sabia que sua agenda estava cheia, mas, antes, ele sempre conseguia uma brecha para ligar. Começou a ficar preocupada. Resolveu ligar para sua casa em L.A. A empregada atendeu e disse que ele não estava e não soube dizer a que horas ele voltaria. A angústia começou a incomodá-la. Ligou outras inúmeras vezes, nos dias que se seguiram. Finalmente, num sábado à tarde, conseguiu ouvir a voz dele.
- Gerry! É você?
- Sim, sou eu – respondeu secamente.
- O que houve? Estou ansiosa por notícias suas. Você não ligou mais. O que está acontecendo?
- Você não faz idéia?
- Não... O que há? Porque está falando comigo deste jeito?
- Resolvi deixar o caminho livre para você e o seu amado Alejandro.
- O quê?
- Pergunte à sua amiga... Lourdes, não é? Aquela que gosta de frequentar sites de celebridades.
- Não estou entendendo... Gerry, por favor, porque você está falando comigo deste jeito?
E que história é esta de Alejandro? Nunca mais falei com ele.
- Tem certeza? Eu vi as flores, Daniela. Sua amiga Eve confirmou que as flores eram de Alejandro, apesar de vocês terem tentado disfarçar. Mas não brigue com ela, pois ela tentou e me convenceu que você estava pronta para jogá-las no lixo antes de eu aparecer de surpresa.
- Mas era verdade. Desculpe ter tentado enganá-lo, mas não queria que você ficasse com ciúmes. Não havia motivos para isso – sua voz já demonstrava um certo desespero e tornava-se embargada – Por favor, meu amor, não faz isso comigo.
Ele emudeceu do outro lado. Parecia estar muito magoado e ela não conseguia entender o porquê.
- Não posso mais falar com você – a voz dele estava tremula – Talvez outro dia...Não se preocupe com o seu papel no filme. Ele ainda é seu. Não quero confundir nossa vida afetiva com a profissional.
Aquilo causou uma dor profunda em Daniela.
- Como? – ela estava atônita, quando ouviu o click. Ele havia desligado o telefone.
Não contendo mais as lágrimas, começou a chorar convulsivamente. Não sabia o que pensar. O que o teria feito agir ou pensar daquela maneira? O episódio das flores não era, caso contrário eles não teriam passado um fim de semana tão bom. A não ser que Gerry tivesse representado o papel de apaixonado o tempo todo, enganando-a perfeitamente. Não podia ser isso. Ele não era um canalha. Mil pensamentos a rondavam. Talvez toda esta encenação fosse apenas uma desculpa para não vê-la mais. O seu medo inicial concretizava-se? “Não pode ser isso... Ele não é assim... Não posso ter sido enganada desta forma...” Precisava haver uma explicação plausível para o comportamento dele.
Quando conseguiu acalmar-se, ainda relutava em aceitar a idéia de Gerry ser um mau-caráter. Foi aí que lembrou do que ele havia dito sobre sites de celebridades. Buscou seu laptop, ultimamente esquecido. Entrou na internet e começou a procurar os lugares onde tantas vezes ela havia buscado por informações a respeito de Gerard Butler. Finalmente, em um deles, encontrou o que deveria ter sido o causador do comportamento dele. Lá estava a sua foto, beijando Alejandro, como dois namorados. O ângulo e o modo como ele a segurava pareciam não deixar dúvidas quanto ao tipo de beijo – o mais apaixonado. Uma tremenda armação. O pior de tudo era o texto que acompanhava a foto:
“O irresistível Gerard Butler, conhecido como grande conquistador, foi traído por sua namorada com um desconhecido”. O resto do texto era debochado e humilhante para Gerry. Agora ela podia entender o porquê dele estar tratando-a daquele jeito. Como devia estar sentindo-se enganado. Talvez até estivesse pensando que tudo não tinha acontecido para pegar um papel no filme, levando em conta a última frase dele. A cabeça de Daniela girava e tentava ordenar os pensamentos. Precisava falar com ele para esclarecer tudo. Ele não podia acreditar que ela o tivesse traído por uma notícia num site de fofocas. Nem que tivesse que ir até Los Angeles, resolveria aquele mal entendido.
Voltou a chorar, indignada com a injustiça que estava acontecendo. Logo agora que tudo parecia estar dando certo, depois de um final de semana perfeito...Não era justo. Aquilo não podia ser o fim.
Eve e Steve chegaram ao apartamento, enquanto ela ainda estava diante de seu notebook, tentando secar as lágrimas. Ela mal conseguia falar, quando eles indagaram sobre o que tinha acontecido. Steve resolveu deixar as amigas sozinhas e despediu-se de Eve.
- Acalme-se, Dani... Agora que o Steve se foi, me conte o que aconteceu que a deixou neste estado.

Dois dias depois, Daniela já estava decidida a viajar para L.A., a fim de conversar cm Gerry. Tinha certeza que numa conversa sincera, olho no olho, conseguiria reverter a situação e fazê-lo acreditar nela. Estava distraída na Internet procurando pelo menor preço de uma passagem aérea para a Califórnia, quando o telefone tocou.

Após a última conversa com Daniela, Gerry estava arrasado. A sua voz doce e os sinais de desespero aparentemente sinceros emergentes durante o telefonema colocaram dúvidas na sua mente. Talvez tudo não passasse realmente de um engano. Ele estava com seu orgulho de macho ferido pelos comentários cáusticos do texto junto àquela foto comprometedora. Afinal era um local de fofocas. Quantas vezes já o tinham fotografado com amigas em determinadas situações que levavam a crer que havia uma intimidade maior do que a real. Mas havia as flores no apartamento. Será que Eve teria dito a verdade? Não estaria só protegendo a amiga? Com o desenrolar do fim de semana acabou por esquecer aquele assunto. Mas ao ver a matéria e a foto, aquilo voltou a incomodar. Realmente ele parecia não ter sorte com as mulheres. Quando finalmente achava que tinha encontrado a pessoa certa...
Nos dias posteriores, não conseguiu encontrar graça em nada do que fazia. Até que, ao sair de uma casa noturna com amigos, que tentavam animá-lo, viu um grupo de paparazzi, interessado em fotografar Paris Hilton, que estava no mesmo local com seu novo affair. Entre os abelhudos, ele viu um rosto conhecido. De repente, tudo que acontecera encontrara uma explicação. Ele só tinha que certificar-se pessoalmente. Disse aos amigos que tinha de resolver um assunto pessoal e despediu-se deles. Ficou aguardando que o homem, segurando um bloco de anotações, se despedisse dos fotógrafos, que continuariam a perseguição de Paris, e passou a acompanhá-lo sem que ele percebesse. Quando se sentiu seguro de que não haveria curiosos os observando, antes que o outro alcançasse seu carro, Gerry segurou-o pelo braço e o fez virar-se de frente para ele.
- Está estendendo as suas férias, “Juan”? – perguntou, ironicamente.
O outro levou um susto ao ver Gerry encarando-o ameaçadoramente. Olhou para os lados, mas não viu sinal de socorro.
- O que houve? Está com medo? Por quê? – continuava Gerry, sabendo que estava conseguindo aterrorizar o outro.
Alejandro tentou fugir, mas foi impedido pelo ator, que o imprensou contra um dos carros estacionados.
- Agora você vai me explicar direitinho quem você é e o que teve a ver com aquela história de traição da Daniela.
O homem, antes seguro e galanteador, parecia estar prestes a ter um distúrbio intestinal, tal o medo da situação em que se encontrava.
Não foi difícil para Gerry obter a confissão completa do cafajeste, agora desmascarado.
Ainda naquela noite ligou para o celular de Dani, mas não houve resposta. Parecia estar fora do ar. Esperou o dia clarear e tentou outras tantas vezes, sem conseguir contato.
No final da tarde, após cancelar alguns compromissos daquela semana, pegou um vôo direto para Nova York. Chegando lá, foi direto para o apartamento de Daniela, onde foi atendido por Eve.
- Olá, Eve. Onde está a Dani? Preciso muito falar com ela..
- O que aconteceu? Chegou à conclusão que estava errado? – perguntou ela, com certa irritação e cinismo.
- Olhe, eu preciso falar com ela e pedir desculpas por tudo que aconteceu. Onde ela está?
- Acalme-se. Sente-se aqui um pouco – ela percebeu que ele estava legitimamente angustiado – Dani me contou tudo. Ela estava desesperada com a sua atitude. Só entendeu a sua atitude ao ver a foto e o comentário, totalmente enganosos, na internet. O que o fez mudar de atitude?
- Encontrei Alejandro. Ele era, na verdade, um dos jornalistas que trabalham para aquele jornaleco de fofocas.
- Não acredito – disse Eve, com cara de espanto – Então, foi tudo uma armação?
- Felizmente ou infelizmente. Agora tenho que dar um jeito de me desculpar com a Dani. Por favor, Eve, me diga onde eu a encontro?
- Ela está no Brasil, Gerry.
- O quê? – sua face empalideceu e ele deixou-se cair sentado sobre a poltrona da sala – Mas o que ela está fazendo no Brasil? Ela foi embora? Sabe quando ela volta?
- Não sei. Ela estava pronta para ir atrás de você para tentar se acertar com você, quando recebeu um telefonema da mãe, avisando que a sua avó tinha sofrido um enfarte e que estava muito mal. Ela não teve outra alternativa a não ser viajar imediatamente. Ela tem adoração por esta avó e acho que só vai voltar para Nova York quando o seu problema de saúde estiver resolvido. Ela estava muito abalada quando partiu e totalmente dividida entre lhe ver e ir ao encontro da avó, que também é muito importante na vida dela.
- Eve – disse ele, recompondo-se aos poucos – Você tem o endereço da casa de Daniela lá no Brasil ou, pelo menos, o nome do hospital onde a avó está internada?
Eve sorriu ao imaginar o que Gerry estava pensando em fazer.
- Claro! O que você pretende fazer?
- Eu vou até lá. Só preciso saber onde encontrar a Daniela.
Eve vibrou com a informação e deu todos os endereços que ela dispunha e telefones, dados por Dani antes de partir.
Nas horas seguintes, Gerry embarcou no primeiro vôo que conseguiu para o Rio de Janeiro.
Eve teve o cuidado de ligar para Dani antes, para saber notícias sobre a saúde da velha senhora. Ficou sabendo que ela já tinha tido alta da UTI e que estava em um apartamento, recuperando-se. Conseguiu manter segredo sobre a ida de Gerry, a muito custo, a pedido de dele.
Ao chegar, ele conseguiu hospedar-se no Copacabana Palace, onde já tinha estado de outra vez. Assim que largou as malas na suíte, tomou um banho para espantar o cansaço da viagem, vestiu uma calca jeans e uma camiseta branca e saiu. Solicitou um táxi na recepção e seguiu para o hospital, na esperança de encontrar Dani por lá. Após algumas orientações, conseguiu achar o caminho para o quarto de D. Ana. Bateu de leve na porta.
Daniela quase desfaleceu ao ver Gerry a sua frente, lindo como nunca, apesar da aparência de cansado.
- Gerry! – disse com a voz trêmula de emoção, fechando a porta atrás de si – O que você está fazendo aqui? – Parecia não acreditar no que estava acontecendo.
- Podemos conversar num lugar mais reservado? – disse ele, aproximando-se dela, pegando sua mão, com olhar de súplica – Estava com saudades.
Aproximou-se, colocando a mão dela sobre o seu tórax, enquanto seu outro braço a enlaçava pela cintura. Dani não resistiu e com a mão livre tateou o rosto de Gerry, como se precisasse deste toque para acreditar que ele estava ali de verdade. Um beijo longo e apaixonado foi inevitável quando seus olhares se cruzaram tão próximos. O fato de estarem em um corredor de hospital não foi empecilho para esta demonstração de carinho.
- Acho melhor sairmos daqui – disse Daniela, assim que se recuperou da sensação de levitação provocada pelo beijo de Gerry – Tem uma cafeteria no segundo andar onde podemos conversar. A esta hora do dia geralmente tem pouco movimento por lá.
Enquanto ela o levava pela mão, através do corredor, ele perguntou:
- E a sua avó? Está melhor?
- Graças a Deus, está se recuperando. Minha mãe está com ela. Depois eu o apresento a elas, se você quiser.
- Claro que quero, mas precisamos conversar antes.
Daniela o guiou até o amplo salão onde funcionava não só uma cafeteria, como também um restaurante, para uso de externos e acompanhantes dos pacientes. Sentaram-se em uma mesa próxima a um janelão com vista para os jardins do hospital, nos fundos do refeitório. Pediram um café e começaram a conversar enquanto aguardavam seu pedido.
- Gerry, fiquei tão desesperada quando ouvi você falar aquelas coisas no telefone, mas entendi o porquê quando vi a foto na internet. Já estava decidida a ir atrás de você em L.A. para tentar explicar aquilo, quando minha mãe ligou com as notícias sobre a minha avó.
- Eu sei. A Eve me contou.
- Nada daquilo é verdade. Aquela foto não representa a realidade.
Ele a interrompeu e segurou sua mão:
- Não precisa me explicar nada. Já sei que tudo não passou de uma armação de um repórter desqualificado que se apresentou a você como Alejandro.
- O quê? Ele é repórter?
- Sim. Eu o encontrei poucos dias depois de falar com você. Consegui pega-lo e o fiz confessar tudo.
- Não acredito... Porquê ele faria isto comigo?
- Não foi a você que ele queria atingir, mas a mim.
- Como? Por quê?
- Há algumas semanas atrás aconteceu uma confusão envolvendo a mim e a um colega de Alejandro, que na verdade chama-se José Domingues. Eu estava saindo de uma casa noturna e este repórter passou a perseguir-me de carro, de forma perigosa, colocando em risco transeuntes e outros motoristas. Mais um paparazzi sem noção. Fui obrigado a parar a perseguição para pedir que parasse com aquela maluquice. Ele desceu do carro e começou a gritar para que eu não batesse nele, fazendo o maior escândalo. Como viu que eu não estava sendo agressivo, começou a me ofender de todas as maneiras em tom baixo de voz. Aí não resisti e acabei por esbofeteá-lo, para ver se ele parava de dizer besteira. Bem depois disso, fui embora e ele armou um circo em torno do fato. Não sei como, pois não o machuquei na hora, ele foi parar num hospital para levar pontos na boca e dirigiu-se a uma delegacia para dar queixa. Fui chamado a depor alguns dias depois, mas como tive testemunhas a meu favor, o caso não deu em nada. Domingues, o Alejandro, parece que tomou as dores do amigo e passou a me seguir. Quando nos viu juntos chegando em L.A., tratou de aproximar-se de você, dizendo que era um turista que estava hospedado no mesmo hotel. Criou situações para provocar ciúmes em mim, nos fotografou junto, insinuando que éramos namorados. Quando ele soube que você ia voltar para NY, seguiu-a, acompanhado de um fotógrafo, para conseguirem a cena da foto.
- Sim... Eu lembro que Eve falou no dia, que tinha visto alguém fotografando o momento em que Alejandro me encontrou na saída do Actor’s.
- Pois é... Ele criou a situação e praticamente pousou com você para que o fotógrafo tirasse aquela foto. Depois tentou me humilhar com aquela reportagem ridícula. O pior é que ele, sem saber, provocou um mal muito maior... – ela o olhou curiosa em saber qual teria sido este mal – Foi me fazer pensar que havia me enganado com você e que tinha perdido a mulher por quem me apaixonara.
Aquelas últimas palavras de Gerry fizeram Daniela esquecer tudo que sofrera e provocaram um arrepio que percorreu todo seu corpo. Não conseguia desviar seu olhar daqueles lindos olhos esverdeados, brilhantes e sinceros que a encaravam agora.
- Gerry... – ela buscou as mãos dele e as apertou entre as suas – Eu nem sei o que dizer...
- Então só me responde uma coisa. Você ainda quer ficar comigo? Sei que fui um estúpido e grosseiro com você...
Antes que ele pudesse continuar, ela sorriu, sentindo uma lágrima de emoção brotando em seus olhos e colocou o dedo indicador sobre a sensual boca de seu amado, fazendo-o calar-se.
- Sim ou não? – ele perguntou, já entrevendo a resposta..
- É claro que sim! – disse Daniela, que levantou de seu lugar e, aproximando-se dele, envolveu seu rosto com as mãos, abaixou-se e deu-lhe um beijo carinhoso na boca – Já falei que te adoro?
- Já... Mas não custa ouvir de novo. Eu sou meio carente, sabe? – disse ele, sorridente, envolvendo Daniela pela cintura e puxando-a contra si, exigindo outro beijo.
- Melhor pagarmos esta conta e subir para me apresentar a sua mãe a sua avó, antes que eu faca alguma besteira aqui no meio desta cafeteria. Que tal?
- Acho que sim... Elas vão adorar te conhecer.
Entraram no quarto.
- Dani! Onde você se meteu? – perguntou sua mãe sem conseguir tirar os olhos do homem alto e forte que a acompanhava.
- Mãe, este é Gerard Butler. Ele é ... Um grande amigo.
- Muito prazer. Meu nome é Leda – cumprimentou-o, estendendo a mão.
- O prazer é meu em conhecer minha futura sogra.
- Gerry! – exclamou Daniela surpresa com o cumprimento de Gerry – Ainda bem que ela não entende bem inglês.
A mãe de Dani ficou um pouco confusa a respeito do que eles estavam falando, mas achou o amigo estrangeiro de Dani muito simpático.
Eles aproximaram-se da cama onde estava D. Ana. Dani fez um carinho em seu rosto e ela abriu os olhos, que pareceram brilhar ao ver a neta.
- Vovó, este é Gerard Butler. Ele veio dos Estados Unidos para nos visitar.
Um sorriso abriu-se no semblante da anciã, que conseguiu levantar a mão que não estava paralisada e estende-la para Gerry. Ele a segurou, apertando-a de leve e dizendo:
- É um prazer conhecê-la. Espero que se recupere logo.
Depois de Dani traduzir o que ele disssera, a avó perguntou, sem tirar os olhos dele:
- É ele, querida? É ele o seu amor?
Dani corou diante da pergunta, enquanto Gerry as olhou, tentando entender qual a pergunta feita por D. Ana. Com um sorriso, Daniela respondeu:
- Sim, vovó... É ele, sim.
Os olhos de D. Ana tornaram-se marejados e ela retornou um sorriso de aprovação.
- Ele é lindo...Very handsome... – repetiu em ingles, para surpresa de Daniela e de sua mãe, piscando o olho para Gerry.
- Pelo jeito ela já está pronta para ter alta. A senhora não tem jeito, mamãe – comentou Leda, alegremente. Agora compreendia que Gerry não era só um amigo de Daniela.
- Depois eu te explico, Gerry – sussurrou Dani para ele.
Ficaram conversando por mais de meia hora. Leda estava muito curiosa a respeito do namorado da filha. Ficou sabendo que ele seria o produtor e ator principal do filme que Daniela faria nos EUA. A avó os observava atentamente, com carinho.
- Que tal darmos uma volta, sairmos para jantar? – sugeriu Gerry, a certa altura, para Daniela.
- Ah, querido... Combinei que ficaria esta noite com vovó.
Quando Leda entendeu o que estava se passando foi a primeira a interferir.
- Nem pensar em deixar um homem como este sozinho aqui no Rio. Pode deixar que cuido da nossa velhinha. Ela já está bem melhor e não vai dar trabalho algum, não é D.Ana?
A avó balançou a cabeça afirmativamente.
- Vou ficar doente se você deixá-lo para ficar cuidando de mim – disse Ana com a voz ainda fraca, mas tentando rir.
Parecia que a visita de Gerry dera um novo ânimo a senhora, que parecia ter acelerado sua recuperação. Assim, Daniela sentiu-se liberada para sair dali, para onde ele quisesse levá-la.
- Eu estou no Copacabana Palace. Você me leva até lá? – perguntou assim que entraram no carro que D. Leda havia emprestado para Daniela.
- Eu tenho que passar em casa antes para tomar um banho e trocar de roupa. Passei a noite no hospital fazendo companhia para minha avó.
- Vamos lá.
Quando chegaram ao belo apartamento da Vieira Souto, o pai de Daniela estava lá. Foi mais uma sessão de apresentações, desta vez sem necessidade de traduções, pois o pai de Daniela falava bem o idioma de Gerry, pois chegara a morar em Londres por 1 ano, logo após terminar a faculdade de Medicina. Logo conversavam como velhos conhecidos. Quando ela terminou sua arrumação, Gerry e o senhor Arruda já eram amigos íntimos, o que a deixou impressionada, já que seu pai não costumava fazer amizades tão facilmente.
- Gostei muito do seu amigo, Dani. Antes de ele voltar para a América, temos que combinar um jantar aqui em casa para podermos conversar mais.
- Será um prazer, senhor Arruda – falou Gerry, simpaticamente.
- Por favor, não me chame de senhor. Para você é Armando.
- Está bem, Armando. É só marcar o dia e eu virei. Devo ficar aqui pelo menos mais três dias. Depois, vou ser obrigado a voltar.

- Nunca vi meu pai tão amigável com um desconhecido – confessou Daniela, assim que deixaram sua casa e seguiram para o hotel.
- Deve ser o meu habitual charme – ironizou Gerry.
- Seu convencido... – retrucou Daniela, sorrindo.
- Você está linda... Mal posso esperar para chegar no hotel.
- Você não está cansado da viagem, fuso horário...? – disse com um sorrisinho malicioso, antevendo quais eram as intenções de Gerry.
- Posso dormir depois...
Mal chegaram à suíte de Gerry, ele passou a beijá-la e a livrar-se de suas roupas. Quando ela foi despi-lo, começou a fazê-lo devagar, aproveitando cada segundo para olhar cada centímetro do corpo daquele homem que ela tanto adorava, tocando cada músculo de seus braços, deslizando seus dedos por seu tórax e por suas costas, fazendo-o arrepiar-se e gemer, sussurrando o nome dela, cada vez que seus seios o tocavam. Quando chegou o momento de tirar suas calcas, ela pode ver e sentir todo o desejo pulsante de Gerry por ela. Ao libertá-lo da roupa íntima, não resistiu e pôs-se a beijá-lo delicadamente, passando a língua sensualmente por seu membro ereto e ansioso, acariciando, com as mãos, seus glúteos firmes e musculosos.
Não aguentando mais, Gerry a levantou em seus braços e a jogou sobre a cama, onde a tomou vigorosamente entre os brancos lençóis da imensa cama da suíte. Amaram-se ardentemente, até tombarem exaustos, lado a lado. Naqueles próximos três dias da estada de Gerry no Rio, ficaram praticamente inseparáveis, assistindo a franca recuperação de D. Ana que começou a responder positivamente às sessões de fisioterapia. Quando Gerry partiu, o neurologista já estava em vias de dar alta hospitalar, para que ela pudesse continuar sua recuperação em casa. Logo, Daniela poderia unir-se a ele.
- Vou te esperar em Nova York. Quando você souber o dia de sua volta, me avise. Vou me organizar de forma a poder ficar alguns dias em NY. Logo, você termina o seu ano na Actor’s e começam as filmagens do nosso filme. Poderemos passar um bom tempo juntos. – planejava ele antes de embarcar no seu vôo de volta a L.A., no aeroporto de Guarulhos. _ É só o que eu quero, Gerry. Poder ficar com você. Vou ficar com saudades.

Beijaram-se muito, antes de ele entrar na sala de embarque.
Daniela não tinha mais dúvidas sobre o seu amor nem sobre a sinceridade do amor de Gerry. Seus sonhos tornavam-se realidade. Os sonhos de uma fã, quem diria...



FIM



Espero que tenham gostado. Vou viajar um pouquinho até o próximo fim de semana, aproveitando que estou de férias, que ninguém é de ferro, mas volto em breve. Beijos a todos!

segunda-feira, 28 de setembro de 2009

O Amor em Cena - continuando

Mal entraram no apartamento, começaram a beijar-se loucamente. Já estavam procurando um meio de livrar-se das roupas, quando uma voz feminina fez-se ouvir:
- Senhor Butler...
Os dois, imediatamente, paralisaram suas ações e viraram-se na direção da dona da voz.
- Você ainda está aí, Greta? – perguntou Gerry à sua diarista, enquanto Dani ajeitava suas roupas.
- Desculpe. Não queria interrompê-los, mas o senhor Alan ligou e disse que precisava falar com o senhor. Ele não estava conseguindo localizá-lo pelo celular.
- Está bem, Greta. Está dado o recado. Muito obrigado. É só?
- Sim, senhor.
- Então, pode ir para casa.
- Até amanhã, senhor.
- Até, Greta.
Ele virou-se para Dani.
- Acho que deixei o celular no carro enquanto estava no hotel – ele olhou o aparelho e confirmou as várias chamadas não atendidas de Alan – Ele não costuma ser tão insistente assim. Vou ter que ligar para ele. Vou te ajudar a colocar suas coisas no meu quarto. Depois sairemos para jantar. Que tal?
- Para mim está ótimo – sentiu que o clima fora totalmente dissipado. “Talvez depois do jantar...”, pensou ela.
Gerry levou sua maleta para sua suíte e foi telefonar para Alan. Antes lhe deu um beijo de leve nos lábios. Dani resolveu separar uma roupa para o jantar e tomar uma ducha. O dia tinha sido muito quente. Quando saiu do banheiro, ele continuava ao telefone. Colocou um vestido leve, com motivos florais, em tons de verde e azul, que reservara para um encontro. Prendeu os cabelos no alto da cabeça, deixando a nuca à mostra. Ouviu uma batida na porta, quando estava começando a maquiar-se.
- Posso entrar? – perguntou ele, já começando a entrar no quarto.
- Claro!
- Ah... Já está arrumada. Tinha esperança de que ainda estivesse no banho...
- Você está muito assanhado.
- Você me deixa assim... – falou, aproximando-se e beijando-lhe o pescoço nu, provocando um arrepio gostoso.
- Melhor você se arrumar também. Estou começando a ficar com fome.
- Está bem – dizendo isto, sem pudor algum, começou a despir-se na frente dela. Ela tentava desviar os olhos, mas era muito tentador ver aquele homem de corpo perfeito e cheio de vigor preparando-se para um banho. Teve vontade de tirar suas roupas também e voltar para o banho, para acompanhá-lo. Por sua vez, Gerry sabia o efeito que estava provocando nela e a incitava:
- Tem certeza que não quer tomar outra ducha?
- Não... Digamos que é um convite muito sedutor, mas vou ter que recusar.
- Você é quem sabe – respondeu com sorriso malicioso, enquanto se dirigia para o banheiro.
Ela tentou agir normalmente, como se isso fosse possível com ele andando nu diante dela. Sorriu e voltou a fazer o que estava fazendo. Teve que ter muito cuidado para não borrar o rosto todo com as mãos tremulas. Assim que conseguiu terminar de aprontar-se, foi para a sala, pois certamente não resistiria vê-lo vestir-se sem desejá-lo.
Finalmente, saíram para jantar. Ele a levou a um restaurante oriental, muito simpático. Lá, ficou sabendo que ele era um dos donos. Desde que fora para Nova York, lembrou, não tinha mais procurado por notícias dele na Internet. Estava um pouco desatualizada sobre sua vida pública.
Durante o jantar ele falou sobre sua conversa com Alan.
- Ele queria combinar um encontro com o agente de uma atriz com quem tive contato há algumas semanas, em um festival em Toronto. Ela me sondou sobre uma possível participação num filme que ela está produzindo. Além disso, talvez haja interesse que a nossa produtora participe também. O agente dela quer me encontrar amanhã para conversar.
- Isto parece ser muito bom.
- Pois é... Vou ver se é algo que realmente vale a pena. Preciso ver o roteiro.
O celular de Dani tocou. Ela até esquecera dele, mas havia pego a bolsa em que o deixara.
- Alô?
- Alô, Dani! – era a voz de Lourdes, animadíssima.
- O que houve? Algum problema?
- Nenhum. Mas você já está aparecendo nos sites de fofoca de Hollywood.
- O quê? – ela olhou para Gerry, incrédula. Ele não entendeu nada.
- Pois é! Apareceu uma foto sua, saindo de um estúdio em Los Angeles acompanhada pelo Gerard Butler. Os comentários eram de que você parece ser o novo amor do “famoso” ator. Que já teriam sido vistos várias vezes juntos e que estas são as primeiras fotos. È verdade?
- Lourdes! Como você disse: È fofoca – mentiu. Não queria que todos em NY ficassem sabendo de seu caso – Deve ter sido quando saímos do teste hoje, no início da tarde – ela continuava olhando para ele, que estava ficando cada vez mais curioso com a conversa telefônica.
- Ah... Que pena... Pensei que você tinha fisgado aquele gatão.
- Não é nada disso. Pode se acalmar. Está tudo bem por aí?
- Tudo. A Eve e o Steve estão juntos! Sabia?
- Sério? Que boa notícia. E você e o Gary?
- Mais ou menos... - sentiu certa tristeza na voz da amiga.
- Aposto que tudo se resolve. A gente se fala na volta.
- Está bem. Estamos com saudades.
- Amanhã já vou estar em casa.
- Até amanhã, Dani. Um beijo!
- Um beijo, Lourdes.
Gerry não aguentava mais e perguntou:
- Quem era?
- Era Lourdes, uma de minhas amigas e companheira do apartamento. Ela ligou para dizer que aparecemos em fotos saindo do estúdio hoje, num site de fofocas.
- Ah! Já era de esperar. Eles não largam do meu pé.
- Espero não lhe causar problemas.
- Problemas? Que tipo de problemas?
- Talvez uma namorada ciumenta?
Ele a olhou sério e surpreso com a sua insinuação.
- Uma namorada? Você acha que eu estaria com você tendo outra pessoa?
Ela ficou um tempo em silencio, sem conseguir olhar para ele, até que não agüentou mais e falou:
- Gerry... Eu ouvi o seu telefonema hoje pela manhã e ouvi você se declarando para outra mulher.
Ele a olhou de cenho franzido, tentando buscar na memória o fato que ela lhe relatava. De repente, explodiu numa gargalhada, que a deixou muito surpresa.
- Não precisa mentir. Se você tem alguém que ama... Eu entenderei... - falou com tristeza e resignação na voz. Ele segurou sua mão, ainda sorrindo divertido.
- Olha pra mim, Dani. A única pessoa em quem estou interessado no momento é você. Eu não tenho mais ninguém – ele a fitava intensamente, demonstrando sinceridade em suas palavras.
- Mas... Quem era aquela mulher do telefone.
Ele riu de novo e disse:
- Minha mãe, Dani. Eu estava falando com minha mãe.
Ela ruborizou e não conteve um sorriso nervoso.
- Era sua mãe? Mas parecia...
- Ela estava cobrando a minha presença lá na Escócia. Faz algum tempo que não nos vemos. Estou pensando em passar o final de ano por lá.
Dani lembrou que, realmente, o tom com o qual ele falara ao telefone não era romântico. Apenas carinhoso.
- Como eu sou idiota...
- Idiota, não. Desconfiada e ciumenta. Será que dei motivos para isso?
- Acho que sim.
- Por quê?
- A sua fama de conquistador de corações femininos é muito grande.
- Tudo fofoca. Estou há séculos sem uma pessoa constante. Paqueras, sim, mas uma relação mais séria, não... – ele a olhou firmemente, sem sorrir – Mas acho que isto está mudando.
Ela arrepiou-se da cabeça aos pés ao ouvir aquelas últimas palavras. “Será que estou ouvindo direito ou é apenas minha imaginação querendo muito ouvir isto?”, pensou.
- Você pensa realmente assim? – perguntou tímida.
- Você não? – continuava a insistir com seu olhar determinado.
- É no que eu mais quero acreditar, Gerry.
- Então, vamos parar com estes ciúmes bobos. Que tal irmos para casa? Temos pouco tempo juntos até amanhã. O seu vôo sairá às 12horas e eu tenho a minha reunião com o tal agente e Alan logo depois.
- Vamos sim... – Ela sentia-se flutuar. Tudo aquilo parecia um sonho: as palavras e o olhar de Gerry. Chegava a sentir medo de tanta felicidade.
Foram para casa e amaram-se mais intensamente que na primeira vez.
No dia seguinte, Dani arrumou suas malas. Já estava ficando triste por ter de deixá-lo, mas era preciso. Não podia abandonar a escola e continuar aprimorando sua maneira de atuar. Precisava pensar em sua carreira, que era a sua segunda paixão.
Às 10 horas deixaram o apartamento e seguiram em direção ao aeroporto de Los Angeles.
- Te ligo hoje à noite, está bem? – disse ele, abraçando-a logo em seguida.
- Vou ficar esperando... – Fez um carinho em seu rosto, arranhado de leve a sua barba rente.
Logo a voz no alto-falante chamou para o seu embarque.
Mais uma vez beijaram-se apaixonadamente, sem ligar para o movimento a sua volta.

Desembarcou às 20:30 horas em Nova York. Pegou um táxi e chegou ao seu apartamento que estava em completo silêncio. Aproveitou para guardar suas coisas e tomar um banho. A primeira a chegar foi Eve.
- E então, como foi o teste?
- Estou contratada!
Eve soltou um grito de alegria.
- Já assinou contrato e tudo mais?
- Não... - Dani deu-se conta que não tinha se preocupado com estes detalhes. Só a palavra de Gerry era o suficiente.
- Neste meio, é bom ficar de olho... Ou será que aconteceram “coisas” por lá que a deixaram “distraída”?
- Ah, Eve... Eu não ia contar para ninguém, mas acho que posso confiar em você. Eu estou realmente apaixonada.
- Era o que eu temia... Pelo Gerard Butler, suponho.
- É, por ele sim. Por quê?
- Ele conseguiu conquistar mais uma.
- Não, Eve. É diferente. Você não o conhece para falar assim. Ele não é essa imagem que a imprensa quer mostrar.
- Tomara, minha amiga... Tomara. Não quero te ver sofrendo nas mãos de um Casanova destes. Mas me conta tudo. Como foi que as coisas aconteceram?
Dani passou a contar-lhe tudo, inclusive os dois incidentes com Alejandro. Depois de ouvir tudo, Eve fez sua declaração:
- Vou ficar torcendo por você, Dani. Você merece.
- Eve...Vou te contar uma coisa que nunca contei para ninguém. Eu sou louca por ele há quase cinco anos. Eu o vi em um filme épico, Àtila, onde ele fazia o personagem-título e me encantei por ele. A partir daí, passei a pesquisar sua vida. Por causa dele e da sua história de vida mudei a minha própria. Larguei a faculdade de medicina para ser atriz, enfrentando toda a minha família que foi contra.
- Estou abismada, Dani. Que loucura... Tomara que a relação de vocês vá além do sonho. Você merece minha querida.
- Obrigada, Eve. Acho que estava precisando desabafar tudo isto com alguém.
- Ele não sabe sobre nada disso?
- Não... Talvez um dia eu lhe conte. Agora não vejo necessidade... E você e o Steve? Como estão?
- Dani, estou em dívida com você. Aquele seu conselho valeu ouro. Tudo saiu como você previra. Estamos indo muito bem. Acho que também estou ficando apaixonada.
- Bem, parece que este ano vai terminar muito bem
Riram e abraçaram-se. O telefone tocou e era Gerry, querendo saber se ela havia chegado bem.
- Já estou com saudades – falou com voz maviosa.
- Eu também, meu amor.
Eve resolveu deixar o casal namorando ao telefone e foi para seu quarto.
Os dois dias seguintes foram tranqüilos, apesar das saudades de Gerry. Ele ligava todas as noites e ficavam ao telefone por muito tempo. Na sexta-feira, quando Dani estava saindo do Actor’s Studio, foi surpreendida pela figura de Alejandro, que estava parado na porta principal da escola, procurando-a entre os alunos que entravam e saíam.
- Daniela! Finalmente a encontrei – gritou ele, satisfeito.
- Olá, Alejandro. Como você me achou? – perguntou não muito animada.
- Não mereço nem um beijo? – perguntou.
E sem que ela pudesse reagir, pegou-a pelo braço e puxou-a até junto dele e quase a beijou na boca, não fosse ela ter desviado o rosto na última hora. Com algum esforço, ela conseguiu desvencilhar-se de suas mãos.
- Alejandro, acho que não lhe dei intimidade para tanto – falou indignada com a atitude do jovem.
- Ora, para achá-la, você mesma deu a dica, dizendo onde estudava. Eu apenas a segui. Quanto à intimidade, queria apenas um beijo. Nada demais. Na minha terra é muito comum beijar na boca as amigas – falou em tom de sarcasmo, não muito convincente.
Dani lembrou que tinha realmente falado sobre o Actor’s. Jamais pensou que isto seria entendido como uma “dica” para que ele a seguisse.
¬- Alejandro, você sabe que estou saindo com uma pessoa e que ele é muito importante para mim.
- Que aquela “montanha” era importante para você, eu não sabia. Tem certeza disso?
- Absoluta. E gostaria que você respeitasse isso.
- Está bem. Me desculpe. Que tal sermos apenas bons amigos? Vim para Nova York para conhecer a cidade. Você não quer ser minha cicerone nestes dias?
- Não, Alejandro. Sinto muito. Tenho muito a fazer e estudar. Infelizmente você vai ter que arranjar outra pessoa para servir de guia.
Dani não reparou que Eve estava acompanhando todo este encontro de longe e que resolveu interferir ao ver que a amiga estava tendo problemas para se livrar do rapaz. Ela também notara um outro homem que estava fotografando os dois, o tempo inteiro. Achou aquilo muito estranho.
- Dani, tudo bem?
- Oi, Eve – respondeu Daniela, com um certo alívio ao ver a amiga – Este é Alejandro, de quem eu havia falado. Ele está em férias e veio conhecer NY. Nos encontramos duas vezes em LA – fez questão de frisar, demonstrando a pouca intimidade que tinham – Mas ele já estava de saída, não é, Alejandro?
- Não vou insistir mais, Daniela. Sei quando não sou bem-vindo – disse, aparentando tristeza pelo fora recebido.
- Por favor, não leve a mal... Entenda – ela sentiu pena e quase se arrependeu do modo como o estava tratando.
- Adeus, Daniela. Espero que você seja feliz com o mal-humorado.
Virou-se e saiu. Daniela resolveu não reagir e deixou-o ir.
- Como ele a encontrou aqui? – perguntou Eve.
- Eu mesma dei a dica sem querer.
- Que sujeito estranho. Me pareceu um pouco falso. Você notou que estavam fotografando vocês?
- O quê?
- É. Tinha um homem fotografando vocês.
- Você deve estar enganada. Devia ser algum turista tirando fotos da escola. Você sabe como isto é comum aqui – falou Daniela, tentando tranqüilizar a si mesma. Mas uma dúvida ficou a incomodá-la. “Seria algum paparazzi a persegui-la por ter sido vista com Gerry em LA? Não... Seria muita paranóia”
Quando chegaram em casa, Lourdes veio ao encontro delas toda feliz.
- Dani, pelo jeito você está cheia de admiradores por aí. Olha só as flores lindas que chegaram. Não resisti e vi o cartão. É de um tal de Alejandro.
- Puxa, o cara tinha certeza de que is conseguir alguma coisa com você, não? – comentou Eve.
Dani foi ver o cartão que estava no meio do lindo e imenso buquê de rosas vermelhas.
“Para a mais bela rosa...”
Ela ainda pensou: “Quanta falta de imaginação”.
Neste exato momento, a campainha tocou, antes que Daniela pudesse colocar fora o presente e o cartão, como era sua intenção. Lourdes correu para abri a porta.
- Dani! Acho que tem visita para você.
Dani voltou-se irritada, pensando que teria de enfrentar novamente o remetente das flores.
- Gerry!
- Espero que eu seja uma boa surpresa – disse ao ver a expressão de Dani, segurando o buquê de rosas.
Por alguns instantes, o clima ficou tenso na pequena sala. Foi quando Eve resolveu intervir, antes que Lourdes resolvesse soltar uma de suas frases fora de hora.
- Pode deixar, querida. Eu mesma vou me livrar destas flores. Já disse para o Steve que sou alérgica, mas ele insiste em mandar estes presentes. Como vai, senhor Butler?
- Mas... Ai! – Lourdes levou um beliscão de Eve, o que a fez calar-se imediatamente.
- Entre, Gerry! É claro que você é uma surpresa maravilhosa. Levei um susto, pois não o esperava - Dani jogou-se na direção dele, passando os braços em torno de seu pescoço e dando-lhe um beijo na boca, o que foi prontamente correspondida.
- Agora é que eu não entendo mais nada... - sussurrou Lourdes na direção de Eve – Precisava me beliscar tão forte?
Eve respondeu apenas com um gesto de silêncio, colocando o dedo indicador sobre os lábios.
Dani puxou Gerry para dentro da sala e fechou a porta, que ainda estava aberta.
- Estava com saudades – ele sussurrou em seu ouvido.
Ela o olhou com carinho e deu-lhe um outro beijo, desta vez no rosto.
- Vem cá. Vou te apresentar para as minhas amigas.
Apresentações feitas, Eve puxou Lourdes pela mão, obrigando-a a acompanhá-la ao quarto, onde esclareceu o que estava acontecendo à amiga confusa.
- É impressão minha ou cheguei numa hora errada? Vocês todas estão muito estranhas.
- É impressão sua.
- Vocês costumam tratar-se aos beliscões e puxões?
- Ah, é que a Lourdes não estava sabendo de nós dois. Antes que ela falasse alguma indelicadeza, Eve levou-a para explicar tudo. Deve ter sido isto... Adorei a surpresa. Você nem imagina quanto – disse, enlaçando os braços pela nuca de Gerry e oferecendo os lábios para mais um beijo.
- Que tal sairmos para jantar? – convidou-a alegremente.
- Adoraria! Você espera eu tomar um banho e me arrumar?
- Claro!


Aguardem o final da estória... amanhã.
Beijos!

sábado, 26 de setembro de 2009

O Amor em Cena - continuando

Estava na hora de deixar aquela timidez irritante de lado. Estava tão feliz com os últimos acontecimentos. Estava na hora de aproveitar todas as oportunidades que estavam surgindo, inclusive a chance de conhecer Gerry melhor e deixar que ele a conhecesse, também.
Colocou seu melhor vestido, que já intencionalmente levara na pouca bagagem para a viagem. Tentou manter uma imagem casual, com pouca maquiagem e cabelos soltos. Gostou do resultado final. Não tinha mesmo muito tempo para grandes produções estilísticas. Às 20h15min, pegou sua bolsa e desceu para o saguão conforme o combinado.
Enquanto esperava por Gerard, um jovem alto e moreno, muito simpático, provavelmente originário da América do Sul, aproximou-se dela para, aparentemente, pedir informações sobre L.A. Mesmo depois que ela o informou saber tanto quanto ele sobre a cidade, a conversa continuou. Seu nome era Alejandro e estava em férias, tendo chegado ao hotel há dois dias. Logo estavam rindo juntos, com Dani corrigindo o inglês dele enquanto ele lhe ensinava algumas palavras em espanhol. De repente, o sorriso de Alejandro desapareceu. Logo Dani entendeu por que. Atrás dela, estava Gerard parado, com uma cara péssima, olhando para os dois, como se fossem criminosos.
- Ele é namorado seu? – perguntou Alejandro, preocupado e mostrando alguma dificuldade no seu inglês.
- Não. É apenas um amigo – respondeu, enquanto chamava Gerard para apresentá-lo ao novo conhecido, tentando manter a maior naturalidade possível.
- Olá, Gerard. Quero lhe apresentar Alejandro. Ele estava me fazendo companhia enquanto esperava a sua chegada.
- É melhor irmos logo. O pessoal já está nos esperando – disse sem mostrar um só milímetro de seus dentes.
- Muito prazer, senhor... – cumprimentou Alejandro, estendendo-lhe a mão, sem retorno.
Dani ficou chateada com a maneira como Gerard havia tratado o rapaz e fez questão de despedir-se mais efusivamente que o normal.
- Bem, Alejandro, foi um prazer conhecê-lo – disse dando-lhe um abraço e um beijo no rosto.
- Espero encontrá-la em breve. Quem sabe não fazermos um tour por Los Angeles juntos?
Ela riu ao ouvir a concordância errada do convite, mas respondeu:
- Quem sabe? Até logo, Alejandro.
Sentiu a mão forte de Gerard apertar-lhe o braço e puxá-la em direção a saída.
- Eu esperava que você fosse mais educado...
- ÉÉ, talvez eu tenha exagerado. Desculpe – disse visivelmente irritado – Não sabia que você fazia amizade tão rápida com estranhos. Será que a dificuldade é só comigo?
- Como assim? Não entendi...
- Deixa prá lá. É melhor nos apressarmos. Não gosto de chegar atrasado a um compromisso.
Dani perguntava-se se estava presenciando um certo comportamento ciumento em Gerry, mas preferiu pensar que era apenas uma impressão errada sua, para não ficar imaginando coisas que não existiam.
Gerry pegou o carro com o manobrista do hotel, a fez entrar e logo estavam a caminho do local do encontro. Permaneceram num silêncio tenso durante todo o percurso.
Chegaram a um belo prédio de apartamentos e, surpreendentemente, Gerard entrou na garagem e estacionou seu carro em uma das vagas.
- Que lugar é este?
- É onde eu moro – respondeu ele com a maior tranqüilidade.
- E o jantar? E seus amigos? – quis saber, com a voz repentinamente tremula.
- Devem estar chegando ou já estar lá... – vendo a cara de espanto dela, continuou – Ah! Esqueci de dizer-lhe que o jantar seria aqui. Pensou que fosse num restaurante, não?
- É... Eu pensei.
- Desculpe não ter lhe dito. Algum problema? - perguntou com ares de sarcasmo.
- N-não. Problema algum.
- Então, vamos subir – disse, enquanto segurava a porta do elevador para que ela entrasse.
O apartamento dele era muito espaçoso e com uma decoração de extremo bom gosto. Havia um garçom a postos para atender os convidados. Apena um casal havia chegado. Gerry foi muito efusivo com ambos e logo a chamou para apresentá-la. Era o diretor do filme, Felix, para o qual ela faria o teste no dia seguinte. Ele estava acompanhado pela esposa e era um sujeito muito simpático. Aos poucos os amigos de Gerry foram chegando. Ao todo eram oito pessoas para jantar.
Foram servidos alguns canapés e, cerca de uma hora depois, o jantar foi servido. O clima era de descontração e os assuntos, os mais variados. Todos fariam parte da equipe de filmagem. Daniela praticamente já se sentia como fazendo parte também. Após terminado o jantar, ainda ficaram conversando um bom tempo. Quando a meia-noite aproximou-se, começaram as despedidas.
- A gente se fala amanhã, Daniela. Sem nervosismos, está bem? Tudo vai dar certo, tenho certeza. Confio no olho do Gerry como caça-talentos.
Quando o último conviva saiu, Daniela dirigiu-se a Gerry para despedir-se.
- Bem, acho que vou indo também. Já está tarde e tenho que acordar cedo. O teste é pela manhã?
- É, mas ficou marcado para o final da manhã. Não precisa ter pressa. Vamos conversar mais um pouco.
- Acho melhor eu ir. É só chamar um táxi
- Eu a levo até o seu hotel... Depois. Venha, vamos sentar – ele insistiu.
Percebendo que aquilo era quase uma ordem, Daniela acomodou-se novamente na confortável poltrona onde estava sentada antes. Gerry sentou-se a sua frente, relaxadamente, com as pernas abertas, no sofá de três lugares e fixou seu olhar sobre ela, como se a analisasse.
- O que você quer conversar? – perguntou Dani, já encabulada pelo silêncio e pelo olhar escaneador de seu interlocutor.
- Porque você continua me tratando como se eu fosse um estranho?
- Como assim? Não entendo o que você quer dizer com isso – respondeu Daniela, já se sentindo corar.
- Vejo você tratando a todos com sorrisos, beijinhos e abraços... Até um desconhecido, que você diz ter conhecido na porta do hotel, você trata melhor que a mim.
- De onde você tirou esta idéia? – perguntou ela, espantada com a queixa magoada dele. Não conseguia acreditar no que estava ouvindo.
Foi então que ele levantou-se, como um grande gato, aproximou-se dela e ficou de joelhos à sua frente, pegando em suas mãos e encarando-a com os dois grandes olhos verdes tristonhos. Daniela pensou que seu coração fosse parar ao vê-lo daquele jeito, mendigando a sua atenção.
- Desde que te vi pela segunda vez, naquele palco do Actor’s Studio, não consegui mais parar de pensar em você. A todo o instante fico pensando no seu jeito, no seu olhar, ouvindo a sua voz. Mas cada vez que tento me aproximar, sinto que você põe uma barreira entre nós. Eu fiz alguma coisa para você me odiar tanto?
- Odiar? Gerard! Eu jamais poderia odiá-lo... Eu ... Gosto de você... – falou hesitante, com medo que uma declaração mais apaixonada lhe aflorasse aos lábios.
- Gosta? Gosta como? – ele continuava muito próximo a ela e com os olhos cravados nos dela.
- Gosto, ora. Você tem sido gentil comigo, me convidou para este teste, parece ter visto algum talento em mim... Não tenho motivo algum para... odiá-lo. Não sei onde você viu este tipo de sentimento em mim.
Ele aproximou-se ainda mais, obrigando-a a ir para trás, até quase tocar no encosto da poltrona. Daniela sentia como se fosse entrar em erupção a qualquer instante. O desejo por ele era crescente e parecia que o mesmo acontecia com ele, pela expressão e seu rosto.
- Gosta só como conhecido, amigo ou... Algo mais?
- E-eu não sei o que você quer dizer... - engoliu em seco e tentou levantar-se – È melhor eu ir embora. Já está ficando tarde e tem o teste amanhã
Ele a impedia de sair de onde estava e parecia estar saboreando satisfeito cada expressão e cada palavra oferecidas por Daniela. Um beijo parecia iminente.
- Não quero que você vá embora – disse, levando sua mão direita até o rosto de Daniela e acarinhando-a com suavidade, fazendo com que um arrepio gostoso percorresse o corpo dela.
- Gerard, o que você está fazendo? – disse num sussurro, quase de olhos fechados, adorando o toque daquela mão grande e quente, que quase conseguia envolver todo o seu rosto.
Ele, percebendo que estava conseguindo quebrar as barreiras, aproximou-se, lentamente, tocando seus lábios de leve nos dela. Este toque arrancou um gemido suspiroso de Daniela. Os braços de Gerry envolveram-na, puxando-a contra seu peito arfante. Logo, beijou-a com mais intensidade, vencendo totalmente sua resistência. Daniela acabou por colocar as mãos envolvendo a cabeça dele, puxando-o ainda mais contra si, desafogando todo o desejo, controlado até então. Ambos pareciam ter urgência em penetrar na intimidade um do outro. Era como se quisessem fundir-se num só. Esquecidos de tudo, só agiam por impulso, tentando eliminar tudo que pudesse interferir com o toque pele a pele.
Livres de suas roupas, entregaram-se ao prazer maior, deixando suas mãos percorrerem livremente os caminhos de seus corpos desnudos e famintos. Fizeram amor no meio da sala, sem ligar para qualquer desconforto. Quando finalmente chegaram ao êxtase, permaneceram abraçados, caídos exaustos e satisfeitos. Mentes vazias, corpos cansados e sorriso nos lábios, permaneceram assim por vários minutos, antes que alguém resolvesse falar novamente.
Daniela abriu os olhos e viu o rosto sereno de Gerry, dormindo tranqüilo como uma criança. Teve vontade de beijá-lo, mas precisava sair dali e voltar para o seu hotel. Precisava tomar um banho e arrumar-se para o teste no final da manhã. Com cuidado, tentou levantar-se. Já estava quase conseguindo, quando foi puxada para baixo por dois braços fortes.
- Onde a senhorita pensa que vai?
- Eu não queria te acordar. Preciso voltar para o hotel. Lembra do teste?
- Claro que lembro. Eu vou participar dele também.
- Como assim, vai participar também?
- Ora, com quem você pensa que vai contracenar?
- Mas, no teste?
- Sim... Por isso já comecei os ensaios agora à noite... – disse, olhando-a divertido.
Por um momento, Daniela sentiu medo daquele comentário, mas ele logo a puxou mais contra si e a beijou.
- O que houve? – perguntou a ela quando sentiu que seu beijo não era correspondido – Não gostou de saber que vai atuar comigo?
- Não é isto... Foi este seu comentário. Você já tinha planejado tudo isto, não? A atriz iniciante que vai prá cama com o produtor e consegue o papel que tanto sonha. È fácil para você conseguir as mulheres que deseja tendo este poder de persuasão...
Ela viu a expressão alegre de antes se alterar para muito séria no rosto de Gerry.
- Não. Eu não planejei nada disto. Nunca pensei que você ou qualquer outra pessoa pudesse pensar isto de mim – Ele estava realmente surpreso e aborrecido com o que Daniela dissera - Sinto muito se fiz você imaginar que queria me aproveitar de você.
O modo como ele estava reagindo fez Daniela arrepender-se imediatamente do que acabara de dizer.
- Gerry... Eu...
- Melhor você se ajeitar. Eu a levo até o hotel. Não precisa preocupar-se com o teste. Ele vai sair de qualquer maneira – disse friamente, sem olhá-la nos olhos, já se levantando do chão onde estavam.
- Gerard! Me desculpe. Eu não queria dizer isto...
- Então, não devia ter dito – falou, enquanto vestia sua camisa e caminhava em direção à área íntima do apartamento.
Daniela queria morrer, mas não falou nada. Ela conseguira estragar tudo. Nunca mais ele ia querer vê-la. Levantou-se e foi juntar suas roupas que estavam espalhadas sobre o tapete da sala. Tentava segurar as lágrimas, mas não conseguiu. Vestiu-se e sentou-se no sofá. Quanto mais pensava no que acontecera, maior o seu desespero. Como pudera dizer aquilo ao homem que amava e com quem finalmente tinha tido uma inesquecível noite de amor?
Sentia as lágrimas escorrendo por sua face, quando ouviu a voz de Gerry, perguntando em tom baixo de voz:
- Por que está chorando? – e fez uma pequena pausa – O que está acontecendo, Daniela? – perguntou mais uma vez, agora se aproximando de onde ela estava sentada, consternado. Ele não conseguia ficar indiferente a uma mulher chorando. Sentia-se totalmente desarmado.
- Porque sou uma idiota. Consegui estragar tudo, não foi?
Silenciosamente, ele sentou-se ao lado dela, muito próximo.
- Acho que você está ansiosa por causa do teste. Isto acontece...
- Desculpe-me por ter dito aquelas coisas a seu respeito. Sei que você não seria capaz de fazer nada disso.
Após um interminável minuto de silêncio, Gerry acabou por falar:
- Vem cá – puxando-a contra si e abraçando-a carinhosamente – Vamos esquecer o que aconteceu. Eu sou meio brincalhão às vezes e posso dizer algo inconveniente. Talvez eu tenha feito uma brincadeira na hora errada.
Levantou sua cabeça com os dedos em seu queixo, delicadamente e a fez olhar em seus olhos.
- Foi muito bom te ter em meus braços e te amar. Espero que a gente possa repetir momentos como este muitas e muitas vezes – disse, quase num sussurro.
Lentamente, ele foi aproximando seus lábios do rosto de Daniela e começou a secar suas lágrimas com beijos suaves,
- Ah, Gerry... Me perdoa?
Ele ficou sério.
- Só se você me der um beijo...
- Acho que posso dar mais que um beijo...
Ele a abraçou com força, para logo em seguida colar seus lábios aos dela.
Já esquecidos do que acontecera e incendiados pelo desejo, do beijo passaram às carícias. Logo estavam a caminho do quarto...

Ao acordar pela manhã, assustada por não saber a hora, percebeu a ausência de Gerry ao seu lado na cama. Ouviu a sua voz ao longe, na sala, falando com alguém. Levantou-se e foi na direção da porta para tentar descobrir com quem ele falava.
- Claro, querida! Vou estar com você em breve. Estou morrendo de saudades... Eu também... Te amo...Um beijo...
Daniela sentiu um aperto no coração, mas não quis que ele percebesse que tinha ouvido aquela conversa. Foi para o banheiro tomar uma ducha. Quem seria a mulher com quem ele estava falando? Não. Não deixaria o ciúme tomar conta dela. Já tivera uma discussão antes. Não queria outra. Apesar do que ouvira, podia estar enganada a respeito do teor da conversa. Ela era uma pessoa muito afetuosa. Podia ser uma amiga, podia ser alguém do passado... Afinal, eles estavam apenas começando uma relação...
Sob a água do chuveiro, tentava esfriar a cabeça, mas a dor da dúvida continuava.
Foi quando estava de olhos fechados, começando a ensaboar-se, que sentiu a presença dele atrás de si. Logo foi envolvida por um par de braços fortes e sentiu o corpo nu de Gerry encostar-se no dela.
- Posso tomar banho com você?
- Acho que isto não vai dar certo. Nós vamos nos atrasar – falou pouco convincente, com um sorriso nos lábios.
- Ainda é cedo. Além do mais, eu sou o produtor e ator principal do filme. Se houver algum atraso, ninguém vai me cobrar.
- Gerard! Não sabia deste seu lado prepotente.
Ele a virou de frente para ele. Ela pode sentir o quão excitado ele estava.
- Estava brincando. Ainda temos tempo suficiente para um banho. Relaxe... – Enquanto falava, roubou-lhe o sabonete das mãos e começou a ensaboá-la lentamente, apreciando cada contorno de seu corpo.
- Mas tenho que trocar de roupa... tenho que... passar no hotel...- dizia isto, sentindo o corpo desfalecer sob o toque das mãos dele. Não tinha como resistir àquele homem.
- Para quê? As suas roupas de ontem caíam muito bem em você...
Daí para frente, Daniela deixou-se levar pelos carinhos e beijos de Gerry. Logo, ela também passou a ajudá-lo a “lavar-se e, como era de esperar, o “banho” terminou em mais uma explosão de prazer entre os dois.
Tomaram um rápido café e foram para o estúdio onde seria feito o teste. Durante o caminho, Daniela permaneceu mais calada. Ele considerou que fosse a ansiedade que ainda a incomodava. Na verdade, ela estava perdida em outro tipo de pensamentos relacionados com o telefonema que presenciara e as dúvidas colocadas por Eve e Gary.
Ao final do trajeto, Daniela chegara à conclusão de que tentaria viver apenas o momento. Mesmo que ele estivesse com ela apenas pelo sexo, ainda assim isto poderia ser muito agradável. Tentaria ser o menos romântica possível. Ela estava apaixonada. Ele, provavelmente, não. Mas estavam juntos agora. Isso é o que importava. Era melhor não nutrir falsas esperanças.
Ao chegarem, uma pequena equipe já se encontrava no local e Felix, os aguardava. Daniela estava um pouco tensa, mas lembrava de todas as suas falas e as de Gerry também. Era uma cena de discussão entre um casal, pouco antes da mulher ser assassinada. Havia uma certa tensão no ar, que culminava com a personagem de Dani dando uma bofetada no marido – Gerry.
Quando estavam todos prontos, o teste começou e ambos atuaram magnificamente bem. Para surpresa de Gerry, Daniela realmente o esbofeteou na hora da cena que valeria como teste final. Talvez com mais força que o previsto.
- Corta!... Ficou excelente! – disse Felix.
- Puxa, Dani. Só não precisava usar tanta força. Quase deslocou o meu maxilar... – disse Gerry, esfregando o rosto no local do tapa.
- Não exagera , Gerry. A cena, as expressões de vocês ficaram bem realistas. Só tenho que ver como ficou o filme. Venha ver comigo.
- Desculpe, Gerry. Não foi minha intenção. Errei na força – disse isso, mas pensou se inconscientemente não havia feito aquilo por causa do telefonema de antes – Vou deixar vocês verem o resultado final a sós. Estarei no camarim para tirar esta roupa.
- Não quer esperar para que eu a ajude? – perguntou, com olhar de cobiça.
- Não... Fique quieto – sussurrou – Não quero que saibam sobre a gente.
- Por que não? – falou ele, rindo e sussurrando também.
- Porque fico envergonhada.
- Tá bom... Vá arrumar-se. Vamos sair para almoçar depois.
O teste de Daniela havia sido um sucesso e durante o almoço, Gerard deu-lhe a boa notícia de que estava contratada para o papel.
- Quando começam as filmagens? – perguntou entusiasmada.
- Só no final do ano, se não houver mais problemas. Você vai poder concluir o seu ano no Actor’s e depois, dedicar-se às filmagens.
- Mas são poucas as cenas em que apareço. Que eu saiba sou assassinada no início do filme.
- É, mas tem alguns “flashbacks” em que o seu personagem aparece. Fora isso, quero que você fique comigo nas suas férias.
- Será que até lá você ainda vai querer ficar comigo? – perguntou, fazendo-se de dengosa.
- Que pergunta boba é esta? Não vai começar de novo com aquela estória de ontem, vai?
- Não. Estou brincando... - disse desviando o olhar.
- Você está meio estranha, Dani. Desde que saímos de casa hoje... O que anda passando por esta cabecinha maluca?
- É impressão sua. Acho que estou triste porque vamos ter de nos separar amanhã.
0 É verdade, meu bem... Mas é por pouco tempo. Infelizmente prometi para o Steve que a devolvia logo após o teste. Tenho que cumprir a minha palavra – falando isto, procurou a mão dela sobre a mesa.
- Quando vou poder vê-lo de novo?
- Logo. Na primeira brecha que tiver nos meus compromissos darei um jeito de ir à Nova York. Não se preocupe. Não vou deixar você voltar para o... Como é mesmo o nome dele? Gary?
- Gary? Eu já te disse que ele é só um colega e que dividimos o apartamento entre quatro pessoas – disse ela, rindo.
- Entre quatro? Tem mais três homens morando com você?
- Gerry! Deixa de ser bobo. Claro que não. Somos três mulheres e o Gary.
- Então ele está se dando muito bem – continuava sarcástico.
Dani sacudiu a cabeça, rindo dos comentários de Gerry. Adorava aquele bom humor dele.
- Quando você for à Nova York, vou apresentá-lo aos meus amigos. Você vai ver que não tem nada do que você está insinuando – ela pensou melhor e lembrou-se do namoro entre Lourdes e Gary.
- O que foi? Lembrou de algo inconfessável?
- Não. Estava só lembrando que o Gary está namorando uma das meninas, a Lourdes.
- Ah! Então eu tinha razão. Ele está se dando bem.
Ela apenas sorriu, reprovando-o com o olhar.
Terminaram o almoço e foram passear um pouco pela cidade. Gerry teve de dar uma chegada no escritório da produtora para assinar alguns papéis. Passaram pelo hotel, onde ele praticamente obrigou-a a pegar suas coisas e fechou a conta. Ficaria hospedada, até o dia seguinte, no apartamento dele. Isto a deixou realmente alegre. Parecia ser um bom sinal. Ele queria ficar mais tempo com ela.
Na recepção, enquanto Gerry acertava tudo com o recepcionista, Alejandro apareceu. Foi direto ao encontro de Daniela.
- Ola! Procurei por você esta manhã, mas me disseram que não estava.
- É. Tive um teste para fazer hoje pela manhã.
- Teste?
- Sim. Eu sou atriz e vim para Los Angeles para fazer um teste para participar de um filme.
- Sério? Quer dizer que estou à frente de uma atriz famosa?
- Não – ela sorriu – Imagina. Estou tentando iniciar na carreira. Estudo no Actor’s Studio em NY e agora surgiu esta oportunidade.
- E como foi?
- Estou contratada.
- Parabéns! Temos que festeja então. Que tal jantarmos juntos hoje à noite? – ele estava dando em cima dela escancaradamente.
- Infelizmente eu já tenho compromisso, Alejandro.
- E amanhã? – insistiu, lançando um olhar para Gerry, no balcão à frente, que já tinha percebido a sua presença e lançava olhares desconfiados para os dois – Ainda vai estar acompanhada pelo seu cão de guarda?
- Não fale assim, Alejandro. Gerry e eu estamos... juntos – sentiu-se estranha ao fazer esta declaração.
- Mas até ontem ele era apenas um amigo.
- As coisas mudam. Além disso, estou voltando para Nova York amanhã pela manhã.
- Que coincidência! Também vou para Nova York em dois dias.
Daniela já estava começando a achar Alejandro inconveniente, quando ele sacou um cartão com o número de seu celular. Neste instante, Gerry surgiu, e abraçou-a.
- Vejo que está se despedindo de seu amigo, Dani. Temos que ir embora. Agora.
- Você é um “hombre” de muita sorte.
Gerry olhou-a quase com raiva e puxou Dani pelo braço.
- Vamos, Daniela. Foi um prazer conhecê-lo, Juan.
- Adeus, Alejandro. Foi um prazer... – mal teve tempo de terminar a frase e seguiu atrás de Gerry, bastante satisfeita. Tanto por estar livre do rapaz que começara a tornar-se inoportuno, como por perceber claramente o ciúme na atitude de Gerry.
- Será que não posso deixá-la sozinha um instante, que já tem um homem grudado em você? – ele só conseguiu falar depois que estava no carro, já no trânsito.
- Que é isso, Gerry? Ele estava apenas sendo gentil.
- Gentil? Achei que ele ia te agarrar ali mesmo na frente de todos.
- Não exagera...- ela estava se divertindo com toda aquela cena dele.
Resolveu acalmá-lo um pouco, desabafando:
- Preciso te agradecer por ter me tirado dali, naquela hora. Realmente, ele estava se tornando um chato. Obrigada por me salvar do “Juan” – olhou-o com carinho e fez um carinho em sua nuca, o que o fez arrepiar-se.
- É verdade isso? – ele sorriu.
- Claro. Não estava mais agüentando a cantada dele.
- Ah! Então você concorda que ele a estava cantando.
- Estava, eu reconheço. Mas ele estava só perdendo tempo. Eu já estou comprometida com outra pessoa – disse baixando os olhos, com falsa timidez, olhando-o de soslaio.
Ele a olhou, por um momento, com um doce brilho no olhar, e pegou sua mão, levando-a aos lábios e beijando-a. Não disse nada. Apenas sorriu.
Ela pensou: “Como seria bom se ele me amasse e tivéssemos um compromisso de verdade...”
- Que tal irmos para casa descansar um pouco e depois sair para jantar?
- Acho uma ótima idéia.

Aguardem a continuação...Beijinhos!

quinta-feira, 24 de setembro de 2009

O Amor em Cena - continuação

Ao vê-lo ir embora, sem nem ao menos olhar para trás, sentiu que tinha sido uma boba pensando que ele poderia ter algum outro tipo de interesse por ela, como pensara no início, baseada em alguns olhares que ele lhe lançara e que ela, imbecilmente tímida, se desviara.
Talvez fosse melhor assim. Já que teriam de passar algum tempo juntos, que fosse como profissionais. Ele a considerava apenas uma futura colega de trabalho. Nada mais que isso. Ela também deveria pensar nele como tal... Apesar disto ser muito difícil, teria que guardar seu segredo para que isso não interferisse em sua carreira. Tinha que ser mais madura e deixar de lado estas crises de fã enlouquecida. Ele era apenas um produtor interessado no seu trabalho...
Cabisbaixa e tentando reprimir todo o seu desejo por Gerry, voltou para o “Actor’s Studio”. Tinha que agradecer a Steve pela oportunidade e contar-lhe como tinha sido a conversa com seu futuro empregador.

- Gary! O que foi aquela sua aparição no restaurante na hora do almoço? Porque você fez aquilo? – perguntou Dani, ainda indignada com sua atitude, quando o encontrou à noite no apartamento.
- Aquilo o quê?
- Como o quê? Você nunca tinha me dado um beijo daqueles, ainda mais em público.
- Beijo? Que beijo? – agora era a vez de Lourdes ficar enfurecida – Ele lhe deu um beijo na rua? Gary, seu, seu...
- Calma, meninas! Eu posso explicar... – pedia a atenção delas, acuado como um condenado frente ao pelotão de fuzilamento.
- É bom mesmo ter uma explicação agora mesmo! – esbravejava Lourdes.
- Olhe, Dani. Quando eu vi você e aquele sujeito no restaurante, achei que talvez ele pudesse estar sendo inconveniente, por isso agi daquela forma... para impor respeito, entende?
- Não, não entendo – respondeu Dani, tentando entender o motivo do amigo.
- Também não estou entendendo – retrucou Lourdes.
- Ah, amorzinho, você não viu o olhar de lobo faminto que o sujeito estava fazendo para a Dani.
- Olhar de lobo faminto? De onde você tirou esta bobagem, Gary? – Dani, apesar de tudo, começava a gostar do andamento da conversa.
- Eu estava observando vocês de longe algum tempo. Vi que você, prá variar, estava toda tímida, mal conseguindo encará-lo. Enquanto isso, ele a estava devorando com os olhos. Olha, Dani, eu já ouvi falar neste Gerard Butler e a fama deste sujeito em relação às mulheres não é muito boa. È melhor você tomar cuidado. Aliás, o que vocês estavam conversando? – de repente, Gary deu-se conta que nem sabia o que estava acontecendo entre os dois.
- Bom, Gary, talvez, tenha sido bom você chegar naquela hora... Tenho uma novidade para vocês. Talvez eu seja contratada para fazer um filme da produtora de Gerard Butler! Acreditam nisso? Ele assistiu a minha representação hoje com o Roger e ficou entusiasmado com a minha atuação e disse que tem trabalho para mim. Mal posso acreditar...
- Sério? – festejou Eve, que estava sentada no sofá da sala, estudando um texto e aparentemente ausente de toda a conversa frenética dos companheiros até o momento – Que maravilha, Dani!
- Puxa, Dani, desculpe ter interrompido vocês daquele jeito. Espero não ter estragado tudo. Não parecia uma reunião de negócios...
- Não se preocupe, Gary. Talvez seja bom eu manter alguma seriedade neste momento. Não quero que qualquer sentimento bobo estrague um provável início de carreira
em Hollywood.
- Exatamente como foi este beijo, Gary, que você deu na Dani – Lourdes continuava preocupada com aquilo, denunciando o seu namoro, até então secreto, com Gary.
- Benzinho, não foi igual aos que eu te dou...
- Então vocês, hein?– falou Eve, com voz de represália – Escondendo este namorico das amigas, não?
- Não sei se ainda é um namorico. Depois de hoje... - disse Lourdes, meio que choramingando.
- Eu vou te mostrar o namorico agora... – disse Gary, já se jogando na direção da garota, pegando-a no colo e levando-a para o seu quarto.
- Vão com calma, crianças! Observem o respeito aqui dentro desta casa – gritou Eve.
- Sim, mamãe! – caçoou Gary, antes de trancar a porta de seu quarto e arrancar gritinhos de Lourdes.
- Este apartamento está começando a ficar muito promíscuo para o meu gosto.
- Ah, Eve, deixa eles. Estão apaixonados – disse Dani, tentando apaziguar o ânimo da amiga.
- Mas, me conte mais, Dani. Como foi este almoço com o senhor Butler? O que ele exatamente falou?
- Ah, Eve, ele pediu-me para fazer um teste lá em Los Angeles, com o seu diretor. Estou indo para lá com ele no sábado à noite.
- Assim, tão fácil? Mas que maravilha! Conta mais, conta mais!
Dani passou a contar como acontecera tudo, nos mínimos detalhes.
-Você realmente não pode deixar esta chance escapar. Mas se cuide. Não deixa ele te enrolar e fazer tudo não passar de um programa.
Dani ficou pensando nesta última frase de Eve. Apesar de sentir que o convite dele era realmente por seu talento, tinha medo de não resistir se ele tentasse algum outro tipo de investida. Nenhum de seus amigos sabia desta sua paixão secreta por ele. Talvez fosse melhor não pensar mais nisso. O mais provável era que ele não tivesse qualquer outro interesse nela. “Imagina, se com todas aquelas mulheres lindas dando em cima dele, ele ia querer alguma coisa comigo...”, pensava, tentando resfriar o seu desejo real.

A semana transcorreu normalmente, menos para Dani, que não conseguia pensar em outra coisa que não fosse a sua viagem, que estava cada vez mais próxima. Cada vez que seu celular tocava, seu coração disparava só de pensar que poderia ser ele do outro lado do fone.
Finalmente na sexta-feira à tarde, ao atender ao telefone, reconheceu aquela voz que aquecia sua alma cada vez que a ouvia.
- Daniela?
- Sim?
- Sou eu, Gerry – falou como se fosse possível ela não saber quem era.
- Claro! Tudo bem?
- Eu é que pergunto. Pronta para a viagem?
- Sim. É só dizer a hora e o local que estarei lá.
- Não se preocupe. Vou mandar buscá-la amanhã às 17 horas. Nos encontramos no Aeroporto.
- Está bem...
- Qual o seu endereço?
Daniela não conseguia conter o tremor na voz ao dizer a rua e os números de seu apartamento.
- Já anotei... Então... Nos vemos amanhã.
- Está certo... – ela não conseguia pensar em nada para dizer-lhe. Parecia que tinha emburrecido. Sua mente estava paralisada...
- Até amanhã, então... Um abraço – e a ligação foi bruscamente cortada, antes que ela pudesse dizer “até amanhã”.
Sentia-se como uma completa abobada.
Foi difícil dormir naquela noite. Sua mala já estava pronta há dois dias, mas sempre achava que tinha esquecido de alguma coisa. Estava sozinha em casa, pois todos os outros locatários haviam arranjado algum programa para fazer. Eve começara a sair com Steve. Uma grata surpresa. Jamais se poderia supor esta relação, mas parecia que ela estava bem empolgada com o encontro com seu professor. Segundo ela, eles tinham “muitas coisas em comum”. Gary e Lourdes tinham planos de assistir a uma nova peça de teatro no centro e cair na balada logo depois.
No silêncio do apartamento, o que era uma coisa rara, ficou pensando nos últimos acontecimentos. Claro que imaginara inúmeras vezes encontrá-lo, atuar com ele... Mas nunca pensou que um dia isto pudesse tornar-se realidade.
Quando o sono finalmente tomava conta de seus pensamentos, foi assustada pelo barulho da porta da frente, abrindo-se com estardalhaço, seguido por risadas. Era Gary e Lourdes que voltavam para casa. O que teria havido com Eve? Pensou que ela voltaria antes do casal de namorados. Pelo jeito, o jantar com Steve tinha sido ampliado...
Depois de mais alguns risos abafados e gemidos, ouviu-se o bater da porta de um dos quartos e o silêncio voltou a reinar. Este silêncio era graças a um dos antigos moradores que, provavelmente cansado da falta de privacidade auditiva, forrou todas as paredes do apartamento com um tipo de protetor acústico. Assim, Dani pode voltar ao seu descanso, sem ser incomodada pelos sons de sexo selvagem que estava se realizando no quarto vizinho.
Quando Eve chegou já era dia. Foi direto para o seu quarto. Daniela já estava acordada, pois tivera um pesadelo, onde Gerry tinha aparecido brigando com ela, chamando-a de louca e dizendo que não teria mais teste algum, pois havia descoberto que ela era casada com seu grande inimigo. “Que sonho mais maluco, credo!”, pensou ao levantar-se e rumar à cozinha para beber um pouco de água. Foi quando passou pelo corredor em frente ao quarto de Eve e pensou ter ouvido um choro. Bateu de leve e não esperou resposta, adentrando para ver o que estava acontecendo. Encontrou a amiga atirada na cama, ainda de roupa, chorando baixinho.
- O que houve, Eve? Porque você está chorando?
- Não quero falar sobre isto – respondeu com a voz abafada pelos travesseiros onde a cabeça estava enterrada.
- Está bem. Não vou insistir. Vou estar lá na cozinha se precisar de mim – apesar da curiosidade e certa preocupação pela amiga, virou as costas e fechou a porta sem barulho.
Poucos minutos depois, ouviu o movimento do quarto para o banheiro e o som de água do chuveiro. Em mais alguns minutos, Eve surgiu na porta da cozinha, com a cara inchada, cabelos escorridos, vestida com seu roupão azul bebê.
- Venha, querida. Sente-se aqui no nosso salão de café e conte o que houve para a tia Dani.
Falando isso, conseguiu tirar um tênue sorriso da boca de Eve.
- Ai, Dani, nem brinca. Minha noite foi péssima.
- Não me diga que o Steve é, na verdade, um tarado sexual sado masoquista.
- Antes fosse...
- Como assim?
- Coitado do Steve. Ele é um doce de pessoa... Não! Ele não é gay! Se é isso que você está pensando – disse ela imediatamente ao ver a cara de espanto de Daniela pelo seu comentário – Ele é um gentleman.
- Mas, então o que aconteceu, santa criatura, que a deixou neste estado. Foi porque ele não tentou nada? – falou Daniela em tom irônico.
- Será que eu posso falar?
- Você está me assustando, Eve.. Está bem, desculpe. Conte, por favor.
Eve sentou-se na cadeira diante de Dani e começou seu relato.
- Ai, Dani. A noite estava sendo maravilhosa. Fomos jantar num pub novo, perto da Broadway, onde se tinha a apresentação de uma nova banda de jazz. Conversamos sobre tantas coisas, que perdemos a noção da hora. Ele é um encanto. Descobrimos tantas coisas em comum.
- Mas, então... O que deu errado?
- Saímos bem tarde de lá. Steve tinha resolvido deixar o carro num beco próximo ao restaurante, num lugar bem movimentado. Só que quando voltamos, o movimento era nenhum. Quando nos preparávamos para entrar no carro, surgiram dois sujeitos mal encarados e armados, dizendo que devíamos entregar tudo que tínhamos de valor e as chaves do carro. Foi horrível!
- Eve... Que horror!
- Pois é... Steve ficou indignado quando um deles arrancou meu colar de cristal e reagiu. Acabou por apanhar dos dois.
- Meu Deus! Mas e aí?
- Por sorte, eles ficaram assustados quando ouviram uma sirene e saíram correndo, levando minha bolsa, meu colar, a carteira e o relógio de Steve e as chaves do carro.
- Levaram o carro também?
- Não. Acho que se assustaram e esqueceram que estavam com as chaves.
- E a sirene? Era a polícia?
- Sim. Eles estavam fazendo a ronda, quando viram a movimentação no beco e resolveram verificar o que estava acontecendo.
- O Steve ficou muito ferido?
- Ele ficou um pouco dolorido e teve um corte no lábio e outro na sobrancelha esquerda.
- Pelo menos, não aconteceu nada mais grave. Eles podiam ter matado vocês... Que coisa horrível, Eve – Daniela não conseguia esconder o horror na sua expressão. Nunca tivera uma experiência como esta nem ninguém conhecido que sofrera algo semelhante. E olha que ela morava no Rio de Janeiro – Desculpe por ter brincado com você antes. Nunca imaginei que vocês pudessem ter sido assaltados. Sempre me senti tão segura aqui em Nova York.
- Eu também me sentia... Só sei, que acabei a minha noitada em uma delegacia, dando depoimentos até o dia amanhecer – logo depois de terminar a frase , o choro recomeçou.
- Calma, querida – Daniela tentava confortar Eve – Podia ter sido pior.
- Eu não tenho sorte com ninguém. Quando penso que achei alguém interessante, acontece uma tragédia destas. Ele nunca mais vai querer olhar para mim.
- Quem disse isso. Por acaso você está se culpando pelo que aconteceu?
- Estas coisas só acontecem comigo – continuava maldizendo-se em meio às lágrimas.
- Eve, acho que você está cansada. Precisa descansar. Depois de algumas horas de sono você vai ver tudo diferente. Vai ligar para o Steve e saber como ele está. Oferecer-se para cuidar dele...
O choro de Eve foi parando e ela olhou para Daniela, como se esta tivesse tido uma grande idéia.
- Talvez você tenha razão, Dani...
- Claro. Você pode converter esta “tragédia” em seu benefício. Aí, você cuida dele, conversam um pouco mais, aproveita para conhecer o apartamento dele... – disse, piscando o olho.
- Dani, sua safadinha. E você é que tem a fama de tímida - disse Eve já começando a abrir um sorriso – Você é ótima. Vou seguir os seus conselhos.
- Isso mesmo. Vá descansar e, perto do meio dia, ligue para ele, pergunte como ele está, ofereça-se para levar o almoço... Entendeu? – piscou o olho novamente.
Uma Eve mais parecida com a mulher confiante de sempre se levantou e dirigiu-se para o quarto.

Até o momento de sair para o Aeroporto, Eve ainda não tinha retornado do apartamento de Steve. Dani imaginou que tudo devia estar correndo bem, conforme seus planos. Nunca imaginara que Eve pudesse ser também insegura a respeito de suas relações. De repente, ela, a maior insegura de todas, dando conselhos para Eve, a senhora-razão. Torcia para que tudo desse certo entre ela e Steve.
Na hora combinada, um carro com motorista estacionou na porta de seu prédio. Ela já o esperava juntamente com as bagagens. Foi levada diretamente para o Aeroporto. Lá, o motorista entregou-lhe a passagem e ajudou-a a despachar as malas. Segundo ele eram ordens da secretária do senhor Butler. Ficou aguardando no saguão do aeroporto, até que foi iniciado o embarque. Estava começando a ficar preocupada, pois ainda não o tinha visto.
Resolveu esperar mais um pouco. Foi quando ele surgiu correndo, com um grande sorriso nos lábios, vestindo simplesmente um jeans e uma camiseta branca, pedindo desculpas pelo seu atraso.
- Obrigado por me esperar. Vamos logo, senão perderemos nosso vôo – disse lançando seu braço sobre seus ombros e forçando-a a caminhar rapidamente na direção do corredor de embarque, para o avião.
Foram levados para sentar na primeira classe.
- Animada?
- Muito.
- O seu teste já está marcado para a segunda feira.
- Puxa, senhor Butler, nem sei o que dizer. Isto tudo está parecendo um sonho.
- Senhor Butler?? Pensei que já tínhamos pulado esta fase.
- Desculpe... Gerard.
- Gostei do modo como meu nome soou na sua voz e de sua pronúncia... – disse, olhando-a de um jeito bastante sedutor – Pode me chamar assim ou de Gerry. Como você preferir.
Sentaram-se, numa das vinte poltronas que havia na ampla 1ª classe da American Airlines, lado a lado. Poucas pessoas estavam viajando naquela ala do avião, naquele dia. Apenas mais seis poltronas foram ocupadas.
Logo, a aeromoça veio recebê-los e orientá-los sobre como era o funcionamento das poltronas e do serviço de bordo no local. Gerry apenas sorria para a bela moça uniformizada, que não cansava de enviar olhares mais que profissionais para ele, deixando Daniela perturbada com o assédio visível da funcionária da AA. “Que cara de pau!”, pensou ela.
- Você está bem? – perguntou ele, em vista dos inúmeros suspiros inconscientes que Daniela já exalara desde que se acomodara em seu assento.
- Sim... Por quê? – respondeu e retorquiu curiosa com a pergunta.
- Nunca tinha visto ninguém tão suspirosa antes de uma decolagem. Tem certeza que não tem medo de voar?
- Claro que não tenho medo de avião, se é isso que você quis dizer – disse, sentindo-se corar ao perceber que estava deixando transparecer a sua agitação – Talvez eu esteja um pouco ansiosa com o teste de segunda feira – tentou disfarçar.
- Eu sei como é isso. Já passei por isso várias vezes e devo dizer, que ainda sinto, às vésperas de algum teste para um filme que quero muito fazer – tentou acalmá-la, colocando a sua mão quente e pesada sobre a mão fria e tensa de Daniela, que segurava o braço da cadeira como se pudesse cair dali a qualquer momento. Isto a fez estremecer e arrepiar-se.
Se ele notou mais estes sintomas de “aflição”, resolveu não comentar mais. Apenas dirigiu-se à comissária flertadora e solicitou um cobertor extra, que entregou à Dani assim que o recebeu. Ela estava nervosa demais para comentar o oferecimento.
O vôo deveria durar em torno de seis horas. Logo estavam nas alturas. No caso de Dani, este fato era muito mais do que físico.
- Você gosta de ler durante o vôo?
- Gosto. É bom para passar o tempo.
- Então, tente ler isto aqui – disse, enquanto lhe entregava uma espécie de polígrafo.
- O que é? – perguntou curiosa.
- É o roteiro do filme para o qual você vai fazer o teste. As partes grifadas em vermelho são as suas falas. São poucas, mas, dependendo de como forem ditas, podem ter um grande impacto no espectador.
Dani recebeu o texto com grande interesse e imediatamente começou a devorar as palavras impressas. Nem chegou a perceber o sorriso de prazer que Gerry esboçou ao vê-la tão interessada no script.
Após o jantar, ela voltou a sua leitura, mas não demorou muito, o sono acabou por vencê-la. Não dormira muito na noite anterior e só se mantinha acordada pela excitação do momento.

Ao acordar, notou que estava completamente deitada e coberta por sua manta. O texto que estava lendo estava no escaninho diante de sua poltrona. Olhou para o lado e viu Gerry dormindo tranqüilamente, com o rosto virado em sua direção. Ela sentiu um tremor percorrer-lhe o corpo ao pensar que estava acordando ao lado de seu amor. Fechou os olhos novamente e sentiu um sorriso aflorando-lhe os lábios. Quando saiu de seu devaneio e abriu os olhos, chocou-se com o olhar esverdeado de Gerry, que a fitava imóvel.
- Bom dia... – sua voz, mais rouca que nunca, a envolveu em agradável calor.
- Bom dia...
Quando conseguiu desviar daquele olhar, pigarreou e disse subitamente:
- Vou aproveitar o pouco movimento e me lavar.
Dizendo isso, levantou-se da poltrona e dirigiu-se rapidamente para o toalete da cabine.
Ao sair, quase esbarrou em Gerry que esperava sua vez de pé, em frente à porta.
Tocaram-se de leve por alguns segundos, devido ao pouco espaço de circulação, antes dele fechar a porta atrás de si.
Cerca de 30 minutos mais tarde, estavam pousando na cidade de Los Angeles.
Já eram aguardados por um motorista que os ajudou com as malas e os levou até a frente de um simpático hotel em West Hollywood, o The London.
Gerry desceu do carro e fez questão de ajudá-la com a pouca bagagem. Certificou-se da reserva e só despediu-se dela depois de vê-la entrando no elevador rumo ao seu apartamento. Ele ficou de telefonar para combinarem um encontro.
Sozinha em sua suíte, que era deslumbrante, jogou-se sobre a enorme cama de casal, rindo como uma criança. Estava muito feliz. O ambiente era todo em tons de marrom, verde escuro e bege. Tinha uma pequena sala em frente a cama, composta por um sofá em L e uma mesa para o café, diante de uma janela que abria para uma linda vista da cidade e suas montanhas nos arredores. A televisão de plasma ficava sobre a escrivaninha localizada na parede lateral, à direita da cama. Tudo era novidade para ela.
Depois de arrumar suas roupas no guarda roupa do quarto, decidiu tomar um banho para animar-se. Talvez dar uma volta para refrescar as idéias e parar de pensar bobagens a respeito de Gerard.
Ao sair do banho, vestiu o roupão aveludado fornecido pelo hotel e atirou-se novamente na cama. Logo estava dormindo. O sono que tivera durante a viagem não fora muito tranquilo. Sentiu as pálpebras pesarem e adormeceu. Seu último pensamento fora para uma única pessoa...
O som estridente da campainha do telefone em sua mesa de cabeceira assustou-a.
- Alô? – a voz saiu rouca e falhando.
- Ainda dormindo? – a voz alegre do outro lado da linha a despertou imediatamente.
- Gerard?
- Esperava por outra pessoa? – respondeu, não tão alegremente.
- Não... Quem? Ai, deixa prá lá... Que horas são?
- São 19 horas, sua dorminhoca.
- 19 horas?? Tudo isso?
- Olha, eu estou ligando para te convidar para sair para jantar, junto com alguns amigos. Não precisa aceitar, se não quiser.
- Claro que eu aceito. Só preciso de um tempo para me arrumar.
- Não se preocupe. Vou te dar... uma hora e meia. Está bom assim ou precisa de mais tempo?
- Não, está ótimo... Onde os encontro?
- Eu busco você aí no hotel. Me espere no saguão às 20:30h.
- Estarei esperando, sim.
- Até mais, então – e desligou.



Continua...

quarta-feira, 23 de setembro de 2009

Voltei!

Olá a todos!!! Depois de alguns dias afastadas do meu cantinho cor-de-rosa, voltei para dar uma animada e sacudir a imaginação das minhas leitoras e amigas. Primeiro gostaria de dizer que o meu afastamento nestes dias foi, como vocês devem saber , por um motivo importante. Fui participar do 1º Encontro Nacional do Fã-Clube de Gerard Butler. Devo dizer que foi uma das maiores emoções da minha vida. Foi indescritível a alegria que senti ao abraçar minhas amigas, até então virtuais.Poder estar tão próxima, conversar pessoalmente, sentir o carinho, a vibração, o calor, enfim, toda a energia positiva destas pessoas maravilhosas. Para quem quiser ter uma idéia de como foi este encontro inesquecível e ver a nossa alegria,pode visitar os blogs das especialistas neste assunto:
http://gbutlersandicesdaly.blogspot.com (Ly)
http://gbtbs.blogspot.com (Tânia)
http://gbirresistivel.blogspot.com (Rose)

Bem, deixando a saudade (ai...e que saudade...)de lado, vou começar a postar uma estória que escrevi no ano passado e que muitas das minhas amigas já devem ter lido. Como já perceberam, aos poucos estou reunindo meus contos (meus filhos) aqui no blog. Dessa forma, para quem já leu, pode reler se tiver gostado ou recomendar para outras pessoas. Para quem não leu, fique à vontade e divirta-se.
Beijos a todos!!



O AMOR EM CENA



Actor’s Studios de Nova York. Sonho de todo aspirante a ator. Ainda não conseguia acreditar que aquilo estava lhe acontecendo de verdade. Depois de tantos estágios em escolas dramáticas do Rio e São Paulo, realizados após o término de seu curso de Arte Dramática, conseguira aquela bolsa de estudos para aperfeiçoamento de sua arte. Enviara seu currículo e alguns vídeos de seus trabalhos mais recentes e, surpreendentemente recebera a notícia de que fora aprovada para uma das duas bolsas para alunos estrangeiros. O curso era muito conhecido e recomendado para quem almejava uma carreira vitoriosa no teatro ou no cinema. Grandes atores tinham passado por seu tablado, como Al Pacino, Ellen Burstyn, Dustin Hoffmann, Sidney Poitier, entre outros. Agora era a sua vez.
Daniela conseguira alugar um espaço num dos apartamentos, próximos à escola, próprios para estudantes. Apesar de pequeno, tinha quatro minúsculos quartos, resultado de uma divisão dos dois dormitórios originais. Era próximo à escola e ela dividiria com mais três colegas, que só conhecera após a sua chegada, dois dias antes. Gary Falk era um belo rapaz, com idade próxima aos 26 anos, alto, louro, lindos olhos azuis turquesa, vindo do interior do Texas. O seu jeito lembrava muito o de Brad Pitt no início de sua carreira, no filme “Thelma e Louise”, numa versão menos cafajeste, felizmente. Mas o seu modo de caminhar e o sotaque eram muito parecidos. Era uma pessoa agradável, simpática e simples. No início, Daniela ficara um pouco relutante ao saber que teria que dividir o mesmo espaço com um homem, mas depois de conhecê-lo, achou que não teria problemas. Afinal, seu coração já tinha dono, apesar dele não saber disso.
Eve Greenmore era inglesa, mas morava há muitos anos nos Estados Unidos. Viera ainda pequena para Washington com os pais, que eram diplomatas. Sempre sonhou em ser atriz e, finalmente conseguira uma vaga no Actor’s, como aluna pagante. Ela também já terminara um curso de artes dramáticas e tinha alguma experiência em teatro. Ela não era propriamente bonita, mas era muito elegante e sensual. Suas pernas eram de dar inveja. A terceira colega era a mais jovem dos quatro. Chamava-se Lourdes Garcia e era porto-riquenha, naturalizada nos EUA, pois o pai era americano. Seu sonho era ser uma nova Jenifer Lopez. Apesar de ter 22 anos, frequentava, desde os 13 anos, cursos de teatro infantil e escolas de canto e teatro. Seu teste tinha sido tão bom que ganhara uma bolsa da escola. Segundo ela, quando adolescente, sempre fora muito magricela. Assim que foi possível, fez todas as dietas e preenchimentos cirúrgicos possíveis para poder chegar próxima à imagem cheia de curvas de J.LO com que tanto sonhava. Era surpreendente que algum cirurgião pudesse ter tido a coragem de fazer este tipo de procedimento em alguém tão jovem como Lourdes. Apesar de tudo, ela também era muito comunicativa e de uma energia contagiante. Entre todos, Daniela era a mais tímida do quarteto. Com seus 28 anos – ela se achava um pouco velha para ainda estar na escola -, ela não nascera querendo ser atriz como os outros. Esta paixão florescera juntamente com uma outra. Há alguns anos começara a acompanhar a carreira de um ator. Ao conhecer sua história de vida e o amor pela profissão percebeu que este também era o seu desejo. Ansiava pelo dia em que poderia conhecê-lo pessoalmente. Tentava não pensar muito nisso para não se decepcionar. Sabia que isto era quase impossível, visto a trajetória de sucesso crescente dele, tornando o seu acesso cada vez mais difícil. O que importava era que descobrira a vocação de sua vida, de forma inesperada, mas a tempo de torná-la possível. Sua família tinha sido contra desde o início. Achavam que Dani, como a chamavam desde pequena, tinha enlouquecido, largando um importante curso de Medicina para dedicar-se a uma carreira, no mínimo, incerta e, no máximo, sem futuro, como eles mesmos classificaram. A única pessoa que ficara ao seu lado, dando cobertura ao seu sonho, foi sua avó. Descobriu que este também tinha sido um sonho dela quando jovem. Mostrou seu álbum guardado por muitos anos, escondido em um velho baú, recheado com fotos antigas de lindas atrizes e famosos atores da década de 50-60. Dani se deu conta de que não se deixaria subjugar pela mediocridade e pelo medo em arriscar. Ia lutar por seus sonhos. Não os guardaria dentro de um baú sob sua cama. Tudo levava a crer que este seu investimento começava a render lucros. Claro que fora a avó a sua grande financiadora, pagando seus cursos e viagens, já que seus pais negaram-se a ajudá-la naquela aparente loucura. Ainda tinham esperança que ela voltasse atrás e readquirisse a razão perdida.
As aulas começariam no dia seguinte. Era final de inverno em Nova York. Já havia se inscrito em um curso de inglês para perder seu sotaque. Não pretendia voltar ao Brasil tão cedo.
Os quatro locatários acordaram cedo naquela segunda feira, tomaram seu café e saíram para o início das atividades, cada qual com seus sonhos e expectativas. Logo ao chegarem, foram recepcionados por estudantes mais antigos. Felizmente não houve trote em nenhum momento. Apenas deram as informações necessárias para que eles se localizassem dentro da escola, fornecendo boletins informativos sobre as aulas, atividades extracurriculares e espetáculos que seriam apresentados, naquela temporada, na cidade.
A escola estava localizada no centro de Manhattan, num lindo prédio antigo, provavelmente da década de 40, reformado, com a fachada toda em tijolinhos vermelhos, tendo prédios de três andares que cercavam a entrada principal, onde ficava uma escadaria que levava ao interior da escola. Ela tinha sido fundada em 1947, por Elia Kazan. No térreo tinha dois pequenos teatros para uso dos professores, alunos e, eventualmente, para apresentação de peças ao grande público. Logo no saguão principal, as paredes eram cobertas pelas fotos de antigos fundadores e diretores, bem como de alunos ilustres que por ali haviam passado.
Foram encaminhados para um dos auditórios, onde o mestre de cerimônias não eram ninguém mais do que Martin Scorcese, que fez um primoroso discurso, que deixou a todos profundamente emocionados.
O ano começara. Além das aulas teóricas, muitas práticas. Nestas, podia-se perceber a presença de olheiros que buscavam novos talentos. Lourdes queixava-se que estes estavam demorando muito a procurá-la. Os amigos a consolavam dizendo que ela estava no início do seu curso, mas que certamente teria a sua chance de ser descoberta quando chegasse a hora certa.
Logo no saguão principal, as paredes eram cobertas pelas fotos de antigos fundadores e diretores, bem como de alunos ilustres que por ali haviam passado.
Foram encaminhados para um dos auditórios, onde o mestre de cerimônias não eram ninguém mais do que Martin Scorcese, que fez um primoroso discurso, que deixou a todos profundamente emocionados.

Aquele primeiro semestre passou rapidamente. Logo chegou a semana de férias de verão. Dani optou por ficar na Big Aple. Com frequência ligava para sua avó para dar notícias de como estava se saindo. Seus três companheiros resolveram ir matar as saudades dos familiares, deixando-a sozinha no apartamento. Até ali eles estavam se dando muito bem. Conseguiram organizar-se de tal maneira que estavam mantendo o apartamento limpo e a divisão de tarefas funcionando perfeitamente, surpreendentemente. Eve era a mentora nestas questões. Ela organizara uma espécie de tabela, de acordo com as habilidades de cada um, com horários e funções definidas.
Dani aproveitou para conhecer um pouco mais de Nova York naquela semana. Certo final de manhã, já no seu penúltimo dia de férias, teve uma atordoante visão. Estava passeando por um dos nobres bairros residenciais, distraída, quando quase perde o fôlego ao ver alguém muito conhecido seu, andando de bicicleta, displicentemente, como um qualquer. Era ele! No mesmo instante, Dani ficou paralisada onde estava, a olhá-lo, sem nem ao menos notar que havia parado no meio da rua. Seus olhares se cruzaram no momento em que ela ouviu o som de uma freada brusca muito próximo a ela. O sinal abrira e por pouco não era atropelada por um motorista mais apressado. Ela, porém, só conseguia ver os movimentos dele, largando a bicicleta e avançando rapidamente em sua direção. O motorista do carro colocou a cabeça para fora da janela e começou a disparar os piores desaforos, mas calou-se ao receber o olhar zangado do homem alto e forte, vestido com uma bermuda de algodão bege e uma camisa azul clara, que correra para auxiliar a jovem à sua frente. Ela mais parecia uma viciada em vias de entrar em coma pois não conseguia mover-se do lugar em que estava.
- Ei, você está se sentindo bem? – perguntou ele, já a segurando pelo braço e forçando-a a sair do meio da rua, levando-a em direção a calçada – Está me ouvindo?
Claro que ela podia ouvi-lo, mas estava em tal estado de choque, pelo encontro imprevisto, que não conseguia falar.
Demorou alguns segundos para recuperar a voz e responder ao seu interlocutor, que a olhava intensamente, com olhos verdes preocupados.
- Eu estou bem... Não se preocupe. Foi apenas uma tontura passageira. Acho que foi o calor. Estou andando a manhã toda e não tomei nem um gole d’água todo este tempo. Está muito calor aqui... – ela tinha medo de encará-lo e deixá-lo perceber que ele a deixava perturbada e que este fora o verdadeiro motivo de sua “ausência” súbita.
- Venha comigo. Tem um mercado logo ali. Vou comprar uma água para você hidratar-se um pouco.
Ele a levou delicadamente até a porta do dito mercado, depois de pegar sua bicicleta que ainda o aguardava caída ao chão. Deixou ambas, Dani e bicicleta, paradas do lado de fora.
- Espere por mim bem aqui. Se você não melhorar, a levo a um hospital.
Ela não conseguia acreditar no que estava acontecendo. Sonhara tanto em conhecê-lo. Imaginara as mais diversas maneiras, todas cercadas por muito romantismo. Agora acabara de acontecer da maneira mais infame possível. Ele certamente estava pensando que ela era uma pobre perturbada mental, sem eira nem beira, perdida por aí. Estava morrendo de vergonha.
Antes que ela pudesse responder que não precisava de ajuda, ele desapareceu no interior do mini-mercado.
Possuída por uma tremenda crise de acanhamento inexplicável, saiu correndo dali. Só conseguiu parar de correr cerca de quatro quadras depois, quando sentiu que ele não a estava seguindo. Censurou-se a si mesma, chamando-se de idiota e outros xingamentos mais severos por estar agindo daquela maneira. Porque ela simplesmente não tinha agradecido e se apresentado a ele? Seria tão mais fácil. Não entendia este seu tipo de bloqueio. No palco não apresentava nem sinal de timidez para atuar. No entanto, na sua vida pessoal, isto era uma trava constante. Não era à toa que tinha tanta dificuldade para iniciar relacionamentos.

Gerard saiu do mercado, alguns poucos minutos depois, segurando uma garrafa de água e uma lata de Coca, e surpreendeu-se ao ver que apenas sua bike estava lhe aguardando. Ficou intrigado com esta fuga inesperada. Era uma jovem bem interessante, mas talvez fosse um pouco “confusa”. Será que ela ficara com medo dele? Por que teria fugido daquela maneira? Talvez a palavra hospital a tenha amedrontado... Resolveu não pensar mais naquilo. Tomou seu refrigerante, descansando sobre sua bicicleta, encostada em um muro. Depois seguiu para seu apartamento, que ficava ali perto, pois teria um compromisso logo mais, à tarde.

Reiniciaram-se as aulas e, já na primeira semana, sua turma foi avisada de que teriam aulas práticas com a presença de atores famosos, convidados para contar suas histórias pessoais e dar algumas dicas sobre a profissão. A primeira atitude de Dani foi correr os olhos através da lista de nomes que haviam sido convocados para as audições, na esperança de encontrar o nome de seu “amigo”. Infelizmente ele não estava lá. Talvez fosse melhor assim, depois do fiasco do seu primeiro encontro.
Colin Farrel havia sido convidado para a audição daquela quarta-feira. Havia uma excitação entre as mulheres da escola.
- E então, Dani. Será que ele é tão bonito como parece nas fotos?
- Olha, Eve...Sinceramente, ele não faz meu tipo. Portanto não estou muito preocupada com estes detalhes. Admiro muito o trabalho dele, mas confesso que achei um horror a sua performance em “Alexandre”. Ele deveria escolher melhor os seus papéis.
- É, neste ponto você tem razão, mas que ele é um gato, isso não tem como negar.
Eve resolveu não comentar mais nada depois de receber o olhar de tédio de Dani.
Saíram cedo de casa, antes de Lourdes e Gary. Elas desconfiavam que os dois estavam começando a ter um affair e que haviam dormido juntos naquela noite. Não quiseram ser intrometidas, chamando-os para ir à escola muito antes do horário.
Ao chegarem lá, Dani foi pegar uma garrafa de água, pois não tomara café da manhã e estava com muita sede. O calor prometia ser intenso aquele dia. Sabia que o ar do teatro, onde seria a audição, estava quebrado. Assim, resolveu prevenir-se quanto à sede. Quando entrou no auditório, a maioria dos seus colegas já estavam presentes e o convidado já se encontrava sentado junto ao seu professor, conversando animadamente.
Estremeceu ao perceber que o convidado não era Colin Farrel, como programado, mas sim o mesmo homem que deixara sua bicicleta de lado para ajudá-la antes do final de suas férias. Gerard Butler. Pensou em voltar atrás e sair pela mesma porta por onde entrara. Porém, a voz de seu professor soou alto, fazendo-a voltar a realidade.
- Senhorita Daniela, que ótimo que chegou. Gostaria que sentasse nesta primeira fileira de cadeiras, onde eu possa vê-la.
Dani estranhou aquela ordem. Steve costumava tratá-la muito bem e sabia que ele a admirava pelo seu desempenho nas aulas práticas. Não entendia o porquê de querer vê-la tão próxima ao palco. Acabou por ser obrigada a obedecê-lo para não chamar tanto a atenção. Rezava para que Gerard não a reconhecesse. Este receio concretizou-se no momento em que viu um leve sorriso brotando de seus lábios, enquanto ele a analisava por inteiro. Sentiu um calor subindo até seu rosto. Devia estar parecendo ridiculamente tímida. E estava mesmo, o que era pior. Continuou descendo pela lateral das cadeiras, até chegar a primeira fileira e sentar-se na ponta próxima à parede do teatro, que era o lugar mais longe de seu curioso observador.
Steve começou a fazer uma espécie de entrevista com Gerard, que a tudo respondia simpaticamente. Dani parecia conhecer cada uma das respostas, tanto ela havia devorado todas as informações sobre aquele homem. Conhecia detalhes da vida dele, que muitos nunca tinham ouvido falar. O susto começou a ser substituído pela admiração. Ele correspondia a todas suas expectativas. De vez em quando ele lhe lançava um olhar de esguelha, o que a deixava encabulada.
As perguntas da platéia começaram a ser lançadas. A curiosidade era grande sobre como ele vinha conseguindo um sucesso cada vez maior e de como encarava este crescente reconhecimento. O clima entre os presentes era de descontração. Gerard tinha esta capacidade de tornar tudo mais agradável... Muito mais.
Quando as perguntas acabaram, Steve perguntou se ele poderia assistir a uma pequena apresentação e dar sua opinião sobre os atores participantes.
- Claro! Vai ser um prazer.
- Dani e Roger. Por favor! Venham até aqui e representem aquela cena de “A Megera Domada” que vocês apresentaram no final do último semestre. Ainda lembram, não? Podem improvisar. Ficará ainda melhor.
Quando ele fez este pedido, tanto Dani quanto Roger olharam-se atônitos, imaginando como fariam.
- Venham! Tenho certeza de que se sairão muito bem – animou-os Steve, fazendo gestos para que eles subissem ao palco – Vamos descer, Gerry? Eles vão precisar de espaço.
Dani notou o sorriso e o olhar de Gerard. Ela temia que sua timidez diante dele prejudicasse sua apresentação. O pedido de Steve era uma surpresa. Por que ele estava fazendo aquilo? Ainda estava ruborizada ao subir no palco e cruzar com Steve e seu convidado especial. Tinha que tentar esquecer a sua presença e concentrar-se nas falas de seu colega. Roger era um homem robusto, mas elegante, de traços másculos e um lindo sorriso, além de bom ator. Tinha muitas “admiradoras” e era muito apropriado para o papel de Petrucchio. Representariam o final da cena 1 do segundo ato, onde Catarina e Petrucchio trocavam farpas ao se conhecerem. Ambos agradeceram intimamente por terem ensaiado tantas vezes aquela apresentação, o que lhes valeu uma nota alta no final do semestre, que não teriam dificuldade em lembrar todas as falas e marcações.
A apresentação teve início alguns minutos depois de Dani e Roger trocarem alguns detalhes entre si. Era uma cena bastante engraçada e instigante, que arrancou aplausos de todos quando chegou ao fim. Gerard parecia entusiasmado, pois aplaudiu calorosamente.
- E, então, Gerry? O que achou de nossos alunos? – perguntou Steve, todo orgulhoso.
- Acho que virei tomar umas aulas aqui com vocês... – disse com olhar maroto – Vocês estavam excelentes. Parabéns! – desta vez seu olhar passou por Roger e fixou-se em Dani.
Ela, por sua vez, suspirava aliviada por ter conseguido, mais uma vez, desempenhado bem o seu papel, sem deixar que a presença de Gerard a intimidasse.
Feitos mais alguns comentários e elogios à dupla, Steve encerrou a manhã, agradecendo a Gerard por sua vinda de última hora, no lugar de Collin, e que, certamente, aquele seria o primeiro de vários outros convites para retornar àquela escola.
Quando Dani se preparava para sair junto com seus colegas, Steve a chamou mais uma vez.
- Daniela! Por favor, aguarde um pouco. Queremos lhe falar em particular – ordenou, em voz baixa. Ela voltou a sentar-se, enquanto aguardavam que a platéia se esvaziasse. Ficou apreensiva, curiosa por saber qual o assunto e a utilização do plural na última frase de Steve. Observou-os descendo a pequena escada que descia ao palco, evitando o olhar de Gerard, que podia sentir queimando-lhe a pele e atiçando todos os seus sentidos.
- Dani, o Gerry está procurando novos talentos para colocar no novo filme que a sua produtora vai realizar em breve. Por isso pedi que você fizesse esta apresentação, pois a considero uma de minhas melhores alunas.
- Muito obrigada, Steve. Não sei se mereço tanto – respondeu Daniela, sentindo o calor subir ao rosto – E acredito que tenho colegas mais talentosos que eu para participar deste projeto do sr. Butler.
- Aproveitei minha vinda até aqui exatamente para isso. E creio que Steve está mais do que capacitado para escolher a pessoa mais talentosa para encarnar a personagem de nosso filme – interferiu imediatamente Gerry – Agora, eu gostaria de conversar um pouco com a senhorita, para que pudéssemos nos conhecer melhor.
- Daniela, acho que esta é uma oportunidade de iniciar uma carreira, aqui no nosso país, que você não pode desperdiçar – aconselhou Steve – Vou deixá-los para que possam se entender.
Assim que seu orientador saiu, ouviu a voz rouca de Gerry dizendo-lhe:
- Você já tem compromisso para a hora do almoço ou vai sair correndo de novo?
- Então é isso? Você só quer indagar a respeito do meu comportamento naquele dia? – falou indignada, com a voz tremula.
- Não! É claro que não. Tudo que Steve falou é correto. Eu não sabia que ia reencontrá-la hoje.
- Desculpe... Claro que não sabia... Me perdoe. É que você me deixa nervosa – falou e ao mesmo tempo arrependeu-se por ter dado esta deixa para ele.
- Eu a deixo nervosa? Por quê? – ele parecia surpreso com sua afirmação.
Como ele notasse que ela estava em vias de paralisar novamente, reagiu dizendo:
- Olhe, que tal se a gente fosse almoçar e conversasse um pouco? – perguntou em tom simpático, mostrando aquele sorriso que sempre a deixava inebriada ao ver as fotos dele.
Convencida pelo olhar terno e pela visão daquela boca sorridente, dirigindo-se a ela, resolveu aceitar o convite. “Eu serei uma completa idiota se não aceitar um pedido destes”, pensou, sentindo que os movimentos voltavam ao seu corpo.
- Está bem. Talvez a gente precise conversar mesmo. Você deve estar achando que sou louca ou débil mental.
- Não, eu não estou pensando nada disso... – disse ele, olhando-a docemente.
Imediatamente, ofereceu-lhe o braço, o qual ela aceitou com um sorriso tímido. Saíram do prédio sob os olhares de alguns alunos curiosos.
- Você tem alguma preferência? – perguntou Gerry.
- Preferência? – questionou-o sem saber ao certo a que ele se referia.
- Quanto ao almoço...Você gosta de comida natural?
- Ah! Claro! Adoro. Conheço um restaurante bem simpático aqui perto. Isto é, se você não se importar com um ambiente simples.
- Você me julga como algum esnobe? Já passei muito trabalho para chegar onde cheguei e não deixo de lembrar disso a cada minuto. É o que me impulsiona para meus objetivos.
- Desculpe... Não quis ofendê-lo...
- Vamos lá! Estou morrendo de fome – cortou-a em suas explicações, fazendo uma cara de esfomeado que conseguiu arrancar uma risada dela.
Enquanto aguardavam seus pedidos, já sentados numa das mesas colocadas na rua, sob um agradável guarda-sol verde limão, Gerry retomou a conversa.
- Bem, vamos aos negócios... Como o Steve falou, estou procurando novos talentos para colocar nos filmes de nossa produtora, em papéis menores, é claro, mas que dêem chance a estes novos atores de mostrarem sua capacidade de atuar. Sei como isto é importante no início da carreira. Gostei muito quando surgiu o convite para participar do debate de hoje. Confesso que a idéia de assistir a uma pequena encenação, com alunos escolhidos por Steve, foi minha. Ele prontamente aceitou meu pedido, como uma forma de desculpar-se por ter feito este convite de última hora para tapar o furo do Collin. Mas acredito que também tenha gostado de poder dar uma chance a você e ao Roger. Acho que ele também terá uma oportunidade de atuar em nossos filmes.
- E porque você só está falando comigo? Ele poderia ter vindo almoçar conosco – falou, desconfiada.
- É porque estou tentando conquistá-la... - falou com voz melosa e sensual. Ficou fitando-a por um longo tempo, vendo a face de Dani corar-se de todos os tons de vermelho, até que explodiu numa gargalhada, para espanto dela – Daniela, acho que não tem sentido conversar com vocês dois juntos. Já pedi para o Steve marcar um encontro meu com Roger. Além disso, queria entender o nosso encontro do outro dia.
- Por um momento, pensei que...
- Não se preocupe. Não me passou pela cabeça esta possibilidade – disse ele mentirosamente.
“Que pena...”, pensou Dani.
- Ainda bem...Fico mais tranqüila – disfarçou.
- Então, continuando nossa conversa profissional, quero saber quando você pode ir a Los Angeles fazer os teste de câmera e atuação para o nosso diretor?
- Já ?
- Claro! Você pensou que eu estava brincando? Isto é sério. Não temos muito tempo. O filme para o qual estou te convidando deve começar a ser filmado em dois ou três meses. Tivemos uns problemas com troca de diretor e alguns atores principais, mas agora já está tudo resolvido.
- Acho que posso pedir um afastamento temporário do curso para poder fazer os testes. Para quando seria?
- Estava pensando em levá-la para Los Angeles neste final de semana. O que acha?
Daniela sentiu o chão faltar sob seus pés, mas tentou disfarçar da melhor maneira possível.
- Neste fim de semana? Com você?
- Sim. Porque não? Você não teria despesa alguma. Nem de transporte nem de hospedagem.
Ela ficou pensativa por alguns instantes, até que conseguiu articular-se.
- Se é assim, eu aceito. Não tenho muito que pensar, não? Se eu recusar, é capaz de Steve me tirar do curso e me internar numa clínica psiquiátrica – disse sorrindo, sem conseguir encará-lo nos olhos.
- Ótimo! Agora você vai me contar o que aconteceu naquele nosso primeiro encontro – falou ele mais seriamente, fitando-a intensamente com olhos interessados, que pareciam ainda mais verdes sob o reflexo do guarda-sol.
- Não houve nada, como eu disse antes. Eu me senti mal, pois não tinha tomado café naquela manhã e nem tomado líquido algum. Me senti tonta e acabei parando no meio da rua. Foi quando você apareceu.
- E por que a fuga depois?
- Acho que fiquei envergonhada. Eu o reconheci e...Bateu uma crise de timidez . Logo depois me arrependi, mas já era tarde demais para voltar atrás.
Ele pareceu conformado com sua resposta, pois deu um meio sorriso e chamou o atendente do restaurante para pedir mais uma Coca.
- E agora? Já perdeu a vergonha ou o medo? – falou arqueando a sobrancelha esquerda e dando uma leve entortadinha no canto esquerdo do lábio, o que o deixou muito sexy.
- Quase... - respondeu, conseguindo olhá-lo nos olhos, sem corar, sorrindo timidamente.
Neste momento, uma voz masculina gritou seu nome:
- Dani!
Gerry e ela viraram-se para ver quem era, apesar de Dani já ter reconhecido aquele sotaque texano.
Gary praticamente jogou-se sobre ela, dando-lhe um beijo na boca completamente inesperado, que deixou-a sem reação.
- Que bom que te encontrei! Precisamos conversar. Ah, desculpe! Não queria atrapalhar a sua conversa. É o senhor Butler, não?
- Sim. E você, quem é?
- Eu moro com a Dani. Foi um prazer conhecê-lo. Querida, a gente se encontra à noite em casa para conversar.
Dando-lhe outro beijo, agora no rosto, saiu tão rápido como havia chegado.
Gerry a olhou como se esperasse uma explicação da parte dela.
- É seu namorado?
- Não... Nós moramos no mesmo apartamento...Não sei o que deu nele... - disse ainda atordoada, olhando, a procura de algum rastro de Gary. Ela não tinha entendido nada. Sabia que ele era carinhoso com suas companheiras de apartamento, mas nunca fora tão “intenso”.
- Ah! Vocês moram juntos... Que legal... – disse Gerry, parecendo um pouco desanimado.
Dani só pensava em esganar Gary quando chegasse em casa, mas por outro lado gostou do olhar surpreso de Gerard após o beijo inusitado. Resolveu não dar mais explicações e também não foi mais questionada por conta deste fato.
Conversaram sobre mais alguns temas superficiais enquanto terminavam o almoço,
- Me deixe o seu telefone para que eu possa entrar em contato sobre a nossa viagem. Devemos partir no sábado à noite. Tudo bem?
- Tudo bem – ela queria beliscar-se enquanto ele falava.
- Vou lhe deixar o número de meu celular para o caso de você ter algum imprevisto.
Após a troca de telefones, Gerry olhou para seu relógio e fez cara de quem tinha um compromisso logo mais.
- Bem preciso ir. Quer que eu a acompanhe até o “Actor’s”?
- Não, claro que não... Imagina. Fico esperando o seu telefonema.
Despediram-se com um abraço e um beijinho no rosto diante do restaurante.


Até amanhã!